AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO EXTRATO DA CASCA DE VERÔNICA (Dalbergia monetária L.) COMERCIALIZADA EM FEIRAS POPULARES DE BELÉM-PA.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Cardoso Pinho, A. (UFRA) ; Souza Santa Rosa, R.M. (UFRA) ; Pantoja Caxias da Silva, B.P. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA)

Resumo

A espécie vegetal Dalbergia monetaria L., conhecida como Verônica é bastante utilizada popularmente. A verônica vermelha é preferida para uso medicinal. Foram adquiridas em feiras populares de Belém (PA) 20 amostras de casca de verônica vermelha para obtenção do extrato (a partir do pó e da casca) em água. Nas amostras de extrato foram determinados: pH, CE, teor de extrativos em águae acidez total. Os dados foram submetidos ao teste de Tukey(p < 0,05) e à análise de componentes principais. Com exceção da acidez, os teores de extrativos, pH e CE apresentaram diferença significativa (p < 0,05) para EPV e ECV. Os dados caracterizaram a forma de obtenção do extrato. O gráfico das componentes principais indicou a separação do extrato obtido da casca não pulverizada e da casca pulverizada.

Palavras chaves

Parâmetros físico-químico; verônica; extrato

Introdução

Na região amazônica, muitas espécies são popularmente conhecidas e utilizadas como fitoterápicos na prevenção e tratamento de doenças. Isto se deve a busca de alternativas válidas e de baixo custo que possam atender às necessidades essenciais de manutenção da saúde humana. Apesar do grande interesse e dos desenvolvimentos tecnológicos na área, a qualidade dos produtos comercializados no Brasil é muito precária. Nos fitoterápicos o princípio-ativo não se encontra isolado (ANVISA, 2004). Os fitoterápicos são geralmente constituídos por extratos, no qual as substâncias ativas encontram-se acompanhadas pelos outros constituintes químicos das plantas. Os extratos podem se apresentar sob a forma líquida, sólida (extratos secos) ou preparações viscosas (BRANDÃO, 2007). A espécie vegetal Dalbergia monetaria L., conhecida como Verônica é bastante utilizada popularmente para cicatrização, higienização de feridas, asseios vaginais, anemia, cálculos da bexiga, diarreia e hemorragia. Popularmente, distinguem-se duas variedades da planta, a “verônica branca” e “verônica vermelha”, embora não tenham sido atestadas diferenças botânicas entre elas (COTA, 1999). A verônica vermelha é preferida para uso medicinal, e é assim chamada devido a evidente coloração vermelho escura da casca quando separada do caule (NUNES, 1996). A principal forma de preparação utilizada pelos usuários é a extração em água, à temperatura ambiente, durante a noite para ser ingerida na manhã seguinte. A revisão bibliográfica demonstrou que pouco ainda se conhece sobre suas características químicas, físicas e biológicas. O presente trabalho visa avaliar através de alguns parâmetros físico-químicos extratos de verônica obtidos a partir de cascas comercializadas em feiras populares de Belém (PA).

Material e métodos

Foram realizadas visitas a feiras populares da cidade de Belém (PA) para aquisição de 20 amostras de casca de verônica. Destas, 10 amostras foram utilizadas na forma de pedaços médios e, as outras 10 foram pulverizados em moinha de facas. Para obtenção dos extratos, os materiais vegetais pulverizados e os não pulverizados foram tratados com 100 ml de água destilada e cerca de 1 g de amostra durante 3 dias, sem aquecimento. A solução extraída foi decantada, filtrada em papel de filtro quantitativo e armazenada em temperatura inferior a 4ºC, em recipiente de plástico descontaminado. Nas amostras de extrato foram determinados: pH através de imersão direta do eletrodo de vidro de um peagâmetro de bancada da marca MS Tecnopon® modelo Mpa210; condutividade elétrica (CE) através da imersão direta do eletrodo de um condutivímetro da marca LUTRON® modelo CD-4301, os resultados foram expressos em miliSiemens por centímetro (mS.cm-1); o teor de extrativos em água através de metodologia descrita pela Farmacopeia Brasileira (2010); a acidez total, expressa em miligramas por 100 gramas, determinada pelo método descrito pelo Instituto Adolfo Lutz (2008). Os dados foram submetidos à Análise de Componentes Principais (PCA) através do software MINITAB16®. E as médias comparadas utilizando o teste de Tukey com 95% de probabilidade. Todas as análises foram realizadas em triplicata.

Resultado e discussão

Na Tabela 1 estão expostos os valores de média e desvio-padrão das 10 amostras de extratos obtidos a partir do pó da casca de Verônica (EPV) e extratos obtidos a partir da casca não pulverizada (ECV). Pelo teste de ANOVA foi verificada nas amostras de EPV e ECV diferença significativa (p < 0,05) nos teores de extrativos, pH e CE. Somente a acidez não apresentou diferença significativa (p > 0,05)para as amostras de EPC e ECV. Osvalores de pH (5,30 a 6,95) sugerem a presença de substâncias ácidas na espécie em estudo. Os valores de pH estão relacionados a acidez do extrato. Segundo Longhiniet al. (2007), este dado é fundamental no processo de extração, pois o valor do pH é responsável por selecionar e determinar as substâncias a serem extraídas, de acordo com suas características químicas e polaridade. A CE (0,10 a 0,11 e 0,09 a 0,10 mS.cm-1 para EPV e ECV, respectivamente) indica a concentração das espécies iônicas e, não existe uma definição de limite máximo ou mínimo em extratos vegetais. Os valores dos teores de extrativos para os dois tipos de amostras não apresentaram diferença significativa, variando de 1,95% a 3,26% para EPV e, 2,93% a 3,93% para ECV. O percentual de teor de extrativos tem o objetivo de avaliar a quantidade de substâncias extraíveis, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (WHO, 1998). E indica a presença de compostos hidrossolúveis presentes no material vegetal, como aminoácidos, açúcares, heterosídeosflavoídicos e mucilagens (COSTA, 2002). Também não existe especificação de limites mínimo e máximo. A aplicação de análise de componentes principais aos dados obtidos gerou a Figura 1, onde é possível perceber a formação de dois grupos distintos, sendo diferenciados pela forma de obtenção do extrato.







Conclusões

Com exceção da acidez, os teores de extrativos, pH e CE apresentaram diferença significativa (p < 0,05) para EPV e ECV, indicando a influência da origem da casca de Verônica nas características físico-químicas. Um estudo abordando o fator geográfico se faz necessário. Não foram encontrados valores de referência para os parâmetros estudados. Os mesmos puderam caracterizar a forma de obtenção do extrato. O gráfico das componentes principais indicou a separação do extrato obtido da casca não pulverizada e da casca pulverizada.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CTA e a UFRA pela infraestrutura.

Referências

ANVISA, Resolução de Diretoria Colegiada – RDC nº. 48, de 16 de março de 2004. Aprova o Regulamento Técnico visando atualizar a normatização do registro de medicamentos fitoterápicos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/legis.htm.
BRANDÃO, M. das G. L. Produção de chás e extratos de plantas medicinais. Fundação centro tecnológico de Minas Gerais (CETEC), 2007.
COSTA, A. F. Farmacognosia. Lisboa: CalousteGulbenkian, 2002.
COTA, R. H. dos S. Ações antiulcerogênicas do extrato aquoso liofilizado de Dalbergia monetária Lineu (Verônica). Dissertação de mestrado. Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 1999.
FARMACOPÉIA BRASILEIRA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília, 5º ed., v. 1, 2010.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 5. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. 1020 p.
LONGHINI, R.; RAKSA, S. M.; OLIVEIRA, A. C. P.; SVIDZINSKI, T. I. E.;FRANCO, S. L. Obtenção de extratos de própolis sob diferentes condições e avaliação de sua atividade antifúngica.Rev. bras. farmacogn. 17(3): 388-395, 2007.
NUNES, D. S. Chemical strategies for the study of ethnomedicines. In: Tropical Forest Medical Resources and the Conservation of Biodiversity, Ed. by M. Balick, S. Laird and E. Elizabetsky, Columbia University Press, New York, p. 41 – 47, 1996.
WHO.Quality control methods for medicinal plants materials. Geneva: Who, 1998.

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