ESTUDO QUÍMICO E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E ARTEMICIDA DE Sterculia striata A. St. Hil. & Naudin. (CHICHÁ)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Câmara Neto, J.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, A.A.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Nobre, S.M.T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Martins, V.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Tavares, C.A.D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Martins, C.G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Sousa, H.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Morais, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

Este trabalho objetivou identificar os constituintes fitoquímicos e avaliar as atividades antioxidante e artemicida do extrato etanólico da casca do fruto do chichá (Sterculia striata) - EECFC. Os testes fitoquímicos indicaram a presença de flavonóides, esteroides livres e saponinas. A análise em espectrofotômetro indicou a presença de fenóis e flavonoides nas percentagens de 15,69 % (±0,13) e 0,98 % (±0,02) respectivamente. A atividade antioxidante, apresentou IC50 (concentração do extrato capaz de inibir 50% do radical livre) com valor de 254 ± 8 µg/mL. O ensaio frente á Artemia salina, indicou baixa toxicidade, com LC50 superior a 1000 µg/mL. Conclui-se que Sterculia striata apresenta boa atividade antioxidante e baixa toxicidade frente a A. salina.

Palavras chaves

Sterculia striata; Artemicida; Antioxidante

Introdução

A espécie Sterculia striata A. St. Hil. & Naudin. é popularmente conhecida como chichá e pertence à família Sterculiaceae que inclui cerca de 300 espécies. A noz do chichá é consumida pelo homem, na forma natural, cozida ou torrada e pela fauna (ALMEIDA et al., 1998). Estudos comprovam que fontes naturais apresentam muitos compostos com atividade farmacológica podendo ser usados no desenvolvimento de novas drogas (COSTA-LOTUFO, 2010). Na busca continua de produtos naturais com atividades farmacológicas, objetivou-se neste trabalho fazer o estudo da prospecção fitoquímica e da atividade antioxidante e artemicida do extrato etanólico da casca do fruto do chichá (Sterculia striata A. St. Hil. & Naudin.), EECFC.

Material e métodos

O extrato foi preparado a partir das cascas do fruto de Sterculia striata (chichá), obtendo-se o extrato etanólico da casca do fruto de chichá (EECFC). Os testes fitoquímicos qualitativos de taninos, fenóis, esteróides e triterpenos foram realizados com base em Matos (2009). Estes testes foram baseados na observação visual das mudanças colorimétricas ou na formação de precipitado após a adição dos reagentes específicos. A atividade antioxidante foi seguida pelo método de varredura do radical livre DPPH, descrito por Brand-Willians (1995). Os valores encontrados foram aplicados no Programa estatístico Origin 7.0 para o cálculo da concentração que inibe 50% dos radicais livres da solução (IC50). A quercetina foi usada como droga padrão. Todos os experimentos foram feitos em triplicata. O teor de flavonoides foi determinado com base em Funari e Ferro (2006). A leitura foi realizada a 425 nm, em espectrofotômetro. A determinação do teor de fenóis totais foi determinado com base no método de Folin-Ciocalteu (SOUSA et al., 2007). A absorbância das amostras a foi medida a 750 nm em espectrofotômetro. Todas as análises foram realizadas em triplicata. O ensaio de toxicidade em A. salina foi realizado de acordo com o método proposto por Meyer et al. (1982), com algumas modificações. O EECFC foi dissolvido em dimetilsulfoxido (DMSO) e água do mar artificial nas concentrações de 1.000, 100, 10 e 1 μg/mL. Um grupo controle foi preparado contendo apenas o DMSO, água salina e as larvas. Os ensaios foram realizados em triplicata. A contagem das larvas mortas foi realizada após 24 horas e esse número, usado para o cálculo da CL50 utilizando o programa SPSS Statistics®.

Resultado e discussão

Os testes qualitativos para identificar as principais classes de metabólitos secundários do EECFC foram realizados com base em Matos (2009). Estes ensaios identificaram a presença de grupos de compostos químicos com relevantes propriedades biológicas já descritas na literatura, como fenóis totais, flavonoides (flavononas), esteroides livres e saponinas. Com base nesses dados, foram quantificados os fenóis totais e flavonoides (tabela 1). A atividade antioxidante de moléculas naturais indica o potencial destes para o estudo e desenvolvimento de fármacos para inúmeros distúrbios que afetam o homem, como por exemplo, a leishmaniose, que causa um elevado estresse oxidativo. Por outro lado, radicais livres estão diretamente ligados ao processo de envelhecimento e aumento na incidência de câncer. Portanto, antioxidantes naturais têm elevado valor para pesquisas farmacêuticas. O teste para avaliar a atividade antioxidante do EECFC foi feito com base na captura do radical livre DPPH. Este ensaio indicou que o extrato em estudo apresenta atividade antioxidante com IC50 (concentração do extrato que inibe 50% do radical livre DPPH) de 254 ± 8,0 µg/mL. Um dos problemas mais relevantes na pesquisa com moléculas naturais é o fato de que muitos compostos que apresentam atividades de interesse farmacêutico, apresentam também alta toxicidade. Para tanto, foi realizado o teste de toxicidade frente à Artemia salina. Este ensaio indicou que o EECFC apresenta baixíssima toxicidade frente a este crustáceo, com CL50 (concentração que mata 50% das larvas) acima de 1000 µg/mL, matou apenas quatro larvas na maior concentração (1000 µg/mL) e duas na concentração de 100 µg/mL.

Tabela 1 - Percentagem de flavonoides e fenois totais do EECFC



Conclusões

As classes fitoquímicas encontradas nas cascas do fruto do chichá, como fenóis, flavonoides (flavononas), esteroides livres e saponinas são descritas na literatura como responsáveis por diversas atividades de interesse medicinal como antioxidante, bactericida e leishmanicida. O EECFC apresentou atividade antioxidante e baixa toxicidade frente à A. salina, o que corrobora com as propriedades biológicas desta espécie.

Agradecimentos

Referências

ALMEIDA, S.P.; PROENÇA, C.E.B.; SANO, S.M.; RIBEIRO, J.F. Cerrado: espécies vegetais úteis, Planaltina: Embrapa, 1998, p. 339.

BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M.E.; BERSET, C. Use of free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensm. Wiss, Technology, v.28, p.25-30, 1995.

COSTA-LOTUFO, L.V.; MONTENEGRO, R.C.; ALVES, A.P.N.N.; MADEIRA, S.V.F.; PESSOA, C.; MORAES, M.E.A.; MORAES, M.O. A Contribuição dos Produtos Naturais como Fonte de Novos Fármacos Anticâncer: Estudos no Laboratório Nacional de Oncologia Experimental da Universidade Federal do Ceará. Rev. Virtual Quim., v.2, n.1, p.47-58, 2010.

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MATOS, F.J.A. Introdução à Fitoquímica Experimental. Ed. UFC, Fortaleza-Ceará. p.45, 2009.

MEYER, B.N.; FERRIGNI, N.R.; PUTNAN, J.E.; JACOBSEN, L.B.; NICHOLS, D.E.; Mcl. AUGHLIN, J. Brine shrimp: A convenient general bioassay for active plant constituents. Journal of Medical Plant Research, v.45, n.1, p.31-34, 1982.

SOUSA, M.M.C.; SILVA, R.H.; VIERIA-JR, G.M.; AYRES, M.C.C.; COSTA, C.L.; ARAÚJO, D.S.; CHAVES, M.H. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, v.30, p.351-355, 2007.

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