CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA PRELIMINAR DA ERVA EQUISETUM ARVENSE E SUAS PROPRIEDADES NA ADSORÇÃO DE Cu(II) EM MEIO AQUOSO.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Monteiro, C.M. (UNESP) ; da Silveira, T.F.S. (UNESP) ; Bicalho, U.O. (UNESP) ; do Carmo, D.R. (UNESP)

Resumo

A erva Equisetum arvense (cavalinha) possui alto teor de sílica e compostos orgânicos que conferem sua propriedade fitoterápica e, portanto, tem uso na medicina popular. O extrato de chá liofilizado da cavalinha foi caracterizado por infravermelho (FTIR), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e energia dispersiva de raios-x (EDX). Por FTIR e EDX ficou patente a presença de Si na amostra liofilizada,comprovada pela presença do estiramento simétrico υSi- O-Si e também a presença de Ca, Mg, Na, P, S, Cl e K. O resíduo fibroso foi aplicado com sucesso na adsorção de íons cúpricos (Cu II) em meio aquoso apresentando uma máxima capacidade de adsorção (Nfmax) de 4,4x10-4 mol.g-1.

Palavras chaves

equisetum; caracterização; adsorção

Introdução

A erva Equisetum arvense é uma planta herbácea, da classe Equisetopsida, da ordem dos Equisetales e da família Equisetaceae, pteridófita, vulgarmente conhecida como cavalinha. Apresenta em sua composição: sais minerais, silício (sílica biogênica), potássio, magnésio, alumínio, cálcio, flúor, fósforo e sódio (Wichtl, 1994). A cavalinha é muito usada na medicina popular para combater a tuberculose, problemas de pulmão, hemorragias internas, retenção de urina, problemas da próstata, osteoporose, úlceras gástricas, perda de sangue do nariz, da boca e do reto e para tratamento da celulite (Franco, 1997). Além destas pode-se citar também seu uso como diurética, para controlar o colesterol e para o tratamento de peles senis. É utilizada na Europa como abrasivo e polidor de metais devido a presença de sílica (Mitich, 1992; Lemus, 1996). Atualmente, seu uso como planta medicinal é um recurso terapêutico difundido intensamente no meio urbano, como forma alternativa ou complementar aos medicamentos alopáticos, portanto é um tema importante voltado para medicina e saúde popular. Os objetivos deste trabalho são: i) analisar por alguns métodos químicos os componentes existentes no extrato do chá de cavalinha previamente liofilizado; ii) avaliar a capacidade adsortiva do resíduo fibroso (fase sólida) para íons cúpricos em solução aquosa utilizando o método em batelada.

Material e métodos

O extrato do chá de cavalinha foi obtido preparando-se o chá adicionando 25g do material em um béquer com 350 mL de água deionizada, sob agitação mecânica por 7h, sobre chapa de aquecimento a 50°C. O chá foi filtrado em filtro de placa sinterizada de porosidade 5 micrômetros. O filtrado foi congelado em e posteriormente foi liofilizado por 24h. O espectro vibracional das amostras liofilizadas foi tirado em espectrofotômetro Nicolet 5DXB FT-IR (Nicolet Instruments, Madison, Wi.EDX e MEV foram obtidos por um microscópio eletrônico da marca Jeol JTSM T-330 com o EDX acoplado. As análises de absorção atômica, foram realizadas com um espectrofotômetro de absorção atômica com chama da marca Varian Modelo 55B SpectrAA. Para os estudos da capacidade de adsorção da cavalinha para íons metálicos (Cu 2+) em meio aquoso foi utilizada a técnica em batelada. Para a confecção de cada uma das isotermas de adsorção, as amostras contendo 50 mg de cavalinha em 50 mL de solução com concentrações variáveis de Cloreto de Cobre padronizado, foi agitada mecanicamente durante 70 minutos, a uma temperatura constante de 25,0 ± 00,1°C. Após agitação a fase sólida foi separada e uma alíquota de 10 mL de solução contendo os íons metálicos foi analisada por espectroscopia de absorção atômica (FAAS). A quantidade de metal adsorvido, Nf, em cada frasco foi determinada pela equação de Nf = (Na - Ns) / m, em que m é a massa (g) de adsorvente e Na e Ns são as concentrações iniciais e finais de íons metálicos, respectivamente.

Resultado e discussão

A Figura 1(A) ilustra o FTIR da cavalinha, onde observou-se uma banda em 1100 cm-1 atribuída ao νSi-O-S. Bandas de absorção próximas a 3500 cm-1 e entre 1600 cm-1 e 1000 cm-1 indicam a presença de anéis aromáticos; a banda em 2500 cm-1 é típica de ácido carboxílico (COOH); bandas entre 3500 cm-1 e 3070 cm-1 são características de amidas (N-H) (Lopes e Fascio, 2003). A Figura 1 (B) ilustra o EDX e a micrografia da cavalinha liofilizada, onde observou-se micropartículas esféricas constituídas de C, O, Si, Ca, Mg, P, S, Cl e K. Na isoterma ilustrada pela Figura 2 (A), verificou-se que o tempo onde se inicia a saturação da adsorção do íon metálico, Cu2+, pela cavalinha foi de 65 minutos, porém foi utilizado um tempo de 70 minutos para o estudo posterior com o propósito de se ter uma margem segura do tempo de equilíbrio em meio aquoso. Conforme ilustra a Figura 2 (B) o início da saturação dos sítios ativos do material ocorreu aproximadamente na concentração de 16,1x10-4 mol L-1 e a máxima capacidade de adsorção (Nfmax) foi de 4,4x10-4 mol g-1.

Figura 1

A: FTIR da cavalinha liofilizada; B: EDX e micrografia da cavalinha liofilizada.

Figura 2

A: Gráfico do comportamento cinético da cavalinha; B: Isoterma de adsorção.

Conclusões

Através das técnicas espectroscópicas (FTIR, MEV e EDX) pode-se comprovar a existência de compostos solúveis a base de Si, além de outros elementos (C, O, Ca, Mg, Na, P, S, Cl e K) e também compostos orgânicos provavelmente responsáveis pela propriedade fitoterápica, porém, parte dos compostos orgânicos são encontrados na fase sólida (resíduo) e estes apresentam propriedades quelantes com relativa capacidade de adsorção de íons cúpricos em meio aquoso.

Agradecimentos

Ao CNPQ e FAPESP.

Referências

FRANCO, I. J. Ervas & Plantas. A medicina dos simples. Chapecó – SC: Imprimax, 1997.

LEMUS, I.; GARCÍA, R.; ERAZO, S.; PEÑA, R.; PARADA, M.; FUENZALIDA, M. Diurect activity of an Equisetum bogotense tea (Platero herb): evaluation in healthy volunteers. J. Ethnopharmacol., v. 54, p. 55-58, 1996.

LOPES, W. A.; FASCIO, M. ESQUEMA PARA INTERPRETAÇÃO DE ESPECTROS DE SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO. Quimica Nova, Vol. 27, No. 4, 670-673, 2004.

MITICH, L. W. Horsetail. Weed Technology, v. 6, n. 3, p. 779-781, 1992.

WICHTL, M. Herbal drug and phytopharmaceuticals; Medpharm Scientific Publishers: Stuttgart,1994; 188-191.

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