ENSAIO FITOQUIMICO, AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE, ACETILCOLINESTERÁSICA, TOXICOLÓGICA DE EXTRATOS DA SEMENTE DE Ricinus communis LINNAEUS (MAMONA)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Alves, D.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Vieira, L.G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Liberato, H.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Vasconcelos, F.R. (REDE NORDESTE DE BIOTECNOLOGIA) ; Cavalcante, G.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Lima, I.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Martins, C.G. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA) ; Morais, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARA)

Resumo

Ricinus communis LINNAEUS, popularmente conhecido como mamona, carrapateira ou rícino, pode constituir uma alternativa viável de fitoterápico. Foram preparados extratos em hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol da semente da Mamona. Estes foram expostos à prospecção fitoquimica, e a avaliação das atividades antioxidante (DPPH•), acetilcolinesterásica (enzima AChE) e toxicidade (Artemia sp.). A atividade antioxidante de EHSM e ECSM foi considerada ruim e para EASM e EMSM foi considerada moderada, estes foram comparados à rutina. Na inibição da enzima AChE EHSM apresentou halo de 9 mm e ECSM, 8mm, próximo ao padrão fisostigmina (9mm). EHSM, EASM e EMSM apresentaram toxicidade frente à Artemia sp.e ECSM não apresentou atividade biológica. Como padrão foi utilizado K2Cr2O7.

Palavras chaves

Ricinus communis LINNAEUS; antioxidante; toxicidade

Introdução

Ricinus communis LINNAEUS, da família Euforbiácea, é popularmente conhecida como mamona, carrapateira e rícino. Originária da índia ou da África e largamente cultivada nos trópicos e subtrópicos, inclusive no Brasil (LORENZI; MATOS, 2002). As sementes apresentam diversos tamanhos, formatos e grande variabilidade de colorações, e nela constitui-se de 75% de embrião (amêndoa) e 25% de casca, onde são encontrados os alcalóides ricina e ricinina, o que a torna imprópria para alimentação de animais e humana, mas é a base para obtenção de produtos, como resina plástica, próteses e implantes, aditivos e lubrificantes para tanques de aviões, plásticos, nylon, sendo inclusive fonte alternativa de combustível, sendo alternativa viável para a erradicação de pragas e antifúngico eficaz caracterizando essa espécie como economicamente importante e estratégica ao país (LEITE et al., 2005; TAKANO et al., 2007; MOLINA et al., 2008; RAO et al., 2008; CHECHETTO et al., 2010; BISEN et al., 2010; AGUIAR et al., 2014). Poucos trabalhos na literatura expõem de forma a elucidar as propriedades dos metabólitos constituintes deste fruto frente à composição química, às atividades antioxidantes e à toxicidade frente à Artemia sp., objetivando a pesquisa que se segue. O presente trabalho expõe a avaliação de extratos da semente de R. communis onde, as mesmas foram adquiridas na EMBRAPA Agroindústria/Universidade Federal do Ceará (UFC) e destes foram preparados extratos hexânico (EHSM), clorofórmico (ECSM), Acetato de Etila (EASM) e Metanólico (EMSM). Estes extratos foram submetidos às seguintes metodologias da atividade antioxidante (DPPH - 2,2-difenil-1-picrilhidrazila), acetilcolinesterásica (enzima AChE), toxicológico (Artemia sp.) e avaliação qualitativa por testes fitoquímicos.

Material e métodos

As sementes in natura de R. communis foram adquiridas na EMBRAPA Agroindústria/UFC. Os extratos foram obtidos através de soxhlet , utilizando os seguintes solventes aquecidos: hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol, posteriormente concentrados em evaporador rotativo (SAUVAIN et al., 1996; DUTRA et al., 2009). Os testes fitoquímicos qualitativos de esteroides, fenois, flavonoides, saponinas, taninos, triterpenoides baseavam-se na observação visual colorimétrica ou formação de precipitado (MATOS, 1988). Utilizou-se um espectrofotômetro de UV/VIS para a determinação da atividade sequestradora de radical livre DPPH, com leitura à 515 nm, utilizando gradientes de concentração dos extratos diluídos em metanol somados ao reagente oxidante, seus valores de absorbância transformados em índice de varredura (IV%) e desvio padrão (BRAND-WILLIAMS et al., 1995), para a obtenção do CE50 através da equação da reta. Para a atividade inibitória da enzima acetilcolinesterase (AChE) as amostras EHSM e ECSM foram aplicadas em cromatoplaca em “spots” de aproximadamente 2mm, em seguida os reagentes foram borrifados e quando do aparecimento de halos brancos, em torno dos “spots” das amostras, estes são indicativos da inibição da enzima AChE. Foi utilizado como padrão a fisostigmina (ELLMAN et al., 1961; RHEE et al., 2001). O teste de letalidade contra Artemia sp., adaptado de Meyer et al. (1982) e Barbosa et al. (2009), utilizou como controle positivo dicromato de potássio. Após a obtenção do LC50, foram considerados tóxicos valores <1000µg/mL. Todos os ensaios foram realizados em triplicata. Os dados obtidos foram plotados no programa estatístico Origin 7.0

Resultado e discussão

Na prospecção fitoquímica os extratos apresentaram os seguintes metabólicos secundários: EHSM esteroides; ECSM esteroides e triterpenoides; EASM esteroides, fenóis, flavonoides, saponinas, taninos, triterpenoides; EMSM esteroides, fenóis, saponinas, taninos, como demonstrado na tabela 01, corroborando com Andrade et al. (2009) e Camborda (2013). No que se refere às as atividades biológicas, a tabela 2 apresenta os resultados obtidos para EHSM, ECSM, EASM, EMSM e para as respectivas substâncias padrão. Quanto à atividade antioxidante, para EHSM e ECSM a atividade foi considerada potencialmente menor quando comparada a EASM e EMSM, onde, a atividade foi considerada moderada em relação ao padrão. Chakraborthy (2008) menciona que quando da extração de metabólitos das folhas da mamona resultados melhores podem ser obtidos. O fracionamento e a purificação dos compostos obtidos da semente, também pode ser fator determinante para obtenção de melhores resultados (OLOYEDE, 2012). Tanto o EHSM quanto o ECSM apresentaram inibição da enzima acetilcolinesterase comparável ao apresentado pela fisostigmina, substância padrão, sendo assim considerados bons inibidores. No ensaio de toxicidade frente a Artemia sp., a concentração letal a 50% dos microcrustáceos de EHSM, EASM e EMSM apresentaram toxicidade e de ECSM não apresentou atividade biológica.

Tabela 01

Prospecção fitoquímica dos extratos hexânico (EHSM), clorofórmico (ECSM), Acetato de Etila (EASM) e Metanólico (EMSM) da semente da Mamona.

Tabela 02

Prospecção de atividades antioxidante, toxicológica e inibição da enzima AChE.

Conclusões

A prospecção fitoquímica demonstra que os extratos apresentaram esteroides, fenois, flavonoides, saponinas, taninos, triterpenoides. As substancias revelaram boa atividade antiacetilcolinesterase. EHSM e ECSM apresentaram atividade antioxidante fraca e para EASM e EMSM à atividade foi considerada moderada, quanto a toxicidade frente a Artemia sp., EHSM, EASM e EMSM apresentaram toxicidade e de ECSM não apresentou potencial bioatividade.

Agradecimentos

Ao CNPQ, À EMBRAPA Agroindústria/UFC

Referências

AGUIAR, A. T. DA E.; GONÇALVES, C.; PATERNIANI, M. E. A. G. Z.; TUCCI, M. L. S.; CASTRO, C. E. F. DE. Instruções Agrícolas para as Principais Culturas Econômicas. Campinas: Instituto Agronômico, v. 200, p. 452, 2014.
ANDRADE, M. A.; CARDOSO, M. DAS G.; MALLET, A. C. T.; et al. Perfil fitoquímico do extrato etanólico das cascas dos frutos de mamona. Anais 6o Congresso Brasileiro De Plantas Oleaginosas , Óleos , Gorduras E Biodiesel “ Biodiesel : Inovação Tecnológica .” p.3916–3921, 2009. Montes Claros, Minas Gerais.
BARBOSA, T. P.; JUNIOR, C. G. L.; SILVA, F. P. L.; et al. Improved synthesis of seven aromatic Baylis-Hillman adducts (BHA): evaluation against Artemia salina Leach. and Leishmania chagasi. European journal of medicinal chemistry, v. 44, n. 4, p. 1726–30, 2009.
BISEN, P. S.; SANODIYA, B. S.; THAKUR, G. S.; BAGHEL, R. K.; PRASAD, G. B. K. S. Biodiesel production with special emphasis on lipase-catalyzed transesterification. Biotechnology letters, v. 32, n. 8, p. 1019–30, 2010.
BRAND-WILLIAMS, W.; CUVELIER, M. E.; BERSET, C. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. LWT - Food Science and Technology, v. 28, n. 1, p. 25–30, 1995.
CAMBORDA, J. R. P. L. Estudio fitoquímico y actividad antiinflamatoria del extracto hidroalcohólico de las hojas de Ricinus communis L. “higuerilla,” 2013. UNIVERSIDAD NACIONAL MAYOR DE SAN MARCOS.
CHAKRABORTHY, G. S. Antioxidant Activities Of The Successive Extracts Of Ricinus communis Leaves. Journal of Environmental Research And Development, v. 3, n. 2, p. 537–539, 2008.
CHECHETTO, R. G.; SIQUEIRA, R.; GAMERO, A. Balanço energético para a produção de biodiesel pela cultura da mamona ( Ricinus communis L .). Revista Ciência Agronômica, v. 41, n. 4, p. 546–553, 2010.
DUTRA, R. C.; BRAGA, F. G.; COIMBRA, E. S.; SILVA, A. D.; BARBOSA, N. R. Artigo Atividades antimicrobiana e leishmanicida das sementes de Pterodon emarginatus Vogel. , v. 19, n. December 2008, p. 429–435, 2009.
ELLMAN, G. L.; COURTNEY, K. D.; ANDRES, V. JR.; FEATHERSTONE, R. M. A new and rapid colorimetric of acetylcholinesterase determination of acetylcholinesterase activity. Biochemical Pharmacology,, v. 7, p. 88–95, 1961.
LEITE, A. C.; CABRAL, E. C.; SANTOS, D. A. P.; et al. Isolamento do alcalóide ricinina das folhas de Ricinus communis (euphorbiaceae) através de cromatografias em contracorrente. Quim. Nova, v. 28, n. 6, p. 983–985, 2005.
LORENZI, H.; MATOS, F. J. DE A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2nd ed. Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2002.
MATOS, F. J. A. Introduçao a Fitoquimica Experimental. 1st ed. Fortaleza: Edições UFC, 1988.
MEYER, B. N.; FERRIGNI, N. R.; PUTNAM, J. E.; et al. Brine shrimp: a convenient general bioassay for active plant constituents. Planta medica, v. 45, n. 5, p. 31–4, 1982.
MOLINA, F. P.; MAJEWSKI, M.; PERRELA, F. A.; et al. Própolis, sálvia, calêndula e mamona – atividade antifúngica de extratos naturais sobre cepas de Candida albicans. Cienc Odontol Bras, v. 11, n. 2, p. 86–93, 2008.
OLOYEDE, G. K. Antioxidant Activities of Methyl Ricinoleate and Ricinoleic Acid Dominated Ricinus communis Seeds Extract Using Lipid Peroxidation and Free Radical Scavenging Methods. Research Journal of Medicinal Plant, v. 6, n. 7, p. 511–520, 2012.
RAO, G. R.; KORWAR, G. R.; SHANKER, A. K.; RAMAKRISHNA, Y. S. Genetic associations, variability and diversity in seed characters, growth, reproductive phenology and yield in Jatropha curcas (L.) accessions. Trees, v. 22, n. 5, p. 697–709, 2008.
RHEE, I. K.; MEENT, M. VAN DE; INGKANINAN, K.; VERPOORTE, R. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity staining. Journal of chromatography. A, v. 915, n. 1-2, p. 217–23, 2001.
SAUVAIN, M.; KUNESCH, N.; POISSON, J.; GANTIER, J.; GAYRAL, P. Isolation of Leishmanicidal Triterpenes and Lignans from the Amazonian Liana Doliocarpus dentatus ( Dilleniaceae ). , v. 10, n. January 1995, p. 1–4, 1996.
TAKANO, E. H.; BUSSO, C.; GONÇALVES, E. A. L.; et al. Inibição do desenvolvimento de fungos fitopatogênicos por detergente derivado de óleo da mamona ( Ricinus communis ). Ciência Rural, v. 37, n. 5, p. 1235–1240, 2007.

Patrocinadores

CNPQ CAPES CRQ15 PROEX ALLCROM

Apoio

Natal Convention Bureau Instituto de Química IFRN UFERSA UFRN

Realização

ABQ