Avaliação nutricional dos teores de micronutrientes de diferentes órgãos de mandioca produzidos na comunidade caiçara em Petrolina-PE

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Araújo, J. (IF-SERTÃO PE) ; Silva, A. (EMBRAPA SEMIÁRIDO)

Resumo

O uso de rações para alimentação de animais ruminantes nem sempre é uma opção acessível, fazendo que os pequenos agricultores procurem alternativas em suas propriedades valendo-se de restos de culturas para alimentar a criação. Entretanto é essencial que este alimento ofertado supra as necessidades nutricionais dos animais, como objetivo de fornecer um perfil nutricional da mandioca que é comumente usada para este fim foram avaliados os teores dos microelementos (B, Cu, Fe, Mn e Zn) presentes em cinco variedades de mandioca de mesa.

Palavras chaves

Mandioca; micronutrientes; perfil nutricional

Introdução

Os microelementos (B, Cu, Fe, Mn e Zn) são fundamentais para o bom funcionamento de basicamente todos os processos bioquímicos do corpo, sendo dieteticamente essenciais para todos os animais (BERCHIELLI, 2011). O descuido quanto ao balanceamento desses nutrientes pode prejudicar a produção, pois animais submetidos a dietas que não correspondem as suas necessidades minerais tendem a apresentar alterações na saúde e no metabolismo. Os alimentos mais comumente utilizados no manejo de ruminantes contêm proporções desequilibradas destes nutrientes (MUNIZ, 2008), tornando crucial a aquisição de uma ração de boa qualidade que atenda a todas as necessidades. Entretanto o custo elevado inviabiliza a compra por parte dos pequenos produtores, fazendo-se necessário o uso de fontes alternativas. Uma opção é a mandioca (Manihot esculenta) por possuir elevado valor protéico e com teores de fibras inferiores aos de várias forragens tropicais. Dentre seus produtos usados na alimentação animal se destacam a folhagem e a raiz fresca para o preparo de ração (MUNIZ, 2008). Foram usadas cinco variedades de mandioca, sendo 1 – Recife (TSA 138), 2 – Brasília (BGM 1660), 3 – BRS Gema de Ovo, 4 – Dona Diva (TSA 620), 5 – V3, todas com baixo teor de HCN (macaxeira), não submetidas a fertilização. O presente trabalho teve como objeto avaliar os teores dos elementos nos órgãos da mandioca produzida com água salobra na comunidade caiçara, Petrolina/PE.

Material e métodos

Aos sete meses de idade as plantas foram colhidas, separados os órgãos e encaminhados ao laboratório. O material vegetal foi entregue ainda verde ao laboratório dois dias após a coleta. As amostras inicialmente foram lavadas, embaladas em sacos de papel, etiquetadas e colocado para secar em estufa. Depois foi realizada moagem e armazenamento das amostras em sacos plásticos, identificados. Das amostras retirou-se 500mg de material vegetal para serem solubilizadas com a mistura de ácido nítrico P.A. e Perclórico P.A.(solução digestora), nas proporções de 5:1 respectivamente. O material foi transferido para tubos digestores 6,0mL da solução digestora. O tubo foi submetido a aquecimento gradativo sob as temperaturas de 50 ºC , 75 ºC , 130 ºC , 150 ºC a 210ºC (até o extrato ficar incolor). Após essa etapa, o volume foi aferido em 50 ml com água deionizada. Os nutrientes foram determinados por espectrometria de absorção atômica (EAA). Para o Boro foi realizada digestão por via seca que consiste na incineração de 200mg da amostra acondicionada em cadinhos de porcelana em mufla a 550°C por 3h até obtenção de cinza branca, a análise do boro foi realizada pelo método de colorimetria da azometina H. A cinza foi dissolvida em 10,0mL de HCl 0,1molL-1 aguardou-se 30min, até que a cinza decantasse completamente. Foram transferidos 2,0mL do sobrenadante para tubos de ensaio de polipropileno, no qual foram adicionados 2,0mL de solução tampão e 2,0mL da solução de azometina H 0,45%-ácido ascórbico1%. Após agitação, aguardou-se 30 minutos até a leitura em cubetas de vidro no espectrofotômetro UV-VIS com comprimento de onda igual a 420nm, zerando o aparelho com HCl 0,1molL-1(MALAVOLTA, 1997).

Resultado e discussão

Visando avaliar a variação na capacidade de absorção de nutrientes pelos diferentes órgãos da planta das diferentes variedades foram feitas análises químicas de micronutrientes (B, Cu, Fe, Mn e Zn) . Os órgãos examinados foram limbo,pecíolo, maniva e raiz e as variedades adotadas: Dona Diva, V3, Brasília, Recife e Gema de Ovo. No caso do boro, o órgão que apresentou maior teor desse elemento foi o pecíolo apresentando teores de 64,04 mg.kg-1, enquanto que maniva e limbo se equipararam mantendo concentrações de 13,85mg.kg-1 e 10,60 mg.kg-1, respectivamente. A maniva foi o órgão que mais acumulou o elemento cobre apresentando teores de 26,13 mg.kg-1 seguido do pecíolo com 16,67mg.kg-1. Os teores de ferro apresentaram-se entre 123,07mg.kg-1 e 38.24mg.kg-1 com maior acúmulo no pecíolo, seguido de maniva e limbo que não apresentaram diferença significativa. Analisando os teores de manganês observa-se que o limbo foi o órgão que mais acumulou esse elemento, apresentando teores de 670.75mg.kg-1 enquanto que pecíolo apresentou apenas 393.58mg.kg-1 desse elemento. As variedades não apresentaram diferença na concentração dos elementos (B, Cu, Fe e Mn). Quanto aos teores de zinco o limbo foi o órgão que mais acumulou esse elemento, com concentração de 133.83mg.kg-1 seguido de 88.85mg.kg-1 do pecíolo. O único elemento que apresentou diferentes taxas de absorção de uma variedade pra outra foi o zinco destacando-se a variedade V-3 com 77.14mg.kg-1. A raiz apresentou taxas inferiores aos demais órgãos para todos os nutrientes analisados.

Conclusões

A mandioca destaca-se pelo grande potencial produtivo, entretanto se aproveita pouco do real potencial da planta focando-se mais em seu seu produto majoritário que é a raiz. A parte aérea pode ser uma opção de forrageira a ser difundida, podendo ser utilizada na alimentação de animais ruminantes, devido aos valores de micronutrientes encontrados, e podem vir a suprir as necessidades alimentares dos animais.

Agradecimentos

Aos produtores da Fazenda Caiçara e a todos os funcionários do Laboratório de Solos da EMBRAPA Semiárido, pelo apoio nas análises realizadas.

Referências

BERCHIELLI, T. T.; PIRES, A. V.; OLIVEIRA, S. Nutrição de ruminantes - 2 ed. – Jaboticabal : Funep, 2011.

MUNIZ,E. N.; et al. Alternativas alimentares para ruminantes II – Aracaju : Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2008.


MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do Estado Nutricional das plantas: princípios e aplicações.-2 ed. Piracicaba: POTAFOS, 1997.

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