ANÁLISE CROMATOGRÁFICA E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE CULTIVARES DE SOJA TRANSGÊNICA E CONVENCIONAL

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Lima Serra, R. (UFMA) ; Fernandes, E. (UEMA) ; Catunda, P. (UEMA) ; Ribeiro, A. (UFMA)

Resumo

Pode-se afirmar que o crescimento da cultura da soja no Brasil ganhou grande importância como ciclo de uma cultura com grandes impactos para o desenvolvimento da economia. Diante da controvérsia entre o bem e o mal da soja transgênica avaliou-se o efeito da transgenia sobre os metabolitos secundários da soja, por meio de cromatografia liquida de alta eficiência (CLAE), onde o extrato hexanico soja transgênica apresentou picos distintos da soja convencional evidenciando substancias em diferentes ou em quantidades diferentes. Os extratos etanólicos das sojas foram submetidos a análises da presença de substâncias antioxidantes por meio do teste com o reagente DPPH, onde a atividade antioxidante apresentou reduções de até 18,5% na soja transgênica e 17,5% na soja convencional.

Palavras chaves

transgenia; soja; metabolitos

Introdução

A soja possui lugar de destaque no cenário mundial e também nacional. A demanda por soja e subprodutos está em franco crescimento, segundo (CHIARELLO 2002). Entre os fatores que colocam este grão em destaque estão não somente o aumento no consumo humano, mas também a utilização para a produção de alimentos usados para nutrição animal (SIRQUEIRA, 2004). O Brasil apresenta-se entre os maiores produtores de soja do mundo, sendo a leguminosa cultivada em várias regiões do País (SILVA et al, 2006). O crescimento da cultura da soja no Brasil nas últimas décadas obteve posição de grande importância para o país, o que denota no cenário um novo ciclo de uma cultura agrícola com importantes impactos para o desenvolvimento da economia nacional, assim como o foram os ciclos da cana de açúcar e do café. Porém, um dos pontos de maior controvérsia existentes é em relação à soja transgênica ou processo de transgenia, onde os organismos sofrem alterações genéticas a fim obter característica específica. Quando se refere a transgênicos, há muitas discussões no país referentes à soja como alimento. Alguns relatam sobre os riscos que tais alimentos podem oferecer, por outro lado há pesquisadores que defendem e apresentam estas culturas como sendo opções para soluções de problemas, como exemplo, a fome. Assim, sempre que se trata de soja transgênica no cenário nacional os pontos de discussão são muito amplos, principalmente porque neste caso, o problema poderia estar nos metabólitos secundários da soja, uma vez que essa é uma das características dos seres vivos, a presença de atividade metabólica (MONQUERO, 2005).

Material e métodos

Para a realização dos experimentos foi utilizada a soja cedida pela EMBRAPA-MA da espécie BRS candeia convencional lote 036/98 não climatizada e BRS 271 Transgênica não climatizada lote 091/98. A capacidade antioxidante destes extratos foi analisada por meio do teste descrito por Brand-William, Cuvier e Berset (1995). A técnica utiliza do reagente analítico difenil picril hidrazila (DPPH). Os metabolitos secundários foram analisados por meio de cromatografia liquida de alta eficiência (HPLC) em dois comprimentos de onde no UV. Para o teste com difenil picril hidrazila (DPPH) foram utilizados os extratos etanólicos das sojas transgênica e convencional para análise quantitativa da atividade antioxidante. Foi preparada uma solução de 0,004% de DPPH, em seguida foi preparado uma solução estoque padrão (rutina) de 4,0 mg/mL, as diluições do padrão foram feitas para as seguintes concentrações: 2 / 1 / 0,5 / 0,25 mg/mL. Esse mesmo procedimento foi seguido para as amostras de soja transgênica e soja convencional. Foram colocadas para reagir em tubos de ensaio com 2mL de DPPH mais 0,4mL da amostra. As reações sempre foram feitas em triplicatas e em ambiente escuro. Para a análise cromatográfica foi utilizado o equipamento HPLC da marca Varian. As substâncias foram separadas em uma coluna analítica C8. Foi utilizada uma fase móvel de metanol/água (7:3) com fluxo de 1mL/min com um tempo de corrida de 30 min. Os extratos hexânicos de soja transgênica e de soja convencional foram diluídos em metanol e filtrados em filtros de pré-tratamento milipore de polifluoreto de vinilideno com 0,22 micrometro imediatamente antes da injeção no HPLC.

Resultado e discussão

Por meio de cromatografia liquida de alta eficiência, onde até o momento, foram analisados os extratos hexânicos da soja convencional e transgênica (Figura 1), que foi possível observar diferenças entre os cromatogramas com picos no intervalo de 4 a 8 minutos na soja transgênica diferentes da soja convencional, além de um pico distinto em 11 minutos presente na soja convencional e ausente na soja transgênica. Através do teste com DPPH foi possível avaliar quantitativamente a atividade antioxidante da soja transgênica e convencional por meio da capacidade de sequestrar radicais livres. Para este teste foram utilizados os extratos etanólicos da soja convencional e transgênica, como mostrado na Figura 2, onde foi possível evidenciar uma diferença na atividade antioxidante entre as sojas transgênica e convencional. A soja transgênica reduziu o DPPH em até 18,5%, enquanto a soja convencional apresentou redução de 17,5%. O que pode significar uma alteração nos metabolitos secundários polares entre as duas espécies de soja analisadas. Sendo assim, é possível observar que há possíveis diferenças entre as duas amostras analisadas. Essa diferença pode ser um aumento dos compostos com atividade antioxidante da soja convencional, ou uma alteração na composição e/ou quantidade de outras substâncias presentes na soja convencional e que apresentem atividade antioxidante. Desta forma, as análises dos extratos hexânico e etanólico via cromatografia (HPLC) e espectrofotometria (DPPH), respectivamente, indicam que há uma possível diferença entre os metabólitos secundários apolares e polares presentes nas amostras de soja analisadas.

Figura 1

Cromatogramas dos extratos hexânicos das sojas: convencional (A) e transgênica (B).

Figura 2

Porcentagem de redução de DPPH em presença de extrato etanólico da soja convencional e transgênica e do padrão Rutina.

Conclusões

A alteração dos metabólitos secundários da soja convencional e transgênica foi evidenciada por meio de CLAE, onde os cromatogramas dos extratos hexânicos apresentaram picos e tempos de eluições diferentes. A alteração dos metabólitos também foi observada pelo teste de redução do DPPH, onde o extrato etanólico da soja transgênica apresentou maior atividade em relação à soja convencional. Desta forma, pode-se evidenciar que a transgenia altera, aumentando ou induzindo a formação de metabólitos tanto apolares como polares da soja.

Agradecimentos

À FAPEMA EMBRAPA SESI/UEMA PPPG-PIBIC-UFMA

Referências

CHIARELLO, M. D. A soja e os alimentos funcionais: oportunidades de parcerias em P&D para os setores público e privado. Revista Parcerias Estratégicas, n. 15, p. 48-60, 2002.
MONQUERO P. A. Plantas transgênicas resistentes aos herbicidas: situação e perspectivas. Bragantia, Campinas, v.64, n.4, p.517-531, 2005
SILVA, M. S.; NAVES, M.M.V.; OLIVEIRA, R.B.; LEITE, O.S.M. Composição Química e Valor Proteico do Resíduo de Soja em Relação ao Grão de Soja. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, 26(3): 571-576, jul.-set. 2006.
SIQUEIRA, T. V., o ciclo da soja: desempenho da cultura da soja entre 1961 e 2003. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 20, p. 127-222, set. 2004.

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