PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA E AVALIAÇÃO DE ATIVIDADES BIOLÓGICAS DAS FOLHAS DE SUCUPIRA BRANCA - Pterodon emarginatus Vogel (FABACEAE)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Cavalcante, G.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Ferreira Alves, D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Sousa Silva, A.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Galvão Martins, C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Teixeira Nobre, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Ribeiro Alves, D. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Maia de Morais, S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

Este trabalho teve como objetivo realizar uma triagem fitoquímica, identificação das atividades antioxidante, anti-Artemia e anti-Leishmania do extrato etanólico das folhas de Pterodon emarginatus (EEFPE), espécie conhecida como sucupira branca. A prospecção fitoquímica revelou a presença de fenóis, taninos flobafênicos, flavonas, flavonóis, flavononois, xantonas e saponinas. O EEFPE apresentou baixa atividade antioxidante, ativo frente à Artemia salina e atividade moderada anti-Leishmania. Como é possível inferir que as classes de compostos presentes nas folhas desta espécie, possuem potencial farmacológico, são necessários estudos adicionais para a identificação dos compostos bioativos.

Palavras chaves

Pterodon emarginatus; Prospecção fitoquímica; Atividade biológica

Introdução

Pterodon emarginatus Vogel (Fabaceae), conhecida popularmente como sucupira branca ou faveiro, é uma árvore nativa da vegetação do Cerrado que pode alcançar até 15 metros de altura e está amplamente incorporada à medicina popular brasileira, sendo utilizados seus frutos e sementes no tratamento de reumatismo, disfunções respiratórias, dores de garganta, depurativa, tônica e anti- inflamatórias (BUSTAMANTE et al., 2010; CARVALHO, 1999). Além disso, as populações também fazem uso de macerações hidroalcólicas do fruto para uso infantil como fortificantes ou estimulantes do apetite, do óleo da semente para tratamento de infecções ginecológicas e dos tubérculos radiculares no tratamento do diabetes (BUSTAMANTE et al., 2010). Estudos fitoquímicos e de atividades biológicas de plantas do gênero Pterodon tem sido foco de diversas pesquisas, tendo estes, identificado a presença de alcaloides nas cascas; isoflavonas e alguns triterpenos nos caules; diterpenos e isoflavonas em óleo das sementes (DUTRA et al., 2009; SANTOS et al., 2010). Entretanto pouco se tem estudado sobre a composição química das folhas de Pterodon emarginatus e seu potencial farmacológico. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi realizar prospecção fitoquímica de metabólitos secundários das folhas de Pterodon emarginatus, bem como investigar seu potencial antioxidante, anti-Artemia e anti-Leishmania.

Material e métodos

As folhas de Pterodon emarginatus foram coletadas em Limoeiro do Norte, Ceará, a partir das quais obteve-se o Extrato Etanólico das Folhas de Pterodon emarginatus (EEFPE). A prospecção fitoquímica de metabólitos secundários foi realizada conforme a metodologia de Matos (1998), com verificação visual de alterações colorimétricas e/ou surgimento de precipitado. A determinação do teor de fenóis totais foi feita por meio de espectrofotômetro no comprimento de onda de 750 nm, utilizando o reagente Folin-Ciocalteu e a curva padrão do ácido gálico (SOUSA et al., 2007). Para a quantificação de flavonoides seguiu-se a metodologia descrita por Funari e Ferro (2006), utilizando o reagente cloreto de alumínio a 2,5%, a curva padrão da quercetina e leitura no comprimento de onda 425 nm. A avaliação da atividade antioxidante seguiu o método de varredura do radical livre DPPH, descrito por Brand-Willians, Cuvelier e Berset (1995). A absorbância foi aferida em espectrofotômetro, a 515 nm. Calculou-se a CI50 (concentração que inibe 50% do radical livre DPPH) e utilizou-se a rutina como padrão. Para avaliar o potencial biológico, utilizou- se Artemia salina conforme descrito por Barbosa et al. (2009). A droga padrão foi dicromato de potássio. Calculou-se a concentração letal que elimina 50% do número de náuplios (CL50). Os testes citados foram realizados em triplicata. Para a avaliação da atividade anti-Leishmania, utilizaram-se formas promastigotas de L. infantum chagasi, cultivadas em meio Schneider suplementado. Os parasitas (106/poço) foram incubados com EEFPE (100 µg/mL) a 26ºC durante 24 horas. A viabilidade celular foi analisada pelo método MTT e a leitura da densidade óptica foi feita num leitor de ELISA a 570 nm. A referência foi o glucantime e realizou-se o teste em duplicata.

Resultado e discussão

A prospecção fitoquímica revelou a presença de fenóis, taninos flobafênicos, flavonas, flavonóis, flavononois, xantonas e saponinas, concordando com Negria, Matteia e Mendes (2014) que identificaram flavonas e saponinas como constituintes principais do EEFPE e não detectaram a presença de terpenoides no mesmo. O EEFPE apresentou 10,6% de fenóis totais e 3,48% de favonóides. Quanto ao teste antioxidante, o EEFPE apesar da alta concentração de fenóis, apresentou baixa atividade quando comparado à substância padrão, quecertina (tabela 1). Em relação à toxicidade frente à A. salina, a CL50 < 1000 µg/mL obtida indica bioatividade, conforme Barbosa et al. (2009). O EEFPE apresentou atividade anti- Leishmania contra as formas promastigotas de L. infantum chagasi, enquanto estudos com o óleo essencial das sementes de P. emarginatus, não apontaram atividade frente a este protozoário (DUTRA et al., 2009).




Conclusões

O Extrato Etanólico das Folhas de Pterodon emarginatus apresentou atividade frente à Artemia salina, que é um indicativo de atividades biológicas, sendo confirmada com o teste anti-Leishmania, o qual mostrou-se moderadamente ativo frente à L. infantum chagasi. Dessa forma, é possível inferir que os compostos encontrados nas folhas desta espécie, possuem potencial farmacológico, necessitando de estudos adicionais para a identificação dos compostos bioativos.

Agradecimentos

Ao CNPQ e ao Departamento de Patologia e Medicina Legal da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Referências

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