Análise Química do Óleo da Casca da Bacaba (Oenocarpus bacaba Mart.)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Melo Filho, A.A. (UFRR) ; Holanda, L.C. (UFRR) ; Moreira, L.P. (UFRR) ; Carvalho dos Santos, R. (UFRR) ; Porto, A. (UFRR) ; Romulo Estevam Ribeiro, P. (UFRR) ; Cristina Gonçalves Reis de Melo, A. (UFRR) ; Nasser Rocha da Costa, H. (UFRR) ; Montero Fernandez, I. (UFRR)

Resumo

A bacaba é uma fruta muito consumida na região Amazônica. Seu consumo está diretamente ligado a alimentação e ao artesanato. Este estudo apresenta a quantificação dos ácidos graxos majoritários e estudos físico-químicos do óleo da casca da bacaba.

Palavras chaves

Bacaba; cascas; óleo vegetal

Introdução

A Oenocarpus bacaba Mart. conhecida popularmente como bacaba é uma palmeira que pode ser encontrada em todo território Amazônico. É uma fruta muito apreciada, apresentando um potencial econômico, ecológico e alimentar, além de apresentar um potencial oleaginoso (PEREIRA et al., 2013). Do seu fruto é obtido um suco oleoso muito apreciado regionalmente e de suas amêndoas pode-se obter um óleo de boa qualidade com características ao zeite de oliva, e ainda podem ser empregadas na confecção de artesanatos. O fruto de bacaba pode ser encontrado em pastos e capoeiras (LEPSCH-CUNHA, 2003; NOGUEIRA; SANTANA, 2009). Este estudo tem como objetivo quantificar os ácidos graxos majoritários e as propriedades físico- químicas por espectometria de RMN 1H.

Material e métodos

As amostras foram adquiridas por pequenos agricultores da Vila de Campos Novos, município de Iracema-RR. Os frutos de bacaba foram higienizados em água corrente, em seguida secos à temperatura ambiente. Foram separados a casca das amêndoas. As cascas foram levadas à estufa para completa secagem por 12 horas a uma temperatura de 50ºC. Após secagem as cascas foram moídas, e posteriormente foram tamizadas em peneiras entre 20-40 mesh. Para a obtenção do óleo das cascas de bacaba utilizou-se o método de extração por Soxlhet usando hexano como solvente. A extração foi realizada num período de 3 horas sob o refluxo do solvente, conforme Correia (2009). Com o auxílio do programa denominado PROTÓLEOS RMN ¹H, foi fornecido a quantificação dos parâmetros de qualidade tais como: índice de iodo (II), índice de acidez (IA), índice de saponificação (IS), massa molecular média (MM), calculando ainda as porcentagens dos ácidos: oleico (Ѡ-9), linoleico (Ѡ-6), linolênico (Ѡ-3) e saturados (SAT), além de calcular a área de próton (Ap), prótons olefínicos (V), total de prótons (T), relação de hidrogênios olefínicos/alifáticos (Ro,a)(FARIAS, 2013).

Resultado e discussão

A extração de óleo da casca de bacaba apresentou o seguinte valor de rendimento 43,94 ±0,02%. Utilizando os valores das integrais do espectro de RMN de ¹H, obtemos a medida direta do grau de insaturação, massa molecular média e o índice de saponificação de qualquer óleo vegetal (REDA; CARNEIRO, 2006) e a composição percentual de ácidos graxos (GUILLEN E RUIZ, 2001; GUILLEN E RUIZ, 2003). Os ácidos graxos insaturados encontrados no óleo da casca da bacaba foram linoleico (ω-6) 5,74%, oleico (ω-9) 1,18% e, por fim, 93,08% de ácidos saturados. Este óleo apresentou índice de iodo de 66,57 mg I2/g. O resultado do índice de saponificação encontrado neste estudo foi de 188,67 mg KOH/g, o valor encontrado indica que o óleo estudado possui um baixo grau de deterioração. O valor encontrado para o óleo deste foi de 0,4%, permanecendo num valor abaixo estabelecido pela ANVISA (2000) que é de 0,6%. O valor encontrado do índice de acidez encontrado para o óleo das cascas de bacaba mostra que o óleo foi bem armazenado e conservado para posterior análises. A massa molecular média encontrada foi de 889,53 g/mol. A relação hidrogênio oleofínico/alinfatico é necessária para calcular o índice de acidez. Um valor maior ou igual a 0,66 indica que o óleo vegetal é apropriado para o consumo humano (REDA; CARNEIRO, 2005). O valor encontrado para o óleo das cascas de bacaba foi de 4,6 indicando que pode ser destinado à alimentação humana.

Conclusões

A extração do óleo da casca da bacaba apresentou um bom rendimento e a análise química desse óleo apresentou composição majoritária de ácidos graxos saturados. As propriedades físico-químicas mostraram concordâncias com a porção graxa, uma vez que apresentando maiores ácidos graxos saturados, menor índice de iodo, também apresentou características apropriadas para o consumo humano.

Agradecimentos

A CAPES pelo suporte financeiro e a UFMG pela análise da espectometria de RMN 1H.

Referências

ANVISA. RESOLUÇÃO 482, de Setembro de 1999. Republicada em jul, 2000. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/482_99.htm. Acesso em 10 de julho, 2013.
CORREIA, I. M. S. Extração e Pirólise do óleo de Girassol (Helianthus annus L.) Visando a Produção de Biocombustíveis. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN, Natal, 2009.
LEPSCH-CUNHA, N. EFEITO DA FRAGMENTAÇÃO DO HABITAT E DO DESMATAMENTO NO SUCESSO PRODUTIVO DE UMA PALMEIRA AMAZÔNICA: Oenocarpus bacaba MARTIUS. 2003. p. 96. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Amazônia/ INPA, Manaus – AM, 2003.
FARIAS, E. S.; PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS E PERFIL DOS ÁCIDOS GRAXOS DO ÓLEO DA SEMENTE DE ANDIROBA (Carapa guianensis Aublet) DE RORAIMA. 2013. p. 74. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Roraima, Boa Vista –RR, 2013.
GUILLÉN, M. D.; RUIZ, A .High resolution 1H Nuclear Resonance in Study of Edible Oils and Fats. Trends in Food Science & Technology, n.12, p.328–338, 2001.
. Rapid simultaneous determination by proton NMR of unsaturation and composition of acyl groupsin vegetable oils. Eur. J. Lipid Sci. Technol, n.105, p. 688–696, 2003.
MORETTO, E.; FETT, R. Tecnologia de Óleos e Gorduras Vegetais. São Paulo: Varela, 1998. 150p.
NOGUEIRA, A. K. M.; SANTANA, A. C. ANALISE DE SAZONALIDADE DE PREÇOS DE VAREJO DE AÇAI, CUPUAÇU E BACABA NO ESTADO DO PARÁ. Revista de Estudos Sociais. v. 1, n. 21, p. 7- 22, 2009.
PEREIRA, S. A.; ALVES, H. P. SOUSA, C. M.; COSTA, G. L. S. PROPESCÇÃO SOBRE O CONHECIMENTO DE ESPÉCIES AMAZÔNICAS – Inajá (Maximiliana maripa Aublt.) e bacaba (Oenocarpus bacaba Mart.). Revista GEINTEC. v. 3, n. 2, p. 110-122, 2013.
REDA, S. Y.; CARNEIRO, P. I. B. Parâmetros físico-químicos do óleo de milho in natura e sob aquecimento calculado pelo programa PROTEUS RMN H¹. UEPG - Exact Earth Sci., Agr. Sci. Eng. Ponta Grosa: p. 31-36, 2006.

REDA, S. Y.; CARNEIRO, P. I. B.; CARNEIRO, E. B. B. 1H NMR Characterization of Seed Oils from Rangpur Lime (Citrus limonia) and “Sicilian” Lemon (Citrus limon). Ann. Magn. Reson, v. 4, n. 3, p.64- 68, 2005.

Patrocinadores

CNPQ CAPES CRQ15 PROEX ALLCROM

Apoio

Natal Convention Bureau Instituto de Química IFRN UFERSA UFRN

Realização

ABQ