Voláteis das flores de pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link) por três métodos: headspace, hidrodestilação e fluido supercrítico.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Bezerra-silva, P.C. (UFPE) ; Albuquerque, B.N.L. (UFPE) ; Rocha, S.K.L. (UFPE) ; Navarro, D.M.A.F. (UFPE)

Resumo

Com o objetivo de identificar e comparar os voláteis presentes nas flores de pata- de-vaca rosa (Bauhinia forficata) foram utilizados 3 métodos: headspace, hidrodestilação e fluido supercrítico. As 3 técnicas se mostraram eficazes na captação de voláteis das flores. A amostra de headspace se mostrou mais diversificada e reflete os voláteis naturalmente exalados pelas flores enquanto as técnicas de óleo essencial e fluido supercrítico se mostraram com maiores rendimentos, o que possibilitam testes biológicos posteriores.

Palavras chaves

voláteis; Bauhinia forficata; supercrítico

Introdução

Bauhinia forficata Link (Leguminosae) é uma das cerca de 1.000 espécies do gênero Bauhinia (GBIF, 2014). É uma árvore de porte médio, encontrada na América do Sul e Central, que possui flores brancas e rosas e fruto em forma de vagem. Os extratos de diferentes espécies desse gênero são usados na medicina popular pois diversas propriedades terapêuticas as são atribuídas como analgésicas, anti-inflamatória, antirreumática, antidiabética (MARTINS et al, 1998). A infusão das folhas de B. forficata é utilizada na medicina popular brasileira como agente diurético, hipoglicemiante, tônico, depurativo, no combate à elefantíase e na redução da glicosúria (CECHINEL-FILHO, 2009). Os voláteis das folhas da espécie já foram previamente estudados e foram encontrados mono e sesquiterpenos. Duarte-Almeida e colaboradores (2004), utilizando o método de destilação por arrasta à vapor, identificaram β-elemene, β-caryophyllene, bicyclogermacrene, α-humulene e um isômero do copaene como componentes principais. Sartorelli e Correa (2007), utilizando o método de hidrodestilação, identificaram γ-elemene, Z-β-farnesene, α-bulnesene e caryophyllene oxide como componentes principais. Ainda não foram reportados na literatura dados sobre os voláteis das flores da espécie. Portanto, objetivo desse trabalho é identificar os voláteis presentes nas flores de pata-de-vaca rosa utilizando 3 métodos: headspace, hidrodestilação e fluido supercrítico.

Material e métodos

As flores foram coletadas em árvores localizadas dentro do Campus da UFPE. Extração por headspace (HS): Um total de 30 flores inteiras foi utilizado e em cada saco (um para as flores e outro para o branco) um filtro de carvão ativado para filtragem do ar, que foi puxado por meio de bombas de vácuo (Thomas, Germany) a fluxo constante de 0,8 L/min. A captura de voláteis foi feita em traps contendo 0,005 g de uma mistura de carbopack/tenax 1:1 por 100 min. Os voláteis capturados foram dessorvidos em hexano. Extração por hidrodestilação (OE): aproximadamente 250 flores, pesando um total de 330,0g foram trituradas e misturadas à água destilada em um balão de fundo redondo. O balão foi aquecido em manta aquecedora, acoplado a um condensador e aparelho Clevenger modificado e mantido por 3h numa temperatura entre 150-170 °C. O óleo essencial foi coletado, seco com sulfato de sódio anidro. Extração por fluido supercrítico (FS): aproximadamente 10 flores, pesando um total de 10,0g foram trituradas e colocadas no cilindro de extração. O gás usado foi CO2 (99,99%) a um fluxo de 12 mL/min. Após fechamento e pressurização do aparelho (1.500 psi) a temperatura foi ajustada em 70 °C e foi mantida nos 30 minutos de extração. Após esse tempo, o pressurizador foi desligado, a válvula restritora aberta, e o extrato foi sendo armazenado em um recipiente próprio, sob temperatura de aproximadamente 4 °C. Análise dos voláteis: Todas as amostras foram diluídas em hexano e injetadas em GC-MS, equipado com uma coluna HP-5. Os compostos foram identificados por meio da análise dos espectros de massa, cálculo de índices de retenção e comparação com padrões autênticos.

Resultado e discussão

Os métodos se mostraram eficientes na extração de voláteis, produzindo extratos com cheiro característico. A amostra de HS é a que contém a menor concentração dos componentes e se apresenta como uma solução transparente; a de OE apresenta coloração amarelo-esverdeada, aspecto viscoso e a de FS apresenta coloração amarela forte e aspecto oleoso. A extração por FS apresentou um maior rendimento em % (m/m). Após a análise por GC-MS foi possível constatar que a técnica que apresentou maior diversidade de compostos foi a de HS, com 48 dos 68 componentes encontrados, seguida por FS com 45 e OE com 40. Alguns compostos estiveram presentes apenas em alguns dos extratos como no HS onde 15 dos 68 componentes foram encontrados apenas na amostra de HS, sendo inclusive o E-β-ocimene um dos majoritários dessa amostra com 9,03% em área do total, o FS com 9 e o OE com 3 dos 68 componentes. Os compostos exclusivos para o FS foram em sua maioria os mais pesados com IR maior que 2.000. Os compostos majoritários (tabela 1) são compostos por mono e sesquiterpenos e os principais componentes estão presente nas 3 amostras exceto pelo E-β-ocimene, eles estão dispostos na figura 1. A amostra de HS possuem os componentes mais voláteis até alguns sesquiterpenos, a amostra de OE e FS possuem compostos mais pesados o que pode ser devido ao fato de ambas serem feitas com as flores trituradas, foram aquecidas e no caso do FS ainda extraída com CO2 supercrítico que possibilitou a extração de compostos mais pesados.

Tabela 1

Tabela 1. Constituintes majoritários (% >1) das amostras de voláteis de headspace, hidrodestilação e fluido supercrítico.

Figura 1

Figura 1. Componentes majoritários das amostras de voláteis de headspace, hidrodestilação e fluido supercrítico de Bauhinia forficata.

Conclusões

As 3 técnicas se mostraram eficazes na captação de voláteis das flores. A amostra de HS se mostrou mais diversificada e reflete os voláteis realmente exalados pela flor intacta em seu ambiente enquanto as técnicas de OE e FS se mostraram com maiores rendimentos, o que possibilitam testes biológicos posteriores, porém com substâncias que estão presentes na flor, mas não são exaladas naturalmente.

Agradecimentos

FACEPE, CNPq e CAPES pelo apoio financeiro.

Referências

ADAMS, R.P. Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/Mass Spectrometry. 4. ed. Carol Stream: Allured Publishing Corporation, 2009.
CECHINEL-FILHO, V. Chemical composition and biological potential of plants from the genus Bauhinia. Phytotherapy Research, 23, 1347–1354, 2009.
DUARTE-ALMEIDA, J. M.; NEGRI, G.; SALATINO, A. Volatile oils in leaves of Bauhinia (Fabaceae Caesalpinioideae). Biochemical Systematics and Ecology, 32, 747-753, 2004.
GBIF (2014). Global Biodiversity Information Facility. Genus: Bauhinia. Disponível em: < http://data.gbif.org/occurrences/search.htm?c%5B0%5D.s=0&c%5B0%5D.p=0&c%5B0%5D.o=Bauhinia >. Acesso em: 11 Ago. 2014.
MARTINS, R. E.; CASTRO, D. M.; CASTELLANI, D. C.; DIAS, J. E. Plantas Medicinais. Viçosa: Ed. UFV, p. 155, 1988.
SARTORELLI, P.; CORREA, D. S. Constituents of Essential Oil from Bauhinia forficata Link. Journal of Essential Oil Research, 19, 468-469, 2007.

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