Isolamento e identificação de iridoide nas folhas de Genipa americana Linnaeus

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Mendonça Araújo, R. (UFRN) ; Ferreira Alves, J.S. (UFRN) ; Diógenes Pinto, J.L. (UFRN) ; Azevedo de Medeiros, L. (UFRN) ; Zucolotto, S.M. (UFRN)

Resumo

Genipa americana L. pertencente à família Rubiaceae é vastamente distribuída no bioma brasileiro. Na medicina popular, suas folhas são usadas para tratamento de febre,diarreia, sífilis e problemas hepáticos. O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo fitoquímico das folhas de G. americana, no qual foi isolado iridoide garadenal-I.

Palavras chaves

Genipa americana; jenipapo; iridoide

Introdução

Popularmente conhecida como “jenipapo” ou “jenipapeiro”, Genipa americana pertencente à família Rubiaceae, apresenta-se amplamente distribuída no bioma brasileiro, especialmente na bacia amazônica, cerrado, caatinga e restinga (DELPRETE;JARDIM, 2012). Estudos etnofarmacológicos demonstram que as folhas de G. americana são usadas para tratamento de febre, diarreia, sífilis e problemas hepáticos (ERBANO; DUARTE, 2010). O objetivo deste trabalho foi isolar os metabólitos do extrato das folhas (EHF) de G. americana.

Material e métodos

O EHF de G. americana foi obtido por maceração em etanol 70%. Posteriormente, o EHF foi particionado com solventes de polaridade crescente, utilizando-se para isso de diclorometano, éter de petróleo, acetato de etila e n-butanol, das quais se obtiveram 11,8 g, 36,9 g, 18,7 g e 55,05 g, respectivamente, após secagem em evaporador rotatório. A fração acetato de etila (4,493 g) foi submetida à Cromatografia Líquida a Vácuo (CLV), resultando em 10 frações, das quais, a fração 3 (330,2 g) foi submetida à cromatografia em coluna clássica (CC) de 30 x 2cm, preenchida com gel de sílica, utilizando-se clorofórmio: metanol: água (9:1:0,1; v/v/v) como fase móvel, fluxo de 1 mL/min, objetivando-se a purificação de possíveis iridoides com coloração roxo-escuro observados em Cromatografia em Camada Delgada (CCD), após o uso do revelador vanilina sulfúrica (WAGNER; BLADT, 2001). Este procedimento resultou em 270 sub-frações, as quais foram reagrupadas em 7 sub-frações (A-G). A sub-fração F (40 mg) foi submetida ao processo de isolamento por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) semi-preparativa em aparelho Shimadzu-UV, com coluna RP 18 Waters (250 x 10 mm, 10 µm) e fase móvel acetonitrila: água (8:92; v/v), fluxo 4,5 mL/ min durante 25 minutos. As amostras foram coletadas conforme o desenvolvimento do cromatograma, no qual foram observados três picos, que foram enumerados de 1 a 3. A amostra 3 (4 mg) foi analisada por Ressonância Magnética Nuclear (RMN) – 1H e 13C, DEPT-145, COSY e HSQC.

Resultado e discussão

A substância codificada GF3 (5 mg) é de aspecto resinoso e coloração marrom- claro. A massa total obtida foi usada para análise por RMN para obtenção de espectros de RMN de 1H e 13C e DEPT-145, a partir dos quais foi possível a atribuição dos deslocamentos químicos das absorções de hidrogênio e carbono e caracterização da molécula (Tabela 1). Adicionalmente, recorreu-se à literatura acerca de dados de RMN de iridoides. Assim, a determinação de GF3 foi possível por meio da análise de dados e espectrais e da comparação com a literatura. Na análise de RMN de 13C verificou-se a presença de um grupo aldeído em C-11 (δ 191,14) e ainda uma forte instauração na molécula, correspondendo ao C-3, C-4, C-7 e C8 (δ 162,45, δ 123,66, 126,07 e 143,61). Sinais semelhantes são encontrados nos dados RMN de 13C do 1,4a, 5, 7a, tetrahidro-7-(hidroximetil)1- metoxiciclo-penta piran-4-carbaldeído (Tabela 1). Posteriormente, observou-se que o 1-β-metoxi-gardendiol e artselaenina-A possuíam semelhança à molécula suposta para GF3, esses dados possibilitaram o entendimento dos deslocamentos e acoplamentos visualizados no espectro de hidrogênio de GF3. Nos espectros referentes às absorções de hidrogênio é possível confirmar a presença de um grupo aldeído (δ 9,25), a presença de ligação dupla em C-3 e C-4 e o efeito indutivo retirador de elétrons do grupo aldeído desblindam H-3 (δ 7,57). A ocorrência de multipletos em H-5, H6, H-9, confirmam a presença de hidrogênios diastereotópicos, devido à existência de estereocentros (C-1, C-5 e C-9). Essa característica pode ser visualizada em H-10, por apresentar acoplamento geminal (J=15) (Tabela 2). Assim, o iridoide GF3 foi identificado como sendo o tetrahidro-7-(hidroximetil)1-metoxiciclo-pentapiran-4-carbaldeído, ou Garadenal.

Tabela 1



Tabela 2



Conclusões

O estudo fitoquímico do extrato hidroetanólico das folhas de G. americana permitiu o isolamento e identificação do iridoide: 1, 4a, 5, 7a tetrahidro-7- (hidroxilmethil)-1-methoxiciclopentapiran – 4 – carbaldeido, conhecido como Garadenal-I. O estudo apresenta importância quimotaxonômica, visto que é a primeira vez que foi identificado um iridoide nas folhas dessa espécie. Novos estudos serão desenvolvidos com finalidade investigar o potencial farmacológico desta molécula.

Agradecimentos

CAPES E UFRN.

Referências

DELPRETE, P. G.; JARDIM, J. G. Systematics, taxonomy and floristics of Brazilian Rubiaceae: an overview about the current status and future challenges. Rodriguésia , v.63, n.1, p. 101-128, 2012.

DINDA, B.; DEBNATH, S.; HARIGAYAC, Y. Naturally Occurring Secoiridoids and Bioactivity of Naturally Occurring Iridoids and Secoiridoids. A Review, Part 2. Chemical and Pharmaceutical Bulletin, n.5, v. 55, p.689-728, 2007.

ERBANO, M.; DUARTE, M. R.. Morfoanatomia de folha e caule de Genipa americana L., Rubiaceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 20, n. 6, p. 825-832, 2010.

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