Um estudo químico de Bactris gasipaes Kunth

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Química Orgânica

Autores

Santos, W.R.L. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Costa, L.F.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Gonçalves, J.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Carneiro, J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

Este trabalho trata de um estudo químico do fruto da árvore pupunheira (Bactris gasipaes Kunth) conhecido como popularmente como pupunha. O objetivo principal foi realizar a identificação dos metabólitos secundários e da enzima peroxidase no fruto. A metodologia utilizada para tal foi composta de testes com reagentes específicos para os grupos orgânicos, seguido de comparação com dados da literatura. Os resultados obtidos no trabalho mostram que a polpa do fruto apresenta reações favoráveis na presença de reagentes identificadores de compostos químicos e da enzima peroxidase. Portanto, este trabalho vem colaborar e enriquecer o conhecimento sobre a composição química do fruto,abrindo espaço para trabalhos futuros de isolamento e elucidação estrutural dos mesmos.

Palavras chaves

Pupunha; Metabólitos secundários; Enzima peroxidase

Introdução

A pupunheira (Bactris gasipaes Kunth.) é uma palmeira de clima tropical nativa da Amazônia que apresenta ampla diversidade genética em suas populações silvestres e domesticadas, devido aos seus diferentes estádios de domesticação, locais de cultivo e por atender a diversas preferências humanas em termos de sabor, uso, processamento e até cor (CLEMENT; SANTOS, 2002). O fruto, é conhecido com pupunha e quando maduro, possui um epicarpo fibroso que varia de cor, podendo ser vermelha, laranja ou amarela, e um mesocarpo que varia de amiláceo a oleoso, com um endocarpo envolvendo uma amêndoa fibrosa e oleosa. Muitos trabalhos são encontrados quando se fala em metabólitos secundários e enzima peroxidase, porém poucos relacionados com o fruto da pupunheira. A grande quantidade e a enorme diversidade de metabólitos secundários vegetais tem aguçado o interesse dos pesquisadores, embora os metabólitos primários também tenham propriedades interessantes sua representatividade é bem menor se comparada aos metabólitos secundários que são fonte promissora de novas moléculas úteis à humanidade (SIMÕES et al., 2004). As peroxidases são enzimas pertencentes ao grupo das oxiredutases e estão extensamente distribuídas na natureza. Na química, sua ação catalítica oxidativa é importante e pode ser aproveitadas, pois uma grande variedade de substâncias orgânicas são seus substratos alvos (CARNEIRO, 2010). In vitro, esta enzima é amplamente utilizada na microanálise, na construção de eletrodos e outras aplicações e, também, para a síntese e biotransformação de moléculas orgânicas (COLONNA et al., 1999; CARNEIRO, 2010). Assim sendo, este trabalho tem como objetivo principal enriquecer o conhecimento químico sobre o fruto pupunha (Bactris gasipaes Kunth).

Material e métodos

As fontes enzimáticas utilizadas foram os frutos da pupunha (Bactris gasipaes Kunth.) provenientes do município de Abaetetuba. Todos os frutos foram transportados em sacos de polietileno para o laboratório multidisciplinar da Universidade do Estado do Pará, campus Barcarena e em seguida foram selecionados obedecendo ao padrão de frutos sadios, isentos de defeitos e parasitas, estes foram lavados e enxaguados em água corrente. PARA O TESTE DE IDENTIFICAÇÃO DA ENZIMA PEROXIDASE Os frutos foram descascados e despolpados manualmente utilizando facas inoxidáveis, os caroços foram descartados e utilizou-se cerca de 10 g da polpa para a obtenção do extrato enzimático. Esta massa foi transferida para uma cápsula de porcelana e submetida à maceração com o auxilio de um pistilo, em seguida, adicionou-se 30 ml de água destilada na proporção de 1:3. Os extratos obtidos foram centrifugados por 10 min e em seguida, transferiu- se 1 mL para um tubo de ensaio com 1 mL de solução de Guaiacol e 1mL de Peróxido de hidrogênio. A enzima peroxidase é identificada pelo aparecimento da coloração alaranjada. PARA A ANÁLISE DOS METABÓLITOS SECUNDÁRIOS Para a identificação dos metabólitos secundários será utilizado o Screening fitoquímico (MOREIRA, 1979). Neste processo é feita uma prospecção preliminar de determinados constituintes químicos ou metabólitos secundários. Posteriormente, analisam-se as reações positivas para cada um dos compostos encontrados, de acordo com Silva et al.,(2010) e Simões et al.,(2004).

Resultado e discussão

QUANTO A PRESENÇA DA ENZIMA PEROXIDASE Adicionou-se o guaiacol ao extrato da pupunha, formando uma solução sem ocorrência de mudança na coloração, Logo em seguida, ao adicionar o peróxido de hidrogênio pôde-se notar a alteração da coloração inicial. A diferença de coloração, ou seja, o aparecimento da coloração que varia de alaranjado a um vermelho–tijolo, pode ser explicada pela presença da enzima peroxidase, a qual teve atividade enzimática que durou aproximadamente 1 minuto e 30 segundos. Com isso, tem-se resultados positivos com relação a atividade oxidativa, pois foi adicionado ao meio o agente oxidante (H2O2) o substrato orgânico (Guaiacol), assim o catalizador (extrato bruto) pôde atuar, ocorrendo desta forma, uma reação de oxidação-redução. QUANTO AOS METABÓLITOS SECUNDÁRIOS Para fenóis o resultado foi positivo, confirmando o que foi afirmado por Simões et al., (2004) com o desenvolvimento da cor verde. Para os taninos a reação ocorreu assim que a solução entrou em contato com o extrato da pupunha, desenvolvendo a cor verde e formando um precipitado de mesma cor indicando a presença de taninos condensados. De acordo com Silva et al., (2010), os testes de esteroides e triterpenóides foram considerados negativos pois não ocorreu nenhuma mudança de coloração. O teste de flavonóides ocorreu conforme descrito por Simões, et al. (2004), com o aparecimento da cor vermelha, confirmando a presença de flavonoides. Segundo Silva et al., (2010), deve existir o aparecimento de espuma persistente e abundante, chamada de colarinho. Dessa forma, o teste foi considerado positivo, uma vez que o colarinho persistiu por mais de 30 minutos.

Conclusões

Através dos testes químicos no fruto da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth.) foi comprovada a presença da enzima peroxidase e a presença das seguintes classes de metabólitos secundários: Flavonóides, Saponinas, Fenóis, Taninos. O leque de substâncias presentes em um único organismo é imenso, por isso, é importante o estudo químico desses compostos, os quais com o passar do tempo podem beneficiar diversas áreas, tais como, indústria química e farmacêutica. Desta forma, o trabalho visa enriquecer o conhecimento sobre a composição química do fruto e trazer vários benefícios à humanidade.

Agradecimentos

A Universidade Estadual do Pará pelo apoio do PIBIC-UEPA.

Referências

CARNEIRO, J. C. extração e caracterização parcial de concentrado enzimático com atividade peroxidásica de frutos de bactris gasipaes e uso na biotransformação do HMP (ácido kójico). Belém 2010, 139p. Tese (Doutorado em Química Orgânica) - Faculdade de Química, Universidade Federal do Pará (UFPA), 2010.

CLEMENT, C. R.; SANTOS, L. A. Pupunha no mercado de Manaus: preferências de consumidores e suas implicações. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, n. 3, p. 778-779, 2002.

COLONNA, S. et al. Recent biotechnological developments in the use of peroxidases Trends Biotechnol., v. 17, p. 163-168, 1999.

MOREIRA, E. A. Marcha sistemática de análise em Fitoquímica. Trab. Farmac. v. 47, n. 1, p. 1-19, 1979.
SILVA, N. L. A. da; MIRANDA, F. A. A.; CONCEIÇÃO, G. M. da. (2009). Triagem fitoquímica de plantas de Cerrado, da área de proteção ambiental municipal do Inhamum, Caxias, Maranhão. Scientia Plena, v.6, n.2, p.1-17, 2010.

SIMÕES, C. M. O. et al. (Org.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 5. ed. Florianópolis: UFSC; Porto Alegre: UFRGS, 2004.

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