Extração sequencial de ferro em alface (Lactuca sativa L.)

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Alimentos

Autores

Borges, E.C.L. (IFG/CÂMPUS INHUMAS) ; Sá, F.P. (IFG/CÂMPUS INHUMAS) ; Costa, C.A.L. (IFG/CÂMPUS INHUMAS) ; Gomes, L.R. (IFG/CÂMPUS INHUMAS)

Resumo

A extração sequencial é uma técnica de especiação química que auxilia na avaliação da biodisponibilidade dos minerais porque indica a proporção do nutriente que é absorvido e utilizado pelo organismo, enquanto que, a determinação do teor total do metal ingerido pelo organismo não possibilita traçar um perfil da eficiência de sua absorção. Os extratores utilizados em pó seco a 40 oC de alface-crespa cultivar Verônica foram: CaCl2 1,0 mol/L; solução tampão de ácido acético/acetato pH 5,0; ácido acético 0,5 mol/L; NaOH pH 12,0 e HCl 2,0 mol/L. O tempo de agitação foi de 1 hora e analisado o teor de ferro por espectrofotometria na região do visível pelo método o- fenantrolina. Os resultados estão abaixo dos valores citados pela literatura devido à diferença do método, sequencial e total.

Palavras chaves

Alface; ferro; especiação

Introdução

A “International Union for Pure and Applied Chemistry” (IUPAC) definiu especiação como sendo a ocorrência de um elemento em diferentes formas em um sistema, onde a soma dessas formas físico-químicas será igual a concentração total desse elemento (TEIXEIRA, DA VEIGA, 2014). A determinação da especiação de um nutriente em um alimento pode ser estimada basicamente em testes de solubilização sequencial das diferentes frações geoquímicas de um analito às quais está associado (FONSÊCA; VIEIRA, 2011). Para especiação em amostras sólidas, inicialmente deve ser aplicado um método de extração, que pode ser seletivo ou seqüencial. Um elemento pode estar presente em um sólido sob a forma de espécies adsorvidas na superfície, como precipitados, em sítios de troca iônica nas superfícies das partículas, como co- precipitados, ocluídos ou como compostos de coordenação. Quando a extração seqüencial é aplicada, está baseada na progressão de extratores fracos até um extrator forte (ANDRADE; ALVES; TAKASE, 2005). Em média, as plantas possuem cerca de 5% de nutrientes minerais na massa seca total, porém existe grandes diferenças entre as espécies que se intensificam com o florescimento e a frutificação (KANO; CARDOSO; VILLAS BÔAS, 2011). A absorção de minerais pela planta, depende de vários fatores como dos estoques vegetais, do conteúdo fornecido pelo solo (ou solução nutritiva) e da fonte mineral. Embora exista estudos sobre nutrição e recomendações de adubação para o cultivo comercial de alface, raramente se encontram trabalhos que abordem a especiação de ferro. Com isso, por causa da escassez de informações, o objetivo deste trabalho foi determinar o teor de ferro pela alface nas diferentes frações geoquímicas utilizando-se a extração sequencial proposta por Tessier et al. (1979).

Material e métodos

Amostras do grupo de alface (Lactuca sativa L.) crespa cultivar Verônica foram secas à 40 oC e pulverizadas. A extração sequencial seguiu, com adaptação, a metodologia descrita por Andrade, Alves e Takase (2005): 1,6 g de amostra foi deixada em agitação por 1 hora com cada extrator: (A) cloreto de cálcio 1,0 mol/L; (B) tampão acetato pH5,0; (C) ácido acético 0,5 mol/L; (D) hidróxido de sódio pH12 e (E) ácido clorídrico 2 mol/L. Após a filtração, determinou-se o teor de ferro por espectrofotometria na região do visível utilizando-se a metodologia 1,10-fenantrolina conforme Teixeira et al. (2006) com adição padrão.

Resultado e discussão

O método analítico proporcionou linearidade de resposta da absorbância em função da concentração para as soluções de ferro padrão e da amostra de alface, no intervalo de concentrações entre 0,01 e 1,0 mg/L, submetidas à leitura espectrofotométrica a 510 nm. O cálculo da regressão linear, gerou a equação da reta descrita a seguir (A = 1,95 (±0,56432) + 14,3 (±0,28358) * C), e coeficiente de correlação linear (R2) igual a 0,99382, onde A é a variação de absorbância e C a concentração em mg/L de ferro. O teor de ferro, em mg/kg, em cada extrator foi: (A) 2,04 (13,0%); (B) 4,02 (12,6%); (C) 2,27 (4,91%); (D) 4,84 (0%); (E) 0,868 (12,9%). Ao comparar o teor total, 14,07 mg/kg, com o teor citado por Sanchez (2007) - cerca de 168 mg/kg – há diferença significativa de 95% entre os métodos. Analisando o efeito de cada extrator, observou-se que o maior conteúdo de ferro está ligado a compostos orgânicos e sulfetos.

Conclusões

A extração sequencial não apresentou como método ideal devido a falhas experimentais mas revelou o maior conteúdo de ferro ligado a compostos orgânicos e sulfetos. Este estudo expressou, a necessidade em desenvolver um protocolo do método de extração sequencial para análise de ferro em alface.

Agradecimentos

Ao IFG pelo custeio do projeto no Programa de Apoio à Produtividade em Pesquisa (EDITAL Nº 006/2014-PROPPG). Ao NEPIAP e NEPEC, pelas discussões em grupo.

Referências

ANDRADE, É. C. B.; ALVES, S. P.; TAKASE, I.. Extração seqüencial de cobre, ferro e zinco em ervas medicinais. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas , v. 25, n. 4, p. 844-848, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20612005000400035&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 17 jul. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-20612005000400035. FONSECA, M. D. S. Extração sequencial de Fe e Zn em amostras de rapadura. 2011. Iniciação científica (Graduando em Licenciatura Em Química) - Universidade Federal do Piauí. 2011. Disponível em: <http://www.ufpi.br/21sic/Documentos/RESUMOS/Modalidade/Exatas/Maria%20Dalva.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2015. KANO, C.; CARDOSO, A. I. I.; VILLAS BÔAS, R. L. Acúmulo de nutrientes pela alface destinada à produção de sementes. Horticultura Brasileira, n.29, 2011. p. 70-77. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/hb/v29n1/12.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2015. TEIXEIRA, M. B.; DA VEIGA, M. A. M. S. Avaliação e especiação do ferro bioacessível em alimentos. 2014. 84 f. Dissertação (Mestrado em Química) - Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59138/tde-22092014-155452/pt-br.php>. Acesso em: 17 jul. 2015. TESSIER, A.; CAMPBELL, P. G. C.; BISSON, M. Sequential Extraction Procedure for the Speciation of Particulate Trace Metals. Analytical Chemistry, v. 51, n. 7, 1979. p. 844-851. Disponível em: <http://www.dim.uchile.cl/~lsaavedr/archivos/joseline/pdf/Tessier-1979-Sequential%20Extraction%20Procedure%20for%20the%20Speciat.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2015.

Patrocinadores

CAPES CNPQ Allcrom Perkin Elmer Proex Wiley

Apoio

CRQ GOIÁS UFG PUC GOIÁS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Goiás UEG Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA SINDICATO DOS TRABALHADORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO BIOCAP - Laboratório Instituto Federal Goiano

Realização

ABQ ABQ Goiás