DETERMINAÇÃO DE METAIS PESADOS PRESENTES EM ERVAS UTILIZADA NO TERERÉ COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE COXIM-MS.

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Alimentos

Autores

de Oliveira Ferreira, J. (IFMS) ; Freitas Henrique, A. (IFMS) ; Rodrigues de Oliveira, H. (IFMS)

Resumo

O consumo da erva-mate sobre a infusão com água fria, mais popularmente conhecido como tereré é muito apreciada pelos Sul Mato-grossenses. Na cidade de Coxim-MS seu consumo é muito elevado, assim o presente trabalho tem como objetivos determinar os teores de metais pesados presentes em ervas de tereré comercializadas na cidade de Coxim-MS, e verificar se esses teores estão dentro dos limites permitidos pela legislação vigente. Foram selecionadas 26 amostras de ervas que foram analisadas por espectrofotometria de absorção atômica com chama (FAAS), que determinou os teores dos metais cobre, chumbo, cadmio, cobalto e níquel. Também foi realizada a digestão ácida das ervas em forno micro-ondas. Apenas o metal chumbo apresentou valores acima do permitido pela legislação.

Palavras chaves

Erva-Mate; Tereré; Metais Pesados

Introdução

A utilização da erva mate ingerida na forma de chás vem sendo consumida desde os séculos XVII e XVIII, que relatam cultivos e consumo pelos índios, onde a bebida estimulante era muito apreciada pelos caciques e chefes das tribos (VALDUGA, 1997). Além do chá a planta é muito utilizada sobre infusão com água fria, mais popularmente conhecido como tereré ou tererê (FREITA, 2011 e VALDUGA, 1997). A bebida faz parte do Patrimônio Histórico e Cultural desde 2011 do estado do Mato Grosso do Sul, e também é uma das principais bebidas consumidas no pais vizinho: o Paraguai (CALDAS, 2012). Assim como os seres humanos, as plantas possuem microelementos essenciais em sua constituição natural, que agem na sua germinação, crescimento e funcionamento adequado, entre esses microelementos estão alguns metais, onde estes precisam estar em quantidades especificas para auxiliar no desenvolvimento natural das plantas, pois em quantidades muito superior podem ocasionar efeitos contrários, podendo interromper o desenvolvimento da planta, e se a mesma for consumida pelo ser humano pode intoxica-lo ocasionando diversos problemas de saúde (SAIDELLES, 2010). Como o consumo da erva-mate utilizada no preparo do tereré é muito elevada, surge a preocupação de possíveis contaminações através da erva consumida diariamente pela população. O presente trabalho analisou os teores de metais pesados como Cobre (Cu), Chumbo (Pb), Níquel (Ni), Cadmio (Cd) e Cobalto (Co), por espectrofotometria de absorção atômica em chama (FAAS), em ervas consumidas para tereré na cidade de Coxim-MS, verificando se esses teores estavam dentro dos permitidos pela legislação vigente.

Material e métodos

Foram adquiridas 26 amostras de produtos de erva mate utilizadas para tereré, comercializadas em mercados na cidade de Coxim-MS. As amostras foram trituradas e pesadas cerca de 10 g, onde foram submetidas a infusão com água fria a temperatura de 6°C à 7°C, até atingirem a temperatura ambiente 25°C, em seguidas foram filtradas e adicionados 5 mL de ácido Nítrico (HNO3) P.A. de acordo com a método apresentado por SANTOS, 2006, adaptado. E transferidas para Erlenmeyers de 250 mL, que estavam sobre uma chapa de aquecimento que chegou atingir uma temperatura de 160°C, e aos poucos foram adicionados 5 mL de ácido nítrico concentrado P.A e 100 µL de peróxido de hidrogênio, que permaneceram por cerca ade 5 horas até completarem a degradação da matéria orgânica. As amostras secas em uma estufa com temperatura de 50°C durante 4 horas para secagem. Antes de serem levadas para a digestão ácida em forno micro-ondas, foi realizada uma pré-digestão para eliminação de matéria orgânica. Pesou-se cerca de 0,5 g e adicionou-se 10 mL de ácido nítrico concentrado P.A. ao qual foram colocadas em banho- maria por cerca de 30 min. Após o banho-maria, os tubos foram devidamente tampados e colocados na estante dentro do forno micro-ondas, para continuar o processo de digestão, durante um período de 50 min, as amostras foram retiradas do forno micro-ondas e então adicionou-se 100 µL de peróxido de hidrogênio. Então os tubos voltaram novamente para o forno para completar a digestão, por aproximadamente 30 minutos, na sequência filtradas de acordo com método ervas, digestor MARS6. Após o preparo das amostras tanto as infusões a fria quanto a digestão ácida as mesmas foram então levadas para análise no aparelho de espectrofotômetro de Absorção Atômica com chama (FAAS) 220 FS Varian.

Resultado e discussão

Infusão Com Água Fria: Nota-se que em todas as amostras de ervas analisadas apenas o metal chumbo apresentou valores muito acima do permitido, que variaram de 4,79 à 9,20 mg/kg, e o valor máximo permitido segundo a Resolução N° 42 da ANVISA é de apenas 0,60 mg/kg, vale ressaltar que essa resolução apresenta valores para erva mate consumida na forma de chás, onde uma pessoa consome em média de uma a duas xicaras no máximo por dia, já a erva mate utilizada no tereré o consumo é muito maior, sendo em média de 1 à 2 L de tereré em apenas um dia. Os resultados encontrados para o metal são preocupantes pois o consumo do tereré pela população da cidade em questão é muito elevado. Já para os demais metais analisados nas diferentes ervas, se mostraram dentro dos limites estabelecidos pelas legislações vigentes. Digestão Ácida:Analisando os valores de chumbo encontrados na digestão ácida nota-se que os teores ficaram muito elevados, o que justificaria os altos teores presentes nas infusões com água fria já discutido anteriormente, que mostraram-se estar acima do permitido quando comparados com as resoluções e decretos vigentes. Já para o metal níquel percebe-se que na digestão ácida todos os valores nos diferentes sabores e marcas de ervas mate analisadas mostraram-se bem acima do limite de tolerância mas quando realizou-se as infusões os teores ficaram dentro dos limites máximos de tolerância permitidos segundo ao decreto vigente. E o metal cádmio também apresentou altos valores de teores encontrados nas amostras de ervas mate seca na digestão ácida, mas quando analisado nas infusões à fria nota-se que os valores ficaram dentro do permitido segundo a legislação vigente.







Conclusões

O metal chumbo apresentou valores muito acima do permitido em todos as diferentes marcas e sabores analisados, sendo extremamente preocupante pois este metal é considerado um dos mais tóxicos em relação a saúde humana, e o consumo do tereré na cidade em questão é muito elevado. O presente trabalho serve de alerta a população consumidora, sobre os riscos que podem ocorrer ao estar consumindo a erva mate utilizada para o tereré.

Agradecimentos

IFMS e UFMS por terem disponibilizado os laboratórios e equipamentos para a realização do trabalho.

Referências

ANVISA, Resolução N° 42 de 29 de agosto de 2013. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br. Data de acesso: 22/05/15.
ANVISA, Decreto n° 55.871, de 26 de março de 1965. Modifica o Decreto n° 50.040, de 24 de janeiro de 1961, referente a normas reguladoras do emprego de aditivos para alimentos, alterado pelo Decreto n° 691, de 13 de março de 1962. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br. Data de acesso: 22/05/15.
CALDAS, M; Tereré, Hábito Sul-Matogrossense; Seminário Sobre Alimentos E Manifestações Culturais Tradicionais, I, 2012, São Cristóvão.; Anais..., São Cristóvão, GRUPAM, p.12, 2012.
CONAMA, Resolução N° 420 de dezembro de 2009. Disponível em: http://www.mma.gov.br. Data de acesso: 22/05/15.
FREITAS, G. B. L; et.al. Erva-Mate, Muito Mais Que Uma Tradição Um Verdadeiro Potencial Terapêutico. Revista Eletrônica de Farmácia. v. 8, n 3, p. 101 - 113, 2011.
SAIDELLES, A.P. F.; et. al. Análise De Metais Em Amostras Comerciais De Erva-Mate Do Sul Do Brasil. Alimentação Nutricional, v. 21, n. 2, p. 259-265, 2010.
SANTOS, G.; et. Al. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO PRODUTO COMERCIAL E DA INFUSAO DA ERVA-MATE PARA TERERÉ. In: Fertilidade e Biologia do Solo integração e tecnologia para todos, 5. 2006, Bonito, anais...Bonito: Fertbio, 2006, 4p.
SVS/MS, Portaria N° 685 de agosto de 1998. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br. Data de acesso: 05/06/15.
VALDUGA, E; et.al. Caracterização Química da Folha de Ilex Paraguariensis St. Hil.(erva-mate) e de Outras espécies Utilizadas Na Adulteração Do Mate. B.CEPPA, Curitiba, v. 15, n. 1, p. 25-36, 1997.

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