A QUÍMICA DOS SENTIDOS E SUA ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química

Autores

Freitas, C.D.P. (IFG) ; Rocha, G.H.A.M. (IFG) ; Reed, E. (IFG)

Resumo

A química dos sentidos aborda diversos temas do conhecimento científico e está presente em nosso cotidiano. Neste trabalho, realizou-se um estudo sobre os sentidos paladar, olfato e visão, envolvendo aspectos ligados à química, física, biologia e outras áreas do conhecimento. Após efetuar pesquisa bibliográfica sobre o tema, sintetizou-se um plano de aula de forma interdisciplinar e contextualizada e realizou-se um minicurso teórico- prático sobre o assunto com alunos do técnico em química do IFG - Campus Inhumas. A forma metodológica aplicada no minicurso, abordando temas de diversas áreas do conhecimento mostrou-se muito útil, o que foi capaz de manter os alunos focados e participativos, contribuindo, assim, para o aumento da aprendizagem e interesse dos alunos pela química.

Palavras chaves

Química dos Sentido; Contextualização; Interdisciplinaridade

Introdução

Lima (2004) afirma que o ensino de química ainda privilegia apenas os aspectos cognitivos e o cumprimento do programa da disciplina e do calendário escolar. Se o professor se limitar a repassar o conteúdo de química sem a pretensão que esse conhecimento saia do papel, é provável que encontre dificuldade em atingir o objetivo de se ensinar química. Vidal e Melo (2013) defendem que a contextualização e a interdisciplinaridade permitem vincular eventos ao conhecimento científico de forma a facilitar a aprendizagem e atrair o aprendiz às reflexões sobre o assunto em debate. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) sugerem que a disciplina de química seja ministrada de forma contextualizada e interdisciplinar utilizando temas estruturadores vinculados ao cotidiano social de modo a lograr uma compreensão efetiva do conteúdo abordado. A área da química envolvida com os sentidos está perceptivelmente presente em nosso cotidiano e é de fácil aplicabilidade a fim de lograr compreensão no ensino, considerando a interdisciplinaridade. Segundo Retondo e Faria (2010) o estudo dos sentidos não está restrito apenas a sentir, mas abrange as percepções que são individuais ao ser humano. Assim, pretende-se com este projeto propiciar informações sobre a química dos sentidos englobando visão, olfato e paladar interligando conceitos de áreas do conhecimento como química, biologia, física e outras. Para tanto, deve-se apresentar compostos, propriedades e reações químicas relacionadas com o tema abordado, bem como verificar aspectos socioeconômicos, geográficos e culturais envolvidos no sentidos estudados.

Material e métodos

O desenvolvimento desse projeto ocorreu inicialmente com o levantamento bibliográfico sobre o tema química dos sentidos, como olfato, paladar e visão, integrando as áreas do conhecimento: física, biologia, química entre outros. Em segundo momento, com elaboração de um plano de aula de minicurso envolvendo aulas práticas e teóricas abordando a interdisciplinaridade levantada. Conseguinte, foi aplicado o minicurso para os alunos do curso técnico em química do IFG-Inhumas. No minicurso foram fornecidas informações sobre os sentidos, dinâmicas e aulas práticas envolvendo as percepções e as sensações com o intuito de vincular fatos ocorridos na vida real com o conteúdo científico. Os conteúdos aplicados vão desde estrutura das moléculas, forças intermoleculares, volatilidade, espectro visível, cores, isomeria, teorias atômicas, entre outras. As dinâmicas realizadas teve por objetivo estimular os sentidos do paladar com teste de degustação, o do olfato com teste de aromatizantes e da visão com ilusões de óptica, com o intuito de que o discente possa compreender os fenômenos dos sentidos no seu próprio corpo, contextualizando de forma interdisciplinar os conteúdos ministrados. No minicurso realizado aplicou-se um questionário online no início e ao final visando conhecer as percepções dos discentes em relação ao aprendizado da química das sensações a fim de diagnosticar se uma aula dinâmica e contextualizada favorece ao interesse pela disciplina de química e se facilita a aprendizagem. O levantamento dos dados dos questionários foi realizado em softwares online "My Drive", que estão dispostos no formato de gráficos.

Resultado e discussão

Na pesquisa bibliográfica efetuada sobre aspectos químicos, físicos, biológicos e áreas afins relacionados com o paladar, ressalta-se a estrutura e a geometria das moléculas, as forças intermoleculares, funções inorgânicas, funções orgânicas, eletronegatividade, solubilidade, além da estrutura e mapa da língua (identificação de gostos e sabores); com o olfato, solubilidade, volatilidade das substâncias, difusão, concentração, pressão de vapor, mudanças de estado físico da matéria, além da estrutura do olfato e percepções olfativas; com a visão, ondas eletromagnéticas, comprimento de onda, cores, isomeria, cinética, além de percepções visuais e ilusões de óptica. Os estudos realizados e estruturados em unidades interdisciplinares foram sintetizados em um plano de aula e ministrados no campus do IFG-Inhumas, relacionando-os com os sentidos da visão, olfato e paladar aplicados a química, física, biologia, alimentos e áreas afins. Há uma tendência de que os conteúdos ministrados em situações contextualizadas e abordadas de forma multidisciplinar são mais simples de serem absorvidas pelos discentes, pois assim tem-se uma aplicabilidade do conteúdo em sua vida prática. Nesse contexto, frutos do minicurso realizado obteve-se dados estatísticos afim de se comprovar a precisão da contribuição de incentivo ao interesse e aprendizagem do discente em relação aos conteúdos propostos, no caso química dos sentidos, e os resultados foram 85,1% dos discentes avalariam entre 8-10 o nível de compreensão do conteúdo proposto [Gráfico 1], e 88,9% dos discentes avaliaram entre 8-10 a precisão de aplicabilidade dos conteúdos de forma interdisciplinar e contextualizada [Gráfico 2].

Gráfico de relação de percentual de grau de compreensão dos conteúdos ministrados no minicurso realizado.


Gráfico de relação de percentual de precisão na aplicabilidade dos conteúdos de forma contextualizada e interdisciplinar.

Conclusões

Assim, conclui-se que a forma interdisciplinar e contextualizada de aplicação do tema da química dos sentidos foi útil para estimular o interesse e aprendizagem dos discentes em relação a disciplina. Todavia, não apenas em relação ao tema da química dos sentidos, mas em outros diversos torna-se interessante, viável e útil a contextualização e sua interdisciplinaridade, a fim de que os conteúdos trabalhados sejam aproximados à vida cotidiana, não meramente temas para serem memorizados para integralizar a carga horária de uma matriz curricular desconexa da realidade.

Agradecimentos

Referências

LIMA, M.S.L. e SALES, J.O.C.B. Aprendiz da prática docente – A didática no exercício do magistério. 2. ed. rev. e atual. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2004.
RETONDO, C.G.; FARIA, P. Química das sensações. 3. ed. São Paulo: Átomo, 2010.
SOLOMONS, T.W. Química orgânica. v. 1. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.
VIDAL, R. M. B.; MELO, R. C. A Química dos Sentidos – Uma Proposta Metodológica. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 35, n. 1, p- 182-188, ago. 2013.