ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÁCIDO FLUFENÂMICO E DO FLUFENAMATO DE MAGNÉSIO

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Química Inorgânica

Autores

Brito, C.C.S.M. (UFMT) ; Silva, R.B. (UFMT) ; Soares, M.A. (UFMT) ; Siqueira, A.B. (UFMT)

Resumo

Diversas pesquisas vêm sendo desenvolvidas para o descobrimento de novos agentes antimicrobianos provenientes da associação de fármacos a íons metálicos. O flufenamato de magnésio é um composto sólido sem estudos antimicrobianos, embora haja estudos sobre seu precursor o H-Flu na literatura. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do íon Mg(II) na atividade antimicrobiana quando associado ao H-Flu e comparar com H-Flu frente a S. aureus e E. coli. Foram determinadas as CIMs e as CMMs. As amostras apresentaram as seguintes CMIs e CMMs: H-Flu (50 µg mL-1 - bactericida) e o flufenamato de magnésio (25 µg mL-1 - bacteriostático). Conclui-se que, o flufenamato de magnésio influência na atividade antimicrobiana com relação ao H-Flu.

Palavras chaves

magnésio; caracterização; atividade antimicrobiana

Introdução

O ácido flufenâmico (H-Flu) é um anti-inflamatório não esteriodal-AINE que inibe a atividade de ambas isoenzimas COX-1 e COX-2 envolvidas no processo de ciclização oxidativa do ácido araquidônico. O H-Flu não diferencia a COX- 1 e COX-2, por isso provoca úlcera gástrica e lesões ao sistema renal. Pois, a COX-1 é responsável por processos vitais e a COX-2 pelas respostas a estímulos inflamatórios (PENILDON, p. 439-452, 2010). Além disso, o H-Flu apresenta atividade antifúngica, e quando combinado a fármacos antifúngicos observa se a potencialização da atividade, devido ao aumento significativo do efeito dose-resposta (NCANGO et al, pg.1123-1125, 2011) e (CHAVEZ- DOZAL et al, pg. 86-91, 2014). A atividade antimicrobiana permite determinar a concentração mínima inibitória (CMI), em que a menor concentração da droga impede a mudança de cor (azul para rosa) por meio de ensaios colorimétricos, e a concentração mínima de morte (CMM) é a menor concentração sem crescimento bacteriano visível sobre o ágar (KHALIFA et al, p. 241-247, 2013), (PEREIRA et al, p.102-8, 2009) e (ROZATTO, p. 40-41, 2012). De acordo com a literatura, a atividade antimicrobiana tem sido utilizada para o estudo de fármacos associados a íons metálicos (BARAKAT e EL-ATTAR, p.262- 275, 2015) e (TABRIZI et al, p.176-184, 2015), isto se deve a potencialização da atividade quando comparada ao fármaco livre, que proporciona a avaliação de possíveis inibidores de bactérias e fungos e a inserção de produtos farmacêuticos. O presente trabalho tem por objetivo avaliar a influência da associação do íon Mg(II) ao H-Flu na atividade antimicrobiana quando comparado ao H-Flu livre, uma vez que existe apenas o estudo térmico e espectroscópico do flufenamato de magnésio no estado sólido (Brito et al, 2014).

Material e métodos

O H-Flu 99,0% (m/m) foi adquirido com a empresa Sigma-Aldrich. O flufenamato de magnésio no estado sólido foi obtido por precipitação após a mistura estequiometricamente 2:1 (Flu-Metal) do Na(Flu) 0,2 M e MgSO4 0,1 M, sob agitação. O precipitado foi filtrado e lavado com água destilada, e acondicionado em dessecador (Brito et al, 2014). A CMI das amostras foi realizada pelo método de microdiluição em placas de 96 cavidades estéreis, conforme (PADHI e TAYUNG, p. 793-800, 2013), com modificações. Os inóculos Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Escherichia coli (ATCC 25922) foram preparados a partir de colônias com 24 h de incubação, sob agitação de 100 rpm a 30 ºC em meio Brain heart infusion (BHI) e ajustados para D.O 600 0,08. As amostras foram preparadas em DMSO na concentração de 20 mg mL-1(solução estoque). Em cada placa de microdiluição de 96 poços foram transferidos 50 μL de BHI e 50 μL da amostra (200 μg mL-1) em cada poço, em seguida foram preparadas diluições seriadas em concentrações variando entre 50-0,39 μg mL-1. Posteriormente, as placas de microdiluição de 96 poços receberam 50 μL do inóculo patógeno. Como controle positivo foi utilizado tetraciclina 0,05 mg mL-1 em DMSO e como controle negativo foi utilizado DMSO a 1% (diluído em BHI). As placas de microdiluição de 96 poços foram incubadas por 24h a 25°C. Após o tempo de incubação foram adicionado em cada orifício da placa 50 μL do revelador de crescimento bacteriano resazurina (0,0052%), as placas permaneceram incubadas por 1 h. Para a determinação da CMM alíquotas dos poços do experimento CMI foram inoculadas nas placas de Petri contendo meio Ágar Müeller-Hinton (AMH) e incubadas a 30°C por 24 h.

Resultado e discussão

A avaliação térmica e espectroscópica realizada em trabalho posterior do H- Flu e do flufenamato de magnésio, indicou que o H-Flu é anidro, diferenciando do flufenamato de magnésio com fórmula molecular Mg(Flu) 2.1,5H2O, além disso sugeriu a interação do íon Mg(II) com o íon carboxilato do flufenamato (Brito et al, 2014). A avaliação da atividade antimicrobiana do H-Flu e o flufenamato de magnésio frente aos patógenos E. coli e S. aureus para efeito de comparação foi realizada com base nos resultados da Tabela 1. As CMIs para o H-Flu e o flufenamato de magnésio foram de 50 e 25 µg mL-1 frente a E. coli e 50 µg mL-1 para a S.aureus. Assim, o flufenamato de magnésio apresenta o dobro do potencial antimicrobiano quando comparado com o H-Flu livre, indicando que é mais eficiente frente a E. coli. Entretanto, frente a S. aureus o comportamento foi semelhante para os compostos. Os compostos apresentam um efeito bactericida nos ensaios para E. coli e efeito bacteriostático para S. aureus de acordo com os resultados da CMM, e a CMM foi a mesma que a CMI. Os resultados da CMM para o H-Flu e o flufenamato de magnésio foram satisfatório, pois causaram a morte da E. coli, ao contrário dos ensaios para S. aureus que não ocasionam a morte, apenas paralisam as bactérias. A avaliação da atividade antimicrobiana do flufenamato de magnésio foi semelhante ou potencializada com relação ao fármaco livre. Assim, a associação do íon Mg(II) pode favorecer a potencialização da atividade, que está de acordo com (BARAKAT e EL-ATTAR, p.262-275, 2015) e (TABRIZI et al, p.176-184, 2015).

Tabela 1. Concentração mínima inibitória (µg mL-1).

Realizada para as amostras H-Flu e flufenamato de Mg (II) em DMSO.

Conclusões

Através do estudo antimicrobiano do H-Flu e do flufenamato de magnésio foi possível avaliar a influência do íon Mg(II) associado ao fármaco frente as bactérias E. coli, e S. aureus. A partir dos resultados da CMI sugere se que houve a potencialização do flufenamato de magnésio com relação ao H-Flu livre frente a E. coli, e na CMM observou-se um efeito bactericida devido a morte da bactéria, visando assim uma possível aplicação farmacêutica.

Agradecimentos

CAPES, LATIG/UNESP, GENMAT/LACANM- Depto de Química da UFMT, FAPEMAT e FINEP.

Referências

BARAKAT, A.S.; EL-ATTAR, M. Spectroscopic, thermal and antimicrobial studies on some metal complexes with indomethacin drug. IJAPBC. v. 4, n. 2, p.262-275, 2015. BRITO, C.C.S.M.; JOSÉ A. TEIXEIRA, J. A.; GENILZA S. MELLO, G.S.; ALMEIDA, E.L.; SIQUEIRA, A.B. Caracterização térmica e espectroscópica do ácido flufenâmico e do flufenamato de Mg(II) no estado sólido. In: 37ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 2014, Natal. Resumos...Disponível em: <http://www.sbq.org.br/37ra/cdrom/resumos/T1331-1.pdf > Acesso em: 16 de jul. 2015. CHAVEZ- DOZAL, A. A.; JAHNG, M.; RANE, H. S.; ASARE, K.; KULKARNY, V. V.; BERNARDO, S. M.; LEE, S. A. In vitro analysis of flufenamic acid activity against Candida albicans biofilms. International Journal of Antimicrobial Agents. v. 43, p. 86-91, 2014. KHALIFA, R.A.; NASSER, M. S.; GOMAA, A.A.; OSMAN, N.M.; SALEM, H.M. Resazurin microtiter assay plate method for detection of susceptibility of multidrug resistant Mycobacterium tuberculosis to second-line anti-tuberculous drugs. Egyptian Journal of Chest Diseases and Tuberculois, v.62, p. 241-247, 2013. NCANGO, D.M.; POHL, C.H.; WYK, P.W.J.V.; KOCK, J.L.F. Non-steroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) inhibit growth of yeast pathogens. African Journal of Microbiology Research. v. 5, n. 9, p. 1123-1125, 2011. PADHI, S.; TAYUNG, K. Antimicrobial activity and molecular characterization of an endophytic fungus, Quambalaria sp. Isolated from Ipomoea carnea. Ann Microbiol., v.63, p. 793-800, 2013. PENILDON. Farmacologia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 439-452, 2010. PEREIRA, C.A.; VILELA, P.G.F.; OLIVEIRA, L.D.; JORGE, A.O.C.; Ação antimicrobiana in vitro de extratos glicólicos de Psidium guajava L., Syzygium cumini L. e Pimpinella anisum L. Rev. Inst. Adolfo Lutz., v. 68, n. 1, p.102-8, 2009. ROZATTO, M.R. Determinação da atividade antimicrobiana in vitro de extratos, frações e compostos isolados de Arrabidaea brachypoda. Dissertação. Universidade Estadual Paulista - Araraquara, p. 40-41, 2012. TABRIZI, L.; CHINIFOROSHAN, H.; MCARDLE, P.; EBRAHIMI, M.; KHAYAMIAN, T. A novel bioactive Cd(II) polymeric complex with mefenamic acid: synthesis, crystal structure and biological evaluations. Inorganica Chimica Acta., v.432, p. 176-184, 2015.

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