Estudo da composição química da argila branca de uso cosmético

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Química Inorgânica

Autores

Zenóbia Balduino, A.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Cavichioli Petrucelli, G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS)

Resumo

As argilas são importantes constituintes do solo, e são usadas em vários ramos da indústria por ser um recurso natural abundante. Seu uso na indústria cosmética tem sido destaque nos últimos anos, com novas tecnologias e produtos com maior valor agregado. O objetivo deste trabalho foi analisar pelas técnicas de EDXRF pelo método dos parâmetros fundamentais, FTIR e DRX a argila branca de uso comercial proveniente da casa de produtos naturais da cidade de Jataí-GO, usada como máscara facial para tratamento de pele. Os resultados apontaram a presença dos metais bário e chumbo que não estão em conformidade com o órgão que a regulamenta.

Palavras chaves

argilas cosméticas; máscaras faciais; metais pesados

Introdução

As argilas fazem parte de vários tipos de solos e são importantes constituintes da crosta terrestre que podem ser encontrados em seu estado puro ou conjugados a outros minerais (ABREU, 1973; MELLO, 2011). Geralmente são definidas como sendo um material natural, terroso, de granulação fina, que quando hidratada adquire certa plasticidade (SANTOS, 1989). Por ser um material rico em alguns metais proporcionam algumas finalidades buscadas na estética, tendo seu uso destaque na indústria cosmética (SILVA, 2011). As argilas cosméticas usadas em máscaras faciais devem seguir alguns requisitos importantes como inocuidade química e microbiológica, controle granulométrico e controlado teor de metais pesados (OLIVEIRA, 2010; TEIXEIRA-NETO, TEIXEIRA-NETO, 2009). Seguem a legislação geral para cosméticos designada pela resolução da agência nacional de vigilância sanitária (ANVISA) RDC n°79 que a classificam de acordo com o grau de risco que oferecem, grau 1 (produtos com risco mínimo) e grau 2 (produtos com risco potencial) definidos em função da finalidade de uso do produto, área do corpo abrangida, modo de uso e cuidados a serem observados quanto a sua utilização e estabelecem uma lista de substâncias proibidas (BRASIL, 2000). Desta forma o estudo foi conduzido para se analisar através de técnicas de caracterização como a fluorescência de raios-X com energia dispersiva (EDXRF) pelo método dos parâmetros fundamentais, espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e difração de raios-X (DRX), quais elementos estão presentes na argila cosmética de uso comercial e avaliar se estão em conformidade com o órgão que a regulamenta acerca de possíveis riscos a saúde.

Material e métodos

Analisou-se a argila branca de uso cosmético para confecção de máscara facial proveniente de casa de produtos naturais da cidade de Jataí-GO. Para a determinação dos cátions metálicos presentes na argila, utilizou-se aparelho de XRD modelo Ray Ny EDX-720 da Shimadzo. O método utilizado foi a análise quali-quantitativa, usando o método dos parâmetros fundamentais, em que 1,000 g da amostra foi acondicionado sob um filme mylar® de 6 μm de espessura, esticado no fundo de um porta amostra de polietileno. Para a caracterização dos grupos funcionais da argila foi utilizado um equipamento de infravermelho FTIR modelo 4100 da Jasco, pelo método de pastilhas de KBr na proporção de 1mg de amostra em pó por 100 mg de KBr previamente seco. Para a análise de difração de raios X, utilizou-se o método do pó em um difratômetro de raios X Rigaku modelo Geigerflex®, operando com uma diferença de potencial no tubo de 40 KV e uma corrente elétrica de 20 mA. A radiação utilizada foi a do KαCu, com varredura de 2θ de 2,5° a 60°, com passo de 0,03°.

Resultado e discussão

Apesar do conhecimento acerca dos potenciais riscos dos metais pesados para à saúde humana, existem poucos estudos relacionados aos parâmetros de qualidade físico-químicos e microbiológicos das máscaras argilosas (OLIVEIRA,2010). Em geral seguem a legislação para cosméticos, que é classificada de acordo com o grau de risco que oferecem sendo grau de risco 1 – (produtos com risco mínimo) e grau de risco 2 – (produtos com risco potencial) (BRASIL, 2000). Segundo esta resolução as argilas para uso em máscaras faciais são classificadas como produtos cosméticos com grau de risco mínimo. E estabelece uma lista de substâncias proibidas na qual destacamos os metais pesados como arsênio, bário, cádmio, cromo, mercúrio e chumbo. Logo podemos inferir que não é aceito nem uma fração mínima destes elementos em nenhum produto classificado nesta categoria. Dos metais proibidos listados foram encontrados bário e chumbo em pequenas concentrações, como pode ser visualizado na Figura 1a, porém não se devem descartar potenciais riscos à saúde por se tratar de um produto de uso contínuo. O espectro de infravermelho demonstrado na Figura 2a apresenta bandas características dos argilominerais caulinita e ilita como descrito na Figura 2b (tabela com as principais bandas de absorção da argila branca). Com destaque para a banda em 1384 cm-1 que se trata de impurezas de carbonato ou sulfato que podem estar ligados a um destes metais na forma de algum mineral. (NAKAMOTO, 2009). Pelo difratograma da Figura 1b são demonstrados picos dos minerais caulinita, ilita e barita em que este último é formado pelo metal bário conjugado ao sulfato, estes dados estão de acordo com as fichas PDF-76-215 (barita), PDF-1-527 (caulinita) e PDF-15-603 (ilita).

Figura 1

Tabela de taxa de elementos encontrados por EDXRF a) e difratograma b) da argila branca.

Figura 2

Espectro de IV a) e tabela com as principais bandas de absorção b) da argila branca.

Conclusões

A análise de EDXRF, utilizando o método dos parâmetros fundamentais apontou a presença de bário e chumbo em pequenas concentrações, metais estes listados pelo órgão regulamentador como substâncias proibidas. E através das técnicas de FTIR e DRX foi possível apontar a presença de um destes metais como impureza na forma do mineral barita.

Agradecimentos

CAPES; Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas a Saúde (PPGCAS) – UFG Regional Jataí; Departamento de Física da UFG- Regional Jataí.

Referências

ABREU, S.F. Recursos Minerais do Brasil. São Paulo: Edgard Blücher, 1973.

BRASIL. Resolução RDC n°79, de 28 de Agosto de 2000. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 31 ago. 2000.

MELLO, I. S. Argilas de ocorrência de Alto Diamantino – MT utilizada para adsorção de cádmio: Estudos cinéticos e termodinâmicos. 2011. 102 f. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2011.

NAKAMOTO, K. Infrared and raman spectra of inorganic and coordination compounds. New Jersey: John Wiley & Sons, 2009.

OLIVEIRA, R.N. Tratamento e caracterização de atapulgita visando seu uso em máscaras faciais e para reforço em compósitos com PVA. 2010. 101 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Instituto Alberto Luiz Coimbra, Rio de Janeiro, 2010.

SANTOS, P. DE S. Ciência e tecnologia de argilas. 2ª ed. São Paulo: Ed Edgard Blücher,1989.

SILVA, M. L. G. Obtenção e caracterização de argila piauiense paligorsquita (atapulgita) organofilizada para uso em formulações cosméticas. 104 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2011.

SILVA, M.S; SANTANA, G.P. Caulinita: estrutura cristalina, técnicas físicas de estudo e adsorção. Scientia Amazonia, v.2, n. 3, p54-70, 2013.

TEIXEIRA-NETO, E,; TEIXEIRA-NETO, A. A. Modificação química de argilas: desafios científicos e tecnológicos para obtenção de novos produtos com maior valor agregado. Química Nova. V.32. n.3, p. 809-817, 2009.

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