Identificação de dipirona sódica em formulações farmacêuticas sólidas por UV e Raman

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Química Inorgânica

Autores

Vieira, B.L.M. (IF SUDESTE MG) ; Salles, P.H.L. (IF SUDESTE MG) ; Dias, F.A.C. (IF SUDESTE MG) ; Nascimento, J.C. (IF SUDESTE MG) ; Toledo, T.A. (IF SUDESTE MG) ; Barbosa, D.B.A. (IF SUDESTE MG)

Resumo

Duas técnicas espectroscópicas foram utilizadas para identificar a dipirona sódica monoidratada em comprimidos. A espectroscopia UV permitiu identificar 2 bandas de maior intensidade: 239 nm e 258 nm. No espectro Raman foi possível identificar na região de 2700 a 3100 cm-1 as bandas de deformação axial em 3070 cm-1(C-H Aril ),1664 cm-1(C=O), 1628 cm-1(C-C)anel, 1348 cm-1(s N=C=O), 1058 cm-1(s N=C=O). E as deformações angulares em 1592 cm- 1(N-H)amida ,1004 cm-1((no plano)C-H), 997 cm-1(N=C=O), 792 cm-1(C-N- C), 602 cm-1(N-C-O). Foi possível determinar a correspondência química da dipirona nos medicamentos referência, genérico e similar. Por tratar-se de técnicas de instrumentação simples podem-se identificar grupos de medicamentos, definindo assim um padrão de qualidade.

Palavras chaves

metamizol; espectroscopia Raman; espectroscopia UV

Introdução

O metamizol ou dipirona sódica monoidratada, substância pertencente à família das pirazolonas, é um medicamento analgésico, antitérmico e antipirético amplamente utilizado para o tratamento de dores e febre1. No Brasil, o fármaco de referência é a Novalgina® (Sanofi-Aventis), medicamento inovador que teve sua eficácia, segurança e qualidade comprovadas pela ANVISA no ato de liberação para consumo. O Anador® (Boehringer Ingelheim) é o fármaco similar mais difundido, o qual é uma cópia do medicamento de referência com alguns itens diferentes, como dose ou via de administração, tamanho e forma do produto. Já o medicamento genérico, comercializado com o nome Dipirona sódica, possui o mesmo princípio ativo, dose, forma farmacêutica e via de administração do medicamento de referência, assegurado por testes de bioequivalência2. Devido ao grande número de especialidades farmacêuticas disponíveis para comercialização, 2 técnicas espectroscópicas foram utilizadas com o objetivo de identificar o princípio ativo em comprimidos de 500 mg de dipirona sódica monoidratada, em medicamentos de referência, similar e genérico, além de determinação das diferenças de caracteres físicos.

Material e métodos

Foram adquiridos no comércio local, 3 amostras distintas de dipirona sódica em comprimidos de 500 mg. As amostras foram classificadas como medicamento de referência (Novalgina®), medicamento similar (Anador®) e medicamento genérico (Prati Donaduzzi). As características físicas dos comprimidos avaliadas foram cor, presença de sulcos, presença de marcações e peso médio. Em seguida, os comprimidos foram triturados em almofariz e identificados na presença de peróxido de hidrogênio 30%, de acordo com a Farmacopéia Brasileira 5ª edição3. Por adaptação de uma metodologia proposta por Köhler e colaboradores4, foram preparadas suspensões de 2g/L do pó triturado em ácido clorídrico (HCl) 0,5 mol/L. Em seguida, as suspensões foram filtradas e diluídas 100 vezes para serem analisadas na região ultravioleta no espectrofotômetro Lambda 25, Perkin Elmer. Para análises pela espectroscopia vibracional Raman foram utilizados os pós, triturados, no espectrômetro FT Buker RFS 100, com excitação em 1064 nm.

Resultado e discussão

Os fármacos possuíam a mesma inscrição de concentração e apresentavam variações de marcações e sulcos, exceto o similar, com coloração amarela atribuída ao excipiente amarelo de quinolina. O ensaio de peso médio permite verificar se existe homogeneidade entre as unidades de um mesmo lote4. A Farmacopéia 5ªed.3 preconiza que para comprimidos acima de 250 mg a variação aceitável no peso é de ±5%. Nossas amostras se apresentam dentro dos limites da especificação. Ainda de acordo com a Farmacopéia3, a identificação qualitativa do metamizol se dá pela adição de H2O2 ao pó triturado, que desenvolve uma coloração vermelho intenso. A identificação pela espectroscopia UV permitiu identificar 2 bandas de maior intensidade, características nas 3 amostras: 239nm e 258nm (figura 1). Nascimento5 apresenta o espectro da dipirona sódica padrão, em HCL 0,1M, com absorção máxima em 258nm. Em seu trabalho, o autor não identifica a banda de menor intensidade formada, que pode ser a de 239 nm, como apresentado em nosso estudo. Köhler e cols.4 utilizam o comprimento de onda de 258 nm para o teste de uniformidade de conteúdo em amostras diluídas em HCl 0,1M. Na análise do espectro Raman foi possível identificar na região de 2700 a 3100 cm-1 as bandas de deformação axial em 3070 cm-1(C-H Aril),1664 cm-1(C=O), 1628 cm-1(C-C)anel, 1348 cm-1(s N=C=O), 1058 cm-1(s N=C=O) em consonância com o apresentado por Izolani, Moares e Téllez6. Também foram observadas as deformações angulares em 1592 cm-1(N-H)amida ,1004 cm-1((no plano)C-H), 997 cm-1(N=C=O), 792 cm-1(C-N-C), 602 cm-1 (N-C-O). Ao compararmos os 3 espectros vibracionais (figura 2), observamos que as amostras apresentam as mesmas características, demonstrando tratar-se da mesma estrutura química.

Figura 1: Espectro de absorção UV

Espectro de absorção UV

Figura 2: Comparação dos espectros Raman das amostras

Comparação dos espectros Raman das amostras

Conclusões

Foi possível determinar por técnicas espectroscópica e espectrofotométrica a correspondência do medicamento dipirona de referência com o medicamento genérico e similar. Por tratar-se de duas técnicas de instrumentação simples e rápida é possível identificar grupos de medicamentos que atendem as especificações exigidas definindo assim um padrão de qualidade.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal do Sudeste Minas Gerais – Campus Juiz de Fora, a Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais e ao Núcleo de Espectroscopia e Estrutur

Referências

1. PEREIRA, A. V.; PENCKOWSKI, L.; VOSGERAU, M.; SASSÁ, M.F. Determinação espectrofotométrica de dipirona em produtos farmacêuticos por injeção em fluxo pela geração de íons triiodeto. Quím. Nova, vol.25, n.4, pp. 553-557. 2002.
2. BRASIL. Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999. Altera a Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF. 1996.
3. BRASIL. Farmacopeia Brasileira, 5ª ed. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2010.
4. KÖHLER, L.F.; NASCIMENTO, H.D.; SCHWENGBER, E.L.L.; BANDEIRA, Z.M.P.; PAZIN, G.V.; MACHADO, S.R.P. Avaliação biofarmacotécnica e perfil de dissolução de comprimidos de dipirona: equivalências farmacêutica entre medicamentos de referência, genéricos e similares. Rev. Bras. Farm., 90(4): 309-315, 2009.
5. NASCIMENTO, A. P. Desenvolvimento e validação de metodologia para medicamentos contendo dipirona sódica e cloridrato de papaverina isolados e em associação. 2006. Tese (Doutorado em Produção e Controle Farmacêuticos) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
6. IZOLANI, A.O,; MORAES, M.T.; TÉLLEZ, C.A. Fourier transform Raman spectroscopy of drugs: quantitative analysis of 1-phenyl-2,3-dimethyl-5-pyrazolone-4-methylaminomethane sodium sulfonate: (dipyrone). Journal of Raman Spectroscopy, vol. 34, issue 10, pages 837–843, October 2003.

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