CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICO DE SABÃO EM BARRA INDUSTRIAL

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Química Analítica

Autores

Rocha Dias Góes, L. (UFPA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA) ; Menezes Raiol, A. (UFPA) ; Di Paula Costa Melo, B. (UFPA) ; Lopes Nogueira, F. (UFPA) ; Ribeiro Costa, R.M. (UFPA)

Resumo

O sabão é largamente empregado em diversos seguimentos industriais, tais como nas indústrias têxteis, de tintas, de plásticos e de couros. Entretanto, sua maior produção se destina à lavagem e limpeza domésticas (OZAGO, 2008). Na produção de sabão exige-se um controle rigoroso das matérias-primas, da temperatura e da proporção entre seus constituintes. O objetivo deste trabalho foi estudar os seguintes parâmetros: pH, o efeito da alcalinidade nas propriedades de um sabão, formação de espuma e branqueador óptico. Por meio das análises, obtivemos resultados que foram comparadas com a literatura demonstrando que as marcas analisadas se apresentam dentro dos padrões, segundo a ANVISA.

Palavras chaves

controle de qualidade; produtos de limpeza; sabão

Introdução

O sabão foi seguramente o primeiro detergente utilizado pelo homem e é um sal formado a partir da hidrólise básica de um triacilglicerol, o qual produz glicerol e sais de ácidos graxos. Essa reação é conhecida como saponificação. O sal de ácido graxo interage tanto com substâncias polares (hidrofílica) quanto apolares (hidrofóbica), isso faz com que no momento da limpeza as moléculas de sabão se agrupem com gotículas microscópicas de gordura formando uma dispersão coloidal de agregados, chamados de micelas, tornando possível a retirada dos dejetos indesejáveis. O processo de formação de micela é denominado emulsificação, logo, o sabão atua como emulsificante ou emulsionante, ou seja, tem propriedade de fazer com que o óleo se disperse na água na forma de micelas (TITO, 2007). O controle de qualidade tem como objetivos principais, o de gerar as informações necessárias ao desenvolvimento dos novos produtos, fornecer os subsídios necessários às tomadas de decisões nos processos de compra e recepção de matérias-primas, assegurar, ao setor de produção, as informações requeridas para o efetivo controle dos processamentos de fabricação, fazer a inspeção dos produtos acabados e acompanhar o perfil de qualidade dos produtos concorrentes (NEVES, 1988). O objetivo deste trabalho foi determinar propriedades físico-químicas de sabões em barra, com o intuito de gerar informações para controle de sua qualidade.

Material e métodos

Adquiriu-se 3 amostras de três marcas distintas de sabão em barra industrial, comercializadas nos supermercados de Belém, no Estado do Pará, realizando-se as análises em triplicata. Tais marcas foram denominadas de A, B e C. Todas as análises foram feitas no Laboratório de Controle de Qualidade Físico-Químico da a Faculdade de Farmácia da UFPA. Foram feitas as seguintes análises físico-químicas: pH, determinado usando pHmetro de bancada, calibrado com solução tampão pH 4 e 7, e usando-se 1g da amostra do sabão diluído em 100 mL de água destilada; acidez, através de titulação de uma solução de sabão (2 g de sabão dissolvido em 50 mL de álcool neutro) com solução de NaOH 0,1 mol L-1; espuma, com a finalidade de mostrar a variação da altura da espuma em relação ao tempo; branqueador óptico, com o intuito de observar sensorialmente se o produto analisado tinha algum tipo de coadjuvante que fosse auxiliar no aumento de brancura de seus resultados. Cada uma das amostras foi submetida aos testes e, a partir disso, calculada as médias e desvios padrões dos resultados obtendo-se os dados quantitativos e qualitativos (no caso do teste do Branqueador Óptico). Aos resultados encontrados foi aplicada análise de variância (ANOVA) seguida de teste de Tukey para verificar as semelhanças dos valores dos parâmetros entre as três marcas estudadas, além de análise de componentes principais para a distinção entre marcas, utilizando o programa MINITAB 16.

Resultado e discussão

Os resultados obtidos neste estudo encontram-se na Tabelas 1. No parâmetro pH, a ANVISA classifica os saneantes, onde o sabão em barra se enquadra, como produtos de Risco I ou II, sendo o primeiro os produtos que compreendem os saneantes domissanitários e afins em geral, excetuando-se os classificados como de Risco II. Podemos afirmar que todos os sabões analisados se encontram dentro das especificações para produtos de Risco I, pois os valores encontrados estiveram dentro da faixa de 9 a 10 para o pH em soluções a 1% p/p à temperatura ambiente (25º C). Os testes de acidez demonstraram que as amostras se apresentaram dentro do parâmetro estipulado pela ANVISA e na literatura, exceto o sabão A que apresentou características diferentes dos demais (0,003%). Essa diferença da marca A foi comprovada estatisticamente. As marcas B e C foram estatisticamente iguais, conforme teste de ANOVA de um fator, seguido de teste de Tukey. Na espuma, foram aferidas as alturas de cada amostra no momento em que foi colocada a solução e foi constatado que depois de 5 min a altura não se alterou mais. Com isso, foi obtida uma média de alturas a partir da diferença entre a inicial e final. Das amostras, a marca C teve a maior diferença visível. Porém, as espumas das três marcas não são estatisticamente diferentes segundo teste de ANOVA de um fator, seguido de teste de Tukey. Foi constatado que nenhuma das amostras dos sabões demonstra ter branqueador óptico. Isso implica que estes sabões não tem a característica de deixar tecido, em especial algodão, com aspecto mais branco. Logo, as chances do tecido ficar amarelado são maiores.

Tabela 1- Resultados dos parâmetros analisados nas amostras de sabão e



Figura 1- Gráfico das duas componentes principais

As letras representam os tipos de sabão estudados

Conclusões

O êxito deste trabalho está refletido em seus testes, já que os mesmos permaneceram dentro dos parâmetros encontrados na literatura para a realização do controle de qualidade de sabão. As amostras do sabão A apresentaram o valor de alcalinidade mais baixo entre as três marcas e mais baixo do que o parâmetro para sabão em barra, significando que o mesmo tem menos álcalis livres. E mesmo com essa característica, o sabão A apresentou uma média de altura em sua coluna de espuma igual a das outras marcas. Não foi possível uma perfeita separação das amostras via PCA.

Agradecimentos

Ao Laboratório de Qualidade Físico-Química da Faculdade de Farmácia da UFPA pela infraestrutura necessária ao andamento deste trabalho.

Referências

ANVISA. Apostila de Saneamento. Disponível em <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em 23 de novembro de 2014.
ANVISA. Portaria n º 393, de 15 de maio de 1998.
NEVES, J. F. Curso de Tecnologia de Sabão, Imprensa Universitária UFRRJ.
OZAGO, O. G. N; PINO, J. C. D. Trabalhando a química dos sabões e detergentes. Porto Alegre (RS): Fapergs, 72p, 2008.

Patrocinadores

CAPES CNPQ Allcrom Perkin Elmer Proex Wiley

Apoio

CRQ GOIÁS UFG PUC GOIÁS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Goiás UEG Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA SINDICATO DOS TRABALHADORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO BIOCAP - Laboratório Instituto Federal Goiano

Realização

ABQ ABQ Goiás