Caracterização físico-química do óleo residual de fritura para a obtenção do sabão líquido.

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ambiental

Autores

Santos, I.J.O. (IFRN/CA) ; Medeiros, M.S. (IFRN/CA) ; Melo, J.C.S. (IFRN/CA) ; Oliveira, K.P. (IFRN/CA) ; Costa, C.H.C. (IFRN/CA)

Resumo

O óleo residual de fritura tem gerado grandes problemas ambientais devido ao seu grande poder poluidor. Uma forma de reciclar esse produto seria a sua reutilização na fabricação de sabão. O processo de fritura ocasiona uma série de alterações físico-químicas no óleo que podem influenciar na qualidade final do produto. O objetivo desse estudo é caracterizar o óleo de fritura, que será utilizado na fabricação de sabão líquido, quanto aos parâmetros físico-químicos: pH, densidade, umidade e acidez. Os resultados obtidos para esses parâmetros foram iguais a 4,95, 0,916 g/cm³, 1,0291% e 4,5412% de ácido oleico, respectivamente. Pode-se verificar através dos parâmetros físico-químicos que o óleo de fritura pode ser utilizado de maneira ecologicamente correta para a fabricação de sabão liquido.

Palavras chaves

óleo de fritura; parâmetros físico-químico; sabão líquido

Introdução

Grandes quantidades de resíduos de óleo de fritura gerados nas residências, indústrias e estabelecimentos comerciais vem sendo descartados inadequadamente no meio ambiente, provocando diversos danos como o entupimento das tubulações das redes de esgoto, impermeabilização do solo, dificuldade de penetração da luz solar e oxigenação da água etc. (BALDASSO et al., 2010; SILVA & PUGET, 2010). O óleo sofre degradação acelerada pela alta temperatura de processo, tendo como resultado a modificação de suas características físico-químicas, se tornando escuro, viscoso, tendo a sua acidez aumentada e desenvolvendo odor desagradável, chamado de ranço, passando à condição de exaurido (COSTA, 2011). Uma alternativa para reciclagem desse resíduo seria a produção de sabão líquido para minimizar os danos causados ao meio ambiente, já que esse sabão é um produto biodegradável. O objetivo desse trabalho é caracterizar físico-quimicamente o óleo residual de fritura, antes da produção do sabão líquido, a fim de verificar a qualidade do sabão líquido produzido.

Material e métodos

O óleo residual de fritura foi coletado na cidade de Caicó/RN. Esse resíduo foi filtrado em papel de filtro qualitativo para a remoção dos sedimentos pesados e de sólidos em suspensão. Os parâmetros físico-químicos do óleo residual de fritura analisados foram feitos em triplicatas. O pH da amostra do óleo de fritura foi medido em um aparelho pH-metro. A análise de densidade foi realizada usando um densímetro. A determinação do teor de umidade foi realizada em estufa com temperatura de 105°C durante 24 h. Para a determinação do índice de acidez, foram pesadas 2g de óleo e diluída com a mistura de éter-álcool (2:1), sob agitação, até completar a dissolução da amostra. Em seguida, titulou-se a amostra com hidróxido de sódio (NaOH, 0,1 M), adicionando 3 gotas de fenolftaleína até o aparecimento de uma coloração rósea transparente.

Resultado e discussão

Encontram-se na Tabela 1 as análises físico-químicas do óleo residual de fritura que permite obter informações com relação à qualidade do óleo que será utilizado na produção do sabão líquido. Observa-se que o índice de acidez encontrado para o óleo de fritura foi igual a 4,5412% de ácido oleico, superior ao valor de 2,6757% de ácido oleico encontrado por VENTURA et al. (2014) para o óleo de fritura, submetido ao processo de fabricação do sabão líquido. Esses autores observaram que o óleo estava em estado de decomposição por hidrólise ou oxidação e não poderia ser reutilizado para o consumo. A ANVISA (1999) estabelece o valor máximo de 0,3% de acidez em ácido oleico para óleos vegetais para a utilização no processo de fritura. Segundo BELTRÃO et al. (2010) esse índice avalia o estado de deterioração do óleo, relacionando o aumento da acidez à diminuição de sua qualidade. o valor do pH encontrado foi de 4,95, comprovando o caráter ácido analisado através do índice de acidez. A densidade do óleo residual assemelha-se ao de soja refinado sendo de 0,916g/cm³, condizendo com os valores segundo a ANVISA (1999) que giram entre 0,916 e 0,922% para o óleo de soja. O teor de umidade do óleo de fritura foi de 0,903%, inferior ao valor de 1,166% encontrado por SILVA e NETO (2013). Segundo VENTURA et al. (2014) essa umidade é proveniente da imersão dos alimentos que perdem uma quantidade de água durante o processo de fritura.

Tabela 1 – Parâmetros físico-químicos do óleo residual de fritura.



Conclusões

Mediante o estudo dos parâmetros físico-químicos do óleo de fritura, pode-se verificar que o mesmo não poderia ser reutilizado para o consumo humano, pois não atende aos valores estabelecidos pela ANVISA (1999). No entanto, pode ser utilizado de maneira ecologicamente correta para a fabricação do sabão liquido. Porém, é necessário verificar se o produto final (sabão líquido) é de boa qualidade comparando com outros óleos de frituras com diferentes características físico-químicas.

Agradecimentos

Ao IFRN pelo financiamento da pesquisa.

Referências

BALDASSO, E.; PARADELA, A. L.; HUSSAR, G. J. Reaproveitamento do óleo de fritura na fabricação de sabão. Engenharia Ambiental , v. 7, n. 1, p. 216-228, 2010.

BELTRÂO, F. Determinação de acidez e índice de peróxido em óleo vegetal. Relatório de aula prática/Bromatologia. 2010. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/ content/ABAAABVIkAH/indice-acido-peroxido>. Acesso em: 10/07/2015.
COSTA, F. P. Viabilidade da utilização de óleo de fritura para fabricação de biodiesel e demais produtos. VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, Rio de Janeiro/RN de 12/08 a 13/08 de 2011.
RESOLUÇÃO RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999 ementa não oficial: Aprova o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Óleos e Gorduras Vegetais. Publicação: Diário Oficial da União; Poder Executivo, de 13 de outubro de 1999; órgão emissor: ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária alcance do ato: federal – Brasil área de atuação: Alimentos. Acesso em 10/07/2015.

SILVA, B. G.; PUGET, F. P. Sabão de sódio glicerinado: produção com óleo residual de Fritura. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.6, N.11; p. 1-15, 2010.

Patrocinadores

CAPES CNPQ Allcrom Perkin Elmer Proex Wiley

Apoio

CRQ GOIÁS UFG PUC GOIÁS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Goiás UEG Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA SINDICATO DOS TRABALHADORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO BIOCAP - Laboratório Instituto Federal Goiano

Realização

ABQ ABQ Goiás