Oficina sobre extratos de antocianinas: a importância do uso de indicadores naturais obtidos a partir de flores e folhas para a aprendizagem do tema acidez e basicidade no ensino médio.

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Vasconcelos, E. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA) ; Paixao, M.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA) ; Lucchese, A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA) ; Santos, F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA) ; Magalhaes, J.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA) ; Amorim, T. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA) ; Jesus, S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA)

Resumo

O objetivo desse trabalho foi estimular o interesse de estudantes do ensino médio pela química, através de oficinas experimentais para produção de extratos de antocianinas de flores e folhas para uso como indicadores de pH, bem como promover a contextualização do tema acidez e basicidade. Inicialmente abrimos a discussão com questionamentos sobre o conteúdo a ser trabalhado, seguido pela atividade experimental de preparo dos extratos e teste como indicadores de pH e aplicamos um questionário para avaliar a aplicação da oficina. Os resultados obtidos comprovaram que a experimentação dinamiza o trabalho em sala de aula, motiva os alunos para aprendizagem do assunto abordado, desperta o interesse pela investigação, estimula a criatividade e amplia o conhecimento dos temas trabalhados.

Palavras chaves

antocianinas; aprendizagem; ensino de química

Introdução

O processo ensino aprendizagem de Química praticado na maioria das escolas ainda é baseado no conhecimento do professor, cabendo aos alunos o papel de receptores desse conhecimento, gerando nos estudantes desinteresse pelo conteúdo ensinado. Entretanto, o processo acima citado deve possibilitar aos aprendizes a compreensão dos fenômenos e das transformações que ocorrem no mundo físico de forma abrangente e integrada, para que possam julgá-los com fundamento (SILVA, 2013). O ensino de Química se caracteriza como um grande desafio para aqueles que desejam modificar a abordagem tradicional. Atividades vinculadas à experimentação e à contextualização podem dinamizar e inovar a metodologia de trabalho dos conteúdos em sala de aula, permitindo ao estudante um aprendizado atraente e eficaz, quebrando o tradicionalismo imperante (SANTOS E PORTO, 2014). As antocianinas são responsáveis pela coloração de diversas flores, folhas e frutos, e apresentam cores diferentes a depender do pH do solo. Willstätter e Robinson (1913, apud TERCI E ROSSI, 2002) utilizaram extratos de antocianinas como indicadores de pH e observaram que apresentam coloração avermelhada em meio ácido, violeta em meio neutro e azul em meio alcalino. O uso desses indicadores naturais em aulas do ensino médio pode despertar nos estudantes o interesse pelo conteúdo abordado, promover a motivação, bem como propiciar situações de investigação (LUCAS et al, 2013; ANTUNES et al, 2008). O objetivo desse trabalho foi estimular o interesse do aprendiz pela Química através de oficinas experimentais para produção de extratos de flores e folhas para uso como indicadores de pH, bem como promover a contextualização e interconexão dos temas abordados com o cotidiano, expandindo as discussões para questões interdisciplinares.

Material e métodos

O trabalho configura-se como estudo de caso, usando como técnica a experimentação e o uso de questionários. O sujeito da pesquisa foi um colégio do ensino médio de Feira de Santana/BA, em sua grande maioria estudantes do segundo ano. Previamente foram testados extratos de folhas e flores, com cores entre vermelho e roxo, presentes no Campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), observando-se a variação da cor apresentada pelo seu extrato de acordo com a variação do pH. Os melhores resultados obtidos foram para as espécies Allamanda Blanchetti, Hibiscus Rosa-Sinensis e Mussaenda Alicia, sendo então selecionadas para utilização nas oficinas. Foram realizadas cinco oficinas em sala de aula, utilizando as espécies anteriormente citadas e materiais de laboratório. Inicialmente foram feitos alguns questionamentos para identificar o grau de conhecimento sobre o tema acidez e basicidade. Perguntou-se o que entendiam como ácido e base e se faziam correlação com o cotidiano. Explicou-se a função dos indicadores ácido- base, como preparar e testar indicadores naturais. Apresentou-se o material de laboratório a ser usado, explicando-se seu uso e fazendo correlação com o cotidiano. O extrato foi preparado com a maceração de pétalas (ou de folhas) em almofariz com pistilo, utilizando-se como solvente 10 mL de álcool. Para identificar sua cor em meio ácido e básico foram utilizadas soluções de HCl e de NaOH (0,10 mol/L). Em seguida, os alunos repetiram o teste com produtos do cotidiano (desengordurante multiuso, refrigerante de limão, vinagre ou leite de magnésia), para identificar se aquela mistura era ácida ou básica. Na sequencia, aplicamos um questionário para avaliar o desempenho da oficina, que foi analisado pelo SPSS (Statiscal Package for Social Service).

Resultado e discussão

Os extratos usados apresentavam uma boa variação de cor quando testados em meio ácido (vermelha) e meio básico (verde). Essa variação é que possibilita seu uso como indicador de pH. Os alunos foram observados quanto ao seu interesse e entusiasmo, através de suas perguntas e de sua participação efetiva na realização do experimento. Percebeu-se que a oficina despertou o interesse dos estudantes, pois participaram ativamente do trabalho experimental, se mantiveram atentos às explicações, questionaram e responderam a questionamentos. Algumas das perguntas feitas pelos alunos são citadas a seguir: “Qualquer flor serve como indicador ácido-base?”; “A coloração das flores tem a ver com o pH do solo?”; “Esse experimento pode ser realizado também com frutas?” “Que cor vai ficar se eu misturar o ácido e a base?”. Neste caso, o aluno se referia às amostras de ácido e de base que continham indicadores. Todas as respostas foram discutidas na sala, ampliando para o grupo. A última etapa do trabalho foi a aplicação dos questionários, cuja análise nos permitiu observar que houve participação de 97 alunos, sendo 18 do primeiro ano, 77 do segundo ano e 2 do terceiro ano. Para a pergunta “Você gosta de Química?” 93,8 % do total responderam afirmativamente; 100% dos entrevistados responderam sim à pergunta “Você gostou do experimento?” Quando pedimos a identificação do cátion presente nos ácidos e do ânion presente nas bases, obtivemos 75,3% e 78,4%, respectivamente, de acertos. Com objetivo de nos certificar se os estudantes estavam certos na definição dos conceitos de ácido e base, fizemos também a pergunta “O que é um ácido?” e “O que é uma base?”. O cruzamento dessas variáveis com as duas anteriores nos informou que cerca de 60% dos alunos responderam corretamente todas as questões.

Materiais utilizados na oficina.

Materiais utilizados na oficina: Galeria, tubo de ensaio, almofariz, pistilo, proveta e a folha da Mussaenda Alicia.

Escala de pH elaborada com indicadores naturais e misturas de nosso co

Cores apresentadas pelos extratos alcoólicos das flores e folhas utilizadas na oficina como indicadores naturais, de acordo com o pH do meio.

Conclusões

A oficina permitiu comprovar que a experimentação dinamiza o trabalho em sala de aula, motiva os alunos para aprendizagem do conteúdo abordado, desperta o interesse pela investigação, estimula a criatividade e amplia o uso dos conteúdos trabalhados. A aplicação e análise dos questionários nos forneceram uma avaliação positiva da oficina, mostrando que, de uma maneira geral, a maioria dos alunos assimilou o conteúdo trabalhado. Dessa forma, a aplicação da oficina atingiu os objetivos propostos, sendo aconselhável sua aplicação em outras escolas.

Agradecimentos

Agradecemos ao apoio dado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) com o financiamento do projeto e ao Programa Institucional de Bolsa de Extens

Referências

ANTUNES, Marjore; ADAMATTI, Daniela S.; PACHECO, Maria Alice R.; GIOVANELA, Marcelo. PH DO SOLO: Determinação com indicadores ácido-base no ensino médio. Disponível em <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc31_4/11-EEQ-3808.pdf > Acesso em 17 de julho de 2015.

LUCAS, Mônica; CHIARELLO, Luana Marcele; SILVA, Arleide Rosa da Silva; BARCELOS, Ivonete Oliveira. INDICADOR NATURAL COMO MATERIAL INSTRUCIONAL PARA O ENSINO DE QUÍMICA. Disponível em < http://if.ufmt.br/eenci/artigos/Artigo_ID192/v7_n3_a2012.pdf> Acesso em 18 de julho de 2015.

TERCI, Daniela Brotto Lopes; ROSSI, Adriana Vitorino. Indicadores naturais de ph: usar papel ou solução? Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422002000400
026> acessado em 29 de abril de 2015.

SANTOS, Ludmyla Ribeiro; PORTO, Maria das Graças Cleophas. PROPOSTA EXPERIMENTAL PARA O ENSINO DE QUÍMICA: Utilizando indicador natural de Ph obtido a partir da biodiversidade da região da serra da capivara. Disponível em <http://www.periodicos.univasf.edu.br/index.php/extramuros/article/viewFile/693/410> acesso em 18 de julho de 2015.

SILVA, S. G. da. IX CONGIC: As principais dificuldades na aprendizagem de química na visão dos alunos do ensino médio. Disponível em <http://www2.ifrn.edu.br/ocs/index.php/congic/ix/paper/viewFile/1037/76Disponveil> Acesso em 19 de julho de 2015.

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