RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA TEMÁTICA QUÍMICA NA COZINHA: EXPLORANDO O OBJETO DE ESTUDO DA QUÍMICA, SUA IMPORTÂNCIA E APLICAÇÕES NO COTIDIANO

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Galindo, A.T. (UFPE) ; Sousa, E. (UFPE) ; Santos, M. (UFPE) ; Menezes Guedes, M.G. (UFPE) ; Silva Bezerra, B.H. (UFPE)

Resumo

Este trabalho se constitui em um relato de uma experiência de formação vivenciada na disciplina de Metodologia do Ensino da Química do Curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal de Pernambuco. A partir dos estudos e discussões dos referenciais teóricos da aprendizagem significativa de Ausubel e da pedagogia problematizadora de Paulo Freire elaboramos a proposta de uma oficina temática intitulada “Química na Cozinha” com objetivo de refletir sobre o objeto de estudo da química, sua importância e aplicação no cotidiano com estudantes da educação básica.

Palavras chaves

Ensino de Química; aprendizagemsignificativa; pedagogiaproblematizadora

Introdução

Podemos perceber a contribuição da química nas diferentes atividades humanas: fornecimento de energia, meio ambiente, poluição, alimentos, processos biológicos, medicina, processos industriais, etc. (GADELHA, 2006). Assim, torna-se um desafio para os educadores propiciar uma aprendizagem mais significativa aos estudantes de Química possibilitando uma visão de mundo articulada (BRASIL, 2002). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), a aprendizagem química objetiva a compreensão das transformações químicas que ocorrem no mundo, de forma abrangente e integrada para contribuir com a formação de cidadãos críticos (BRASIL, 2002). Assim, destacamos a importância dos teóricos David Ausubel (2003) e Paulo Freire (2003) para construção de princípios norteadores que possibilitem caminhos para desenvolver um ensino de química significativo e fundamentado no cotidiano dos estudantes. Ambos criticam o ensino que valoriza ação passiva do aprendiz que frequentemente é tratado como mero ouvinte das informações que o professor expõe. Segundo Marcondes (2008), uma oficina temática existe a possibilidade de o cotidiano ser discutido em articulação com o conhecimento científico. Para o autor, a oficina temática pode ser considerada o conjunto de atividades que buscam respostas para uma problemática a partir dos conhecimentos teórico- práticos. Assim, este trabalho descreve uma proposta de uma oficina temática “Química na Cozinha” construída a partir dos estudos e discussões na disciplina de Metodologia do Ensino de Química do Curso de Licenciatura em Química da UFPE, com o objetivo de refletir o objeto de estudo da Química, sua importância e aplicação no cotidiano, sendo composta por três atividades: problematização; vídeo e atividades experimentais.

Material e métodos

As pesquisas no ensino de química evidenciam a importância de considerar o estudante como o sujeito ativo que constrói conhecimento em todas as etapas de sua vida, pois como um ser curioso procura conhecer e compreender o que se passa à sua volta. Este conhecimento produzido precisa de uma sistematização e aprofundamento e, isto não se faz de forma imediata, pelo simples contato com os objetos, por isso a importância do professor assumir o papel de mediador na relação professor-conhecimento-estudante. Nessa perspectiva utilizamos como material e métodos uma sequência de atividades de ensino que pode ser resumida nas fases a seguir: 1. Problematização inicial: teve como objetivo PROBLEMATIZAR diferentes exemplificações do universo cultural da ciência química introduzindo alguns conteúdos, tais como: na geladeira (cinética química); micro-ondas (ondas eletromagnéticas, polaridade); fogão (reação de combustão); fruteira (funções orgânicas, hidrocarbonetos). Utilizamo-nos de discussões a partir de questões, tais como: o que é a química? O que a química estuda? Qual a sua importância? 2. Apresentação Do vídeo: “O que é a Química: origem, ciência e Tecnologia”: teve como objetivo EXPLORAR sobre o objeto de estudo da química, a constituição e as transformações da matéria e dos compostos orgânicos. A partir da apresentação e discussão do vídeo pudemos introduzir o conhecimento na perspectiva histórico-social explorando o cotidiano. 3. Experimentação: teve como objetivo DISCUTIR os conteúdos através dos experimentos recorrendo a aspectos da contextualização e a problematização destes. Realizamos os seguintes experimentos: nº 1: Substância ácida ou básica?; nº 2: Existe ferro na palha de aço? e; nº 3: Por que o suco de laranja amarga depois de certo tempo?

Resultado e discussão

Com a realização da oficina “Química na cozinha”, observamos que uma atividade de caráter investigativo pode possibilitar ao estudante situações para refletir, discutir, explicar, relatar sobre o fenômeno estudado de forma investigativa. Esta, porém, deve ser fundamentada, ou seja, é importante que uma atividade de investigação faça sentido para o estudante, de modo que ele saiba o porquê de estar investigando o fenômeno que a ele é apresentado. Para isso, é fundamental nesse tipo de atividade que o professor apresente um problema ou questão sobre o que está sendo estudado, para que estimule o pensar sobre os próprios saberes. Com a escolha do vídeo “O que é a química: origem, ciência e Tecnologia” (de acordo com a temática da oficina), percebemos que o mesmo, por apresentar características interativas, informativas e motivadoras, bem como nos mostrar uma molécula de benzeno (C6H6) abordando sobre o objeto de estudo da química, a constituição e as transformações da matéria e dos compostos orgânicos, introduz o conhecimento na perspectiva histórico-social explorando o cotidiano. Por meio da mediação do professor, contribuiu-se para o debate com os estudantes sobre os conteúdos apresentados possibilitando uma aproximação maior com a química presente no cotidiano. Com a utilização das práticas experimentais, verificamos que as mesmas constituíram-se como atividades facilitadoras no processo de ensino e aprendizagem, pois nos permitiram gerar problematizações e argumentações e, assim integrar teoria e prática, contribuindo para a construção do conhecimento químico a partir da discussão do mundo vivencial dos alunos.

Conclusões

O processo de ação-reflexão-ação permitiu um novo olhar para atividades vivenciadas no processo de ensino no sentido de torná-las mais significativas para trabalhar o conteúdo químico. Acreditamos que as atividades propostas na oficina temática: problematizações; uso de vídeo e atividades experimentais; contribuiem para os estudantes questionar, investigar, e também reconstruir conceitos, como para evidenciar o papel do professor como facilitador do processo de aprendizagem com a elaboração de ações que possibilite a construção do conhecimento por parte dos estudantes.

Agradecimentos

Á Orientadora Marília Gabriela (DQF-UFPE) e aos alunos da Escola Diario de Pernambuco, a Luciene e aos amigos que colaboraram para que o trabalho se tornasse possível

Referências

AUSUBEL, David P. Aquisição e retenção de conhecimentos: Uma perspectiva Cognitiva. Traduzida por Lígia Teopisto; revisão científica por Vitor Duarte Teodoro. Lisboa: Paralelo editora Lda., 2003.

AZEVEDO, M. C. P. S. Ensino por Investigação: Problematizando as Atividades em Sala de Aula. In: Carvalho, A. M. P. (Org.). Ensino de Ciências: Unindo a Pesquisa e a Prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004, p. 19-34.

BRASIL, Ministério da Educação (MEC), Secretária de Educação Média e Tecnológica (Semtec). PCN + Ensino médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais - Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/Semetec, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

GADELHA, M. M. A identidade da Química no Brasil no contexto dos discursos de divulgação científica: um estudo de caso em quatro periódicos. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Memória Social, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: 2006.

MARCONDES, Maria Eunice Ribeiro. Proposições Metodológicas para o Ensino de Química: oficinas temáticas para a aprendizagem da ciência e o desenvolvimento da cidadania. Em Extensão, Uberlândia, v. 7, 2008, p. 67-77.

PAULINO FILHO, José; NÚÑEZ, Isauro Beltrán; RAMALHO, Betânia Leite. Ensino por projetos: uma alternativa para a construção de competências no aluno. In: NUÑEZ, Isauro Beltrán; RAMALHO, Betânia Leite (Orgs.); Fundamentos do ensino-aprendizagem das ciências naturais e da matemática: o novo ensino médio. Porto Alegre: Sulina, 2004, p. 265-283.

SANTOS, W.L.P. e MORTIMER, E.F. Concepções de profes¬sores sobre contextualização social do ensino de química e ciên¬cias. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 22, 1999. Anais... Poços de Caldas: Sociedade Brasileira de Química, 1999.

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