Um jogo de poker com Química Orgânica.

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Ferreira Carcará da Silva, A.C. (IFPI) ; Elliton Feitoza de Almeida, E. (IFPI) ; Santos Silva, E. (IFPI) ; Fernandes de Sousa, G. (IFPI) ; Nunes da Silva Lopes Júnior, N. (IFPI) ; da Cruz Oliveira Júnior, P. (IFPI) ; da Silva Araújo, E. (INCURSOS) ; Batista da Costa, F. (IFPI)

Resumo

O uso de jogos como recurso didático tem conquistado um espaço cada vez maior nas salas de aula e, por conseguinte, tem crescido o interesse de pesquisadores acerca do papel dos jogos no processo cognitivo. No presente trabalho relatamos uma experiência deste tipo realizada com uma turma de Tecnologia em Alimentos do IFPI Campus Teresina Central na disciplina Química Orgânica dos Alimentos. O formato do jogo foi semelhante ao poker usando a construção de fórmulas estruturais de moléculas orgânicas. A expectativa pela realização do jogo incentivou os alunos a praticar a construção de fórmulas estruturais de moléculas orgânicas como forma de treino. O desempenho na de aprendizagem e a satisfação dos alunos em participarem deste jogo são os melhores resultados alcançados neste trabalho.

Palavras chaves

Jogos; Ensino; Química

Introdução

O uso de jogos como recurso didático tem conquistado um espaço cada vez maior nas salas de aula e, por conseguinte, tem crescido o interesse de pesquisadores acerca do papel dos jogos no processo cognitivo, como se pode ver em publicações e eventos especializados. Os trabalhos dedicados a esta linha refletem sobre o quanto se pode aprender durante uma brincadeira e fincam bases para que uma estratégia lúdica seja bem sucedida, como por exemplo, o caráter voluntário da participação e o foco no que se pretende ensinar durante o jogo para que não se restrinja a uma mera diversão. No presente trabalho relatamos uma experiência deste tipo realizada com uma turma de recém-ingressos no curso de tecnologia em alimentos do IFPI Campus Teresina Central na disciplina Química Orgânica dos Alimentos. O formato do jogo foi semelhante ao poker, mas no lugar de cartas os participantes jogavam com a construção de fórmulas estruturais de moléculas orgânicas.

Material e métodos

Para iniciar o jogo, a turma foi dividida em duas equipes, cada uma elegeu um líder que tinha como responsabilidade escolher, para cada rodada, os dois alunos que representariam a sua equipe. As equipes começavam com 100 pontos cada uma e, para iniciar as rodadas, precisavam apostar dez pontos. Em sorteio foi decidido qual equipe começaria o jogo. Em seguida, o professor lia a descrição da fórmula estrutural de uma molécula orgânica (como mostrado nos exemplos da figura 1) e os representantes da equipe da vez tinham três minutos para montar a estrutura a partir da descrição. Esgotado o tempo, os representantes decidiam quanto apostar e à outra equipe cabia decidir se essa aposta refletia o grau de confiança (ou não) de que a estrutura montada estava correta ou se era apenas um blefe. As apostas podiam subir até onde a reserva de pontos das equipes permitia e a rodada era finalizada com a desistência de uma das equipes para evitar maiores perdas ou quando aqueles que montaram a estrutura eram desafiados a mostrar o desenho que fizeram. Estando correta a estrutura, a desafiante perdia todos os pontos da mesa, caso contrário, ganhavam estes pontos. Se uma das equipes ficasse sem pontos antes que todos os alunos tivessem participado, o líder da equipe era obrigado a tomar um empréstimo com a banca (professor) para poder dar seguimento ao jogo. Ao final, todos os alunos ganharam uma nota pela participação,sendo que a equipe vencedora recebeu 20% a mais na nota. As descrições das estruturas foram exaustivamente verificadas previamente para evitar ambiguidades, o que poderia causar frustração nos participantes.As regras do jogo foram explicadas detalhadamente e todas as dúvidas foram dirimidas antes da primeira rodada para evitar conflitos comprometer o andamento da atividade.

Resultado e discussão

Nas aulas que antecederam a realização do jogo, os alunos foram envolvidos em atividades destinadas à prática de construção de estruturas de moléculas orgânicas usando diferentes notações, fórmulas gerais das funções orgânicas, identificação de isômeros e índice de deficiência de Hidrogênio. O jogo promoveu, entre outras coisas, uma oportunidade para os alunos colocarem à prova o que aprenderam acerca do tema. A expectativa por participar deste jogo fez com que houvesse uma mudança na atmosfera de estudos, tornando-a mais leve e atrativa. Durante o jogo, parte dos alunos demonstrou ter receio do momento em que seriam chamados a participar, mas, muitos estavam ansiosos por mostrar o que tinham aprendido e também pelo clima de competição que foi criado na sala. Não houve recusa de nenhum aluno em participar do jogo, mas se houvesse, seria respeitada sua decisão para que não anulasse o caráter voluntário da participação. É necessário frisar que em algumas rodadas a resposta dada pelos alunos divergiu muito do considerado correto, revelando que nem todos aprenderam satisfatoriamente o conteúdo, no entanto, os alunos não deixaram que isto diminuísse o interesse pelo jogo e colocaram em prática a capacidade de blefar. Em algumas ocasiões a resposta correta foi questionada, mas logo foi resolvida a discordância pela intervenção do professor que demonstrou no quadro a diferença entre a resposta esperada e a fornecida pelos alunos. Na rodada final, de comum acordo as equipes decidiram apostar tudo em um confronto dos líderes das equipes, apesar de não estar previsto no plano do jogo, o professor aceitou a alteração para não intervir de forma autoritária e correr o risco de estragar o clima do jogo.

Figura 1

Exemplos de descrições de estruturas usadas no jogo.

Conclusões

A expectativa pela realização do jogo incentivou os alunos a praticar a construção de fórmulas estruturais de moléculas orgânicas como forma de treino. O jogo não realçou apenas a diversão ou a competição, mas principalmente a mudança de ares para o estudo e avaliação de conhecimentos acerca de um tópico considerado, de início, trabalhoso e enfadonho. Os alunos declararam abertamente aprovação pela estratégia e solicitaram que outras fossem realizadas. O desempenho na aprendizagem e a satisfação dos alunos em participarem deste jogo são os melhores resultados alcançados neste trabalho.

Agradecimentos

Agradecemos a toda turma de Tecnologia em Alimentos do IFPI Campus Teresina Central ingressantes no ano de 2014 pela disposição e entusiasmo sem os quais este trabalho

Referências

SOARES, Márlon Herbert Flora. O lúdico em química: jogos e atividades aplicados ao ensino de química. Tese (Doutorado) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2012.
PIAGET, j.; A Formação do símbolo na criança: imitação, jogo, sonho, imagem e representação. Álvaro Cabral e Cristiano Monteiro Oiticica, Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1975.

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