O ensino da Química Orgânica em curso Técnico Integrado ao EM por Método Convencional versus Metodologia ABP

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Ensino de Química

Autores

Lianda, R.L.P. (IF SUDESTE MG - CÂMPUS BARBACENA) ; Pereira, C.N. (IF SUDESTE MG - CÂMPUS BARBACENA) ; Presoti, P.B. (IF SUDESTE MG - CÂMPUS BARBACENA) ; Marcelino, J.C. (IF SUDESTE MG - CÂMPUS BARBACENA) ; da Silva, L.O.C. (IF SUDESTE MG - CÂMPUS BARBACENA)

Resumo

A aprendizagem tem sido discutida há tempos e a busca por metodologias que minimizem a desmotivação de alunos, levou uma educadora a pensar em sua própria motivação. Objetivou-se pontuar após um bimestre letivo, as diferenças entre Metodologias Convencional e ABP-Aprendizagem Baseada em Projetos/Problemas no desenvolvimento da "Química Orgânica", e resultados (buscando motivação aos alunos e profª), em uma turma de curso Técnico, cujo objeto de estudo é o alimento mel. A aula segue o andamento do projeto e inclui aprendizagem cooperativa, tarefas dialógicas, avaliações diversas etc. Apesar da apreensão e resistência iniciais dos alunos, foram observados resultados positivos em curto espaço de tempo. A aula tornou-se dinâmica e atraente, alcançando o resgate da motivação de alunos e profª.

Palavras chaves

Metodologia ABP; Ensino-aprendizagem; Motivação

Introdução

O conceito de aprendizagem tem sido discutido há tempos, e algumas definições citam que a aprendizagem, em vez de transferir conhecimento para os alunos, envolve os alunos em um processo colaborativo contínuo de construção e remodelação, compreensão como uma conseqüência natural de suas experiências e interações autênticas com o mundo (GOODMAN,1984; FOSNOT,1989; GRABINGER & DUNLAP,1995). Consequentemente, aprender a pensar criticamente, analisar e sintetizar informações para resolver problemas técnicos, sociais, econômicos, políticos e científicos, e para trabalhar de forma produtiva em grupos são habilidades cruciais para sucesso e participação em nossa sociedade moderna e competitiva (GRABINGER & DUNLAP,1995). Apesar das referências citadas acima datarem de antes do nascimento dos alunos envolvidos neste trabalho, ainda é difícil transformar seus dizeres em realidade. A busca por metodologias que atendam aos preceitos acima, e simultaneamente, minimizem a desmotivação de alunos, levou uma educadora a pensar em sua própria motivação ao analisar que, segundo Freire (1999), o educador precisa saber que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. No Programa Prodocência, criou-se uma proposta com estratégias de aplicação do método ABP-Aprendizagem Baseada em Projetos/Problemas, no âmbito das abordagens teórico-práticas (CIPBL,2010; LARMER & MERGENDOLLER,2012; OLIVEIRA,2013). Objetivou-se neste trabalho pontuar após um bimestre letivo, as diferenças entre as Metodologias Convencional e ABP no desenvolvimento da disciplina "Química Orgânica" e consequentes resultados (buscando motivação aos alunos e professora), em uma turma de curso Técnico Integrado ao EM, cujo objeto de estudo do projeto é o alimento mel.

Material e métodos

Foi aplicada a metodologia ABP durante o 1º bimestre na disciplina "Química Orgânica I" na 2ª série do Técnico em Química Integrado ao EM (30 alunos) no "IFSudesteMG-Câmpus Barbacena". O projeto (ou problema) envolve um alimento como objeto de estudo, mel, de forma a definir seu perfil de fenólicos e consequente potencial antioxidante. Essa proposta permite que o conteúdo (exemplos: átomo de C, funções orgânicas, propriedades dos compostos orgânicos etc.) seja ministrado de forma aplicada e interdisciplinar, conforme andamento do projeto. Os membros abarcados são a Profª responsável (orientadora), uma Profª Pesquisadora e 2 Licenciandos em Química (estudantes de IC anteriormente, sobre o tema químico citado). As atividades realizadas que permeiam a Metodologia ABP: • aprendizagem cooperativa, portanto foram formados grupos, por meio de sorteios • tarefas dialógicas • busca por informações prévias dos temas antes das aulas, ou seja, os alunos estudam o assunto anteriormente • aulas práticas antes da teoria apresentada • uso de ferramentas tecnológicas: www.tagxedo.com; facebook para comunicação entre os membros e apresentação de resultados • avaliações diversas, além da prova escrita e individual marcada pela escola, foram realizadas: pesquisa na literatura de tema surgido durante aula prática, com aprendizagem de palavras-chaves gerando uma "nuvem" por meio do uso do programa www.tagxedo.com (individual); avaliação aos pares, onde cada aluno sorteou um colega de seu grupo, pontuando aspectos positivos e os que podem ser melhorados; avaliação (em grupos) que envolveu relações entre compostos orgânicos e a imagem do objeto de estudo, o mel; participação; • estudantes como orientadores, ou seja, alunos passando seus aprendizados adiante Houve registros (fotos/videos).

Resultado e discussão

O PA foi adequado (tabela anexa, comparando métodos). Foram ditos aspectos da ABP, feitas tarefas dialógicas e criados grupos por sorteio (visando interação e trabalho em equipe, sobretudo com os que não escolheriam, como no mercado de trabalho). No início os alunos eram apreensivos e resistentes. A 1ª aula (2 grupos) foi sobre as 1as análises do mel (UV, e sensorial - com rótulos ocultos). O restante da turma observou slide do mel, anotando relações com compostos orgânicos. Os grupos continuaram as aulas (um ensinando outro, inclusive para Licenciatura). Houve surpresas nas aulas, já que os alunos refletem, discutem e indagam. Ex: devido à toxidez do metanol, veio a idéia de pesquisá-lo, e criar nuvem com palavras-chave (tagxedo). Vieram debates sobre o C e funções (hidrocarboneto, álcool, fenol). Então, após prévio estudo, os alunos usaram modelos moleculares. As notas estão no gráfico anexo. Pela 1ª vez na carreira da Profª ninguém ficou em recuperação e a maioria tirou >80. Dizeres de alunos: "Eu concluí que com esse método, é possível que antes da gente chegar à sala de aula a gente já conhece o assunto, então torna-se mais fácil a compreensão quando explicado." "Nós aprendemos a trabalhar em equipe, a respeitar e ajudar." "Bom, não vou mentir, no início não concordei com isso, achei que iria nos prejudicar e ficaríamos defasados quanto ao conteúdo. Mas fui percebendo que não era ruim, e que ao invés de sairmos defasados e prejudicados, sairemos com mais conhecimentos e melhor formação." "Esse método tendo aulas práticas antes de teóricas é muito interessante e legal, e também de ter que pesquisar para aprender." "Eu estou gostando muito das aulas porque com essa metodologia aprender ficou mais fácil. Aprender fazendo tornou o conteúdo aprendido e não decorado."

Gráfico de Nº de alunos X Notas

Gráfico de Nº de alunos (dos 30 alunos) X Notas (Prova Bimestral escrita e individual, obrigatória - marcada pela escola; e Médias do 1º Bimestre).

Tabela Metodologias Convencional versus ABP.

Tabela com informações comparativas entre as Metodologias Convencional e ABP, juntamente com comentários/resultados.

Conclusões

Com a aplicação da Metodologia ABP foram observados resultados positivos em curto espaço de tempo, superando expectativas. Podem ser evidenciados: a construção do conhecimento colaborativo, respeitando a individualidade; geração de confiança entre os estudantes, no processo de aprendizagem e na professora; alunos refletindo sobre o que estão fazendo; desenvolvimento de habilidades de realização de trabalho em equipes e de gestão. A aula tornou-se mais dinâmica e atraente. Houve o alcance dos objetivos, principalmente quanto ao resgate da motivação tanto dos estudantes quanto da professora.

Agradecimentos

À CAPES, por meio do Programa Prodocência.

Referências

CIPBL - Congresso Internacional – PBL2010, 2010, São Paulo. Aprendizagem baseada em problemas e metodologias ativas de aprendizagem: Conectando, pessoas, idéias e comunidades. Universidade de São Paulo, CD- ROOM. São Paulo, fev. 2010.

FOSNOT, C.T. Enquiring teachers, enquiring learners: A constructivist approach for teaching. New York: Teachers College Press 1989.

FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 23. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

GOODMAN, J. Reflection and teacher education: A case study and theoretical analysis. Interchange 1984, 15, 3, pp. 9-26.

GRABINGER, R.S. & DUNLAP, J.C. Rich environments for active learning, a definition. ALT-J 1995, 3(2), 5-34.

LARMER, J. & MERGENDOLLER, J.R. 8 Essentials for Project-Based Learning. Educational Leadership 2010, Reproduced and updated 2012, 68(1).

OLIVEIRA, M.D.R. Tese de Doutorado. Aprendizagem baseada em problemas/projetos em ambiente on-line na perspectiva de educadores e educandos da ciência dos alimentos. PPGCTA-UFV. 2013, p. 221.

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