AVALIAÇÃO PRELIMINAR DA ATIVIDADE OVICIDA DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DE [i]CROTON[/i] SP. (EUPHORBIACEAE) SOBRE O [i]AEDES AEGYPTI[/i] (DIPTERA: CULICIDAE)

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Produtos Naturais

Autores

Carvalho, K.S. (UESB/ITAPETINGA) ; Costa, R.K.B.S. (UESB/ITAPETINGA) ; Silva, S.L.C. (UESB/ITAPETINGA) ; Cruz, R.C.D. (UESB/ITAPETINGA) ; Anjos, Q.Q.A. (UESB/ITAPETINGA) ; Passos, M.M.S. (UESB/ITAPETINGA) ; Costa, T.G. (UESB/ITAPETINGA) ; Silva, T.S. (UESB/ITAPETINGA) ; Gualberto, S.A. (UESB/ITAPETINGA)

Resumo

Os óleos essenciais são misturas de substâncias químicas que podem ser tóxicos aos insetos, a exemplo do Aedes aegypti, vetor com grande importância epidemiológica. Assim, esse trabalho teve por objetivo avaliar a atividade ovicida do óleo essencial obtido das folhas de Croton sp., sobre o Ae. aegypti. O óleo foi obtido por hidrodestilação, utilizando-se o extrator de Clevenger modificado. Os ovos do Ae. aegypti foram expostos à diferentes concentrações (60 mg mL-1, 30 mg mL- 1 e 15 mg mL-1) do óleo, por uma hora. Em seguida, os ovos foram lavados e avaliados quanto à eclosão das larvas a cada 24 horas, durante 10 dias. O óleo essencial de Croton sp., não demonstrou efeito ovicida sobre o Ae. aegypti, nas concentrações avaliadas.

Palavras chaves

Controle de Vetores; Inseticidas Botânicos; Plantas

Introdução

Os óleos essenciais, presentes em plantas aromáticas, constituem uma mistura de substâncias químicas com uma diversidade de grupos funcionais, os quais podem ser tóxicos aos insetos. Assim, a busca por plantas com propriedade inseticida torna-se essencial, visto que representa um controle alternativo com maior seletividade, comparado aos inseticidas sintéticos (DIAS; MORAIS, 2013; GARCEZ et al, 2013). O Aedes aegypti é um dos principais vetores de agente etiológicos de doenças com grande impacto na saúde pública do mundo. Nos dias atuais, a principal forma de controle a esse vetor se dá através do uso de inseticidas sintéticos, os quais, devido ao uso continuado desses produtos, têm selecionado populações de insetos resistentes, além de impactar negativamente o ambiente. Desse modo, algumas pesquisas vêm demonstrando o potencial inseticida de plantas sobre o Ae. aegypti (SILVA et al, 2014; CARVALHO et al, 2015; CRUZ et al, 2015) e ao mesmo tempo, representando uma alternativa de controle menos impactante para o ambiente. Nesse sentido, esse trabalho teve por objetivo avaliar a atividade ovicida do óleo essencial obtido das folhas de Croton sp. sobre o Ae. aegypti.

Material e métodos

Após a coleta, as folhas foram secas em estufa de circulação de ar a 50 °C, por um período de 12 horas. O óleo essencial foi obtido através da hidrodestilação, utilizando-se o extrator de Clevenger modificado. Para a realização do ensaio biológico, foram utilizados cinco ovos por repetição, com cinco repetições por tratamento. O experimento foi constituído por três tratamentos e um grupo controle. Em cada tratamento, os ovos foram expostos às concentrações de 60,0 mg mL-1, 30,0 mg mL-1, e 15,0 mg mL-1, por um período de 1 hora. Após esse período, os ovos foram retirados e lavados com 10 mL de água deionizada, por três vezes e, então distribuídos em vasilhames plásticos (3,0 cm x 4,2 cm), contendo 5 mL de água deionizada, o suficiente para encobrir os ovos. As observações de eclosão das larvas foram realizadas a cada 24 horas, durante 10 dias. Os dados experimentais relativos ao percentual de eclosão das larvas foram submetidos ao teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade e à análise de regressão linear simples.

Resultado e discussão

As observações revelaram que nos três primeiros dias, ocorreu um atraso na eclosão das larvas em todas as concentrações avaliadas, quando comparadas com o grupo controle. No quarto e quinto dias de observação, o percentual de eclosão larval, na concentração de 60 mg mL-1, foi de 44,0% e 52,0%, respectivamente, atuando de forma significativa, quando comparada com o grupo controle (92,0% e 92,0%), sendo que as concentrações de 30 mg mL-1 (60,0% e 60,0%) e 15 mg mL-1 (60,0% e 68,0%) não diferiram do grupo controle. A partir do sexto dia de observação, nas diferentes concentrações o percentual de eclosão larval foi superior ou igual a 60,0%, assim como no grupo controle (Tabela 1). A análise de regressão demonstrou uma correlação positiva entre a eclosão das larvas e o tempo de observação para as concentrações de 60 mg mL-1 (ŷ= 8,82x+3,47 e R²= 0,96), 30 mg mL-1 (ŷ= 6,81x +17,33 e R2= 0,82) e 15 mg mL-1 (ŷ= 8,31x+9,06 e R2= 0,80), assim como para grupo controle (ŷ= 3,78x+9,1 e R2=0,41) (Figura 1). A não eficiência da atividade ovicida do óleo de Croton sp., nas concentrações avaliadas, pode ter ocorrido possivelmente, em função do ovo, ser a fase do ciclo biológico com maior resistência às adversidades do meio. Segundo Rezende et al, (2008) essa característica de resistência do ovo, deve-se à presença de uma cutícula serosa, constituída de quitina e lipídeos, os quais garantem a impermeabilidade do mesmo.

Tabela 1:

Percentual de eclosão larval do Ae. aegypti, cujos ovos foram submetidos a diferentes concentrações do óleo essencial, obtido das folhas de Croton sp.

Figura 1:

Correlação entre a eclosão larval e tempo de observação de Ae. aegypti, submetidos a diferentes concentrações do óleo essencial de Croton sp.

Conclusões

O óleo essencial obtido das folhas de Croton sp. não apresentou efeito inseticida sobre os ovos do Aedes aegypti.

Agradecimentos

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB).

Referências

CARVALHO, K. S., CRUZ, R. C. D.; SILVA, S. L. C.; GUALBERTO, S. A. Atividade larvicida dos extratos aquosos e do hidrolato das folhas de Croton tetradenius sobre o Aedes aegypti. Enciclopédia Biosfera, v.11, n. 21, p. 2815-2823, 2015.

CRUZ, R. C. D.; CARVALHO, K. S., SILVA, S. L. C.; GUALBERTO, S. A. Avaliação da atividade larvicida de extratos aquosos e do hidrolato obtidos das folhas de Croton argyrophyllus sobre o Aedes aegypti. Enciclopédia Biosfera, v.11, n. 21, p. 2835-2841, 2015.

DIAS, C. N.; MORAES, D. F. C. Essential oils and their compounds as Aedes aegypti L. (Diptera: Culicidae) larvicides: review. Parasitology Research, n. 113, p. 565-592, 2013.

GARCEZ, W. S.; GARCEZ, F. R.; SILVA, L. M. G. E.; SARMENTO, U. C. Substâncias de origem vegetal com atividade larvicida contra Aedes aegypti. Revista Virtual de Química, v. 5, n. 3, p. 363-393, 2013.

REZENDE, G. L.; MARTINS, A. J.; GENTILE, C.; FARNESI, L. C.; PELAJO-MACHADO, M.; PEIXOTO, A. A.; VALLE, D. Embryonic desiccation resistence in Aedes aegypti: presumptive role of the chitinized serosal cuticle. BMC Developmental Biology. v. 8, n. 1, p: 1-14, 2008.

SILVA, S. L. C. E.; GUALBERTO, S. A.; CARVALHO, K. S.; FRIES, D. D. Avaliação da atividade larvicida de extratos obtidos do caule de Croton linearifolius Mull. Arg. (Euphorbiaceae) sobre larvas de Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera: Culicidae). Revista Biotemas, v. 27, n. 2, p. 79-85, 2014.


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