Bioprospecção de fungos endofíticos das folhas de Piranhea trifoliata (Picrodendraceae)

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Produtos Naturais

Autores

Jeffreys, M.F. (INPA) ; Lobo, W.V. (INPA) ; Nunez, C.V. (INPA)

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo o estudo fitoquímico de nove fungos endofíticos obtidos da espécie Piranhea trifoliata (Picrodendraceae). Para o fracionamento, foram realizadas partições líquido-líquido com os solventes diclorometano e Acetato de Etila. Os espectros de RMN de 1H obtidos das fases DCM, mostraram a presenças de terpenos, flavonoide e cadeias lifáticas já os espectros de RMN de 1H das fases AcOEt, mostraram ter terpenos além de substâncias aromáticas. Esses resultados tornam-se de grande importância, incentivando seus fracionamentos afim de se obter metabólitos secundários de interesse químico, biológico e farmacológico.

Palavras chaves

Piranhea trifoliata; Fungos Endofíticos; Floresta Amazônica

Introdução

Os fungos endofíticos habitam os espaços inter e intracelulares dos tecidos vegetais. Podem entrar pelas raízes, estômatos ou lesões e permanecer em um hospedeiro por um período do seu ciclo de vida, ou por toda a sua vida, onde a transmissão ocorre verticalmente, por meio de sementes do hospedeiro (Azevedo, 2000). De acordo com Gunatilaka (2006) mais de 100 micro-organismos endofíticos foram cultivados e submetidos a investigações para a caracterização química e avaliação biológica, resultando em novas estruturas químicas e atividades biológicas interessantes. A família Picrodendraceae possui 29 gêneros e 100 espécies, dentre estas tem-se a Piranhea trifoliata Baill, que são árvores de grande porte, com os ramos bem desenvolvidos, em geral parcialmente submersos, ocorrem nas margens dos rios da região Amazônica, do Brasil, e também é específica dos solos arenosos (Maia, 2001; Peres, 2005). Na medicina popular é usada para malária, hemorróidas e inflamações. Com isso, o objetivo do trabalho foi o isolamento e a bioprospecção dos fungos endofíticos a fim de identificar as possíveis classes químicas dos extratos e fases.

Material e métodos

As folhas de P. trifoliata Baill foram coletadas em Altamira-PA e identificadas pela Dra. Daiane Martins. Cada parte das plantas coletadas foi lavada em água corrente e em seguida desinfetada superficialmente, para eliminação de micro- organismos epifíticos, utilizando o seguinte procedimento: colocadas imersas em álcool 70% por 1 min, 3 min em hipoclorito de sódio a 2,5% de cloro ativo (v/v) e novamente em álcool por 30 s. Em seguida, foram retirados 5 pequenos fragmentos com 0,5 cm de tamanho, onde foram isoladas em placa de Petri contendo meios de cultura Ágar Batata Dextrose (BDA) juntamente com o antibiótico oxitetraciclina a 2,5 g/mL para a eliminação de bactérias e isolar somente fungos. As placas foram incubadas em temperaturas variando de 26 a 30 ºC. As suspensões celulares dos fungos foram crescidas por 15 dias em 112 rpm à 30 ºC, em seguida, foram realizadas partições líquido-líquido com o caldo nutritivo. Para a identificação das classes dos compostos foram realizadas análises de RMN de 1H (300 MHz).

Resultado e discussão

Os espectros das fases com mesma polaridade foram analisados em conjunto. Primeiramente, analisando os espectros de RMN de 1H das fases DCM dos caldos de 9 fungos endofíticos, observam-se os sinais em 0,7–1,10 ppm característicos de metilas, um sinal bem intenso em 1,25 ppm referente a hidrogênios de CH2 de cadeia alifática, em 3,00–5,00 ppm característicos de hidrogênios de carbonos carbinólicos, sinais em 6,00-8,00 ppm, referentes a sinais de hidrogênios de anéis aromáticos bem como os sinais em 12,4 ppm que podem ser referentes a hidrogênio de grupos carboxilados ou hidrogênio quelado da posição 5 de flavonoide. Os espectros das fases AcOEt dos caldos de 6 dos fungos isolados apresentaram sinais entre 0,70 a 1,25 ppm que podem ser referentes a metilas de terpenos. Foi observada também a presença de sinais entre 3,00–5,00 ppm, característicos de hidrogênios de carbonos carbinólicos. Também há sinais menos intensos na região entre 6,50 a 7,50 ppm, referentes a substâncias aromáticas.

Figura 1: Fase DCM obtida dos fungos endofíticos (1 a 9 de baixo para

Espectros de RMN de 1H obtido das fases DCM

Figura 2: Fase AcOEt obtida dos fungos endofíticos (1 a 6 de baixo pa

Espectros de 1H das fase AcOEt

Conclusões

Os resultados obtidos neste estudo mostram que os fungos endofíticos das folhas de Piranhea trifoliata produzem terpenos, substâncias de cadeia alifática (graxa) e substâncias aromáticas, possivelmente flavonoides. Estes resultados incentivam o fracionamento destes extratos.

Agradecimentos

INPA, CNPq, CAPES, FAPEAM. Apoio Financeiro: CT-Agro/CNPq, PPBio/CNPq, CENBAM/CNPq/MCTI, FAPEAM, Pro- Amazônia/CAPES.

Referências

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