ESTUDOS FITOQUÍMICOS E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DAS FOLHAS E DOS GALHOS DE Ouratea fieldingiana (DC.) BAILL IN VITRO

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Produtos Naturais

Autores

Teles Nascimento, J.E. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Teixeira Nobre, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Moreira Rodrigues, A.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Ribeiro Liberato, H. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Câmara Neto, J.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Carvalho Martins, V. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Maia de Morais, S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

A planta Ouratea fieldingiana (Gardner) Engl., conhecida popularmente como Batiputá, é uma espécie arbórea pertencente á família das Ochnaceae. A literatura registra a presença nas folhas de O. fieldingiana de compostos flavanoídicos com ação antiiflamatória e anticâncer. Neste trabalho será avaliada a constituição química das folhas e dos galhos assim como a atividade de antioxidante pelo método DPPH, ação relacionada com as atividades relatadas da planta. Na avaliação da atividade antioxidante usou- se como padrão a quercetina (IC50 = 4,77 µg/mL) obtendo-se para o extrato etanólico das folhas uma IC50 = 4,95 μg/mL e para os galhos uma IC50 = 5,89 ± 0,29 μg/mL. Portanto os extratos apresentam potencial antioxidante similar ao padrão, justificando em parte o uso popular da planta.

Palavras chaves

Cicatrização; Histologia; Plantas medicinais

Introdução

É cada vez mais percebido que muitas das doenças de hoje são devidas ao stress oxidativo (SO), que resulta de um desequilíbrio entre a formação e a neutralização de prooxidantes. O SO causam danos no DNA e proteínas devido a peroxidação de lípideos e esses danos tem sido implicada como um potencial contribuinte para a patogénese do câncer, diabetes, aterosclerose, doenças cardiovasculares, envelhecimento e doenças inflamatórias (Braca et al, 2001; Maxwell, 1995; Martin, 1996). Diante dessas informações e observando a rica biodiversidade vegetal do nordeste brasileiro, esta proposta busca investigar a constituição química das folhas e dos galhos da planta Ouratea fieldingiana, que é um arbusto da família das Ochnaceae encontrado principalmente no Ceará e Rio Grande do Norte e mais especificamente nas áreas arenosas do litoral. Investigou-se principalmente a capacidade desta planta de inibir o radial livre DPPH, agindo como antioxidante para justificar o seu uso popular. As folhas de O. fieldingiana apresentam compostos flavanoídicos com ação anticâncer e antiiflamatório (SUZART et al., 2007) e extratos e constituintes da folhas, do caule e do óleo já são estudados para comprovar uma ação cicatrizante. Os tipos de compostos como os flavonoides, bi-flavonoides, esteróis, triterpenos, tocoferóis entre outras substâncias isolados da O. fieldingiana, podem contribuir para sua atividade cicatrizante ou podem ainda modular a atividade de antibióticos quando usados em associação com estes (CALIXTO JUNIOR, 2015). Desta forma extratos e constituintes das folhas e dos galhos de O. fieldingiana constituem produtos vegetais bioativos que poderiam contribuir com sua ação farmacológica.

Material e métodos

Para a preparação do extrato etanólico (EE), 1000g das folhas foram extraídos com 10 L de etanol PA 96º, por maceração, durante sete dias, à temperatura ambiente, com agitação ocasional e concentrado em rotoevaporador a 40ºC. Foi obtido 0,55kg de EE das folhas de O. fieldingiana. O EE das folhas e dos galhos foram analisado no laboratório de Química e Produtos Naturais da UECE para a identificação dos metabólitos secundários. Os testes realizados foram para identificação de taninos, flavonoides, esteroides e triterpenos, alcaloides, saponinas e fenóis (Matos, 1988). Para a determinação do teor de fenóis totais do EE das folhas e dos galhos foram divididos em tubos de ensaio e foi determinada por espectrometria na região do U.V. visível utilizando a metodologia do reagente Folin-Ciocalteau (FOLIN, CIOCALTEAU, 1927; (FUNARI E FERRO, 2006). Foi realizada a quantificação do teor de flavonoides utilizando o reagente de complexação cloreto de alumínio a 2% em metanol feita em espectofotômetro. Para a determinação da atividade antioxidante do EE das folhas e dos galhos, foi utilizado o método do radical livre DPPH. A partir dos resultados obtidos determina-se a porcentagem de atividade antioxidante ou sequestradora de radicais livres. As leituras das absorbâncias foram realizadas em espectrofotômetro após 60 minutos no comprimento de onda de 515 nm. A inibição do radical livre pelo DDPH em percentagem (%) foi calculada por IV50 (BRAND-WILLIANS, 1995).

Resultado e discussão

No estudo fitoquímico, foi detectado a presença de taninos catéquicos ou flobafênicos nos dois extratos. O teste para detectar a presença de flavonóis, flavanonas, flavanonóis e xantonas foi considerado positivo. O teste de esteroides e triterpenóides apresentou coloração azul evanescente seguida de verde, indicativo para a presença de esteroides livres, também nos dois extratos. O teste para saponinas concentrou uma camada de espuma na região superior indicando reação positiva. Já o teste para detectar alcaloides apresentou resultado positivo apenas no EE dos galhos. De acordo com os dados analisados o EE das folhas de Ouratea fieldingiana apresentou 35,33 ± 22,15 mgEAG/g de compostos fenólicos, já o EE dos galhos apresentou de 52,62 ± 8,66 mgEAG/g. Com base na prospecção fitoquímica foi quantificado o teor de flavonoides, 1,261 ± 0,929 mgEQ/g para o EE folhas e 1,25 ± 0,09 mgEQ/g para o EE dos galhos. O cálculo do IC50 das frações resultou numa concentração igual a 4,95μg/mL para a fração do EE das folhas e 5,89 ± 0,29 μg/mL para o EE dos galhos. Pode-se observar que o extrato etanólico foliar e dos galhos apresentaram uma excelente atividade antioxidante, com valores de IC50 próximos ao valor padrão 4,77 µg/mL da quercetina. Acredita-se que esta boa atividade antioxidade apresentada pelos extratos tem sido correlacionada com a presença de flavonoides e outros fenois, presentes em todas as amostradas analisadas. Os resultados encontrados neste estudo indicam que essa espécie possui substâncias químicas antioxidantes. As plantas medicinais são raramente utilizadas como antioxidantes em medicina tradicional, dessa forma, suas características terapêuticas poderiam ser sustentadas em parte, pela sua capacidade sequestradora de radicais livres (M

Conclusões

As pesquisas com plantas medicinais envolvem investigações química e etnobotânicas, com caracterização dos princípios ativos dos extratos. Na avaliação da atividade antioxidante usou-se como padrão a quercetina (IC50 = 4,77 µg/mL) obtendo-se para o EE das folhas um IC50 = 4,95 μg/mL e os galhos apresentaram um IC50 = 5,89 ± 0,29 μg/mL. Os extratos revelam uma ação antioxidante excepcional que está de acordo com a presença de flavonoides e biflavonoides. No entanto, torna-se necessário um estudo in vivo para determinar se esta planta poderá ser utilizada para este fim com eficácia.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Universidade Estadual do Ceará (UECE) e ao Laboratório de Química e Produtos Naturais (LQPN).

Referências

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