Avaliação da qualidade microbiológica da água mineral produzida em Belém - Pará

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Alimentos

Autores

Figueiredo, E.L. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Melo, J.K.L. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

Com a dúvida sobre a qualidade da água de abastecimento público, o cidadão passou a utilizar a água mineral com maior intensidade. As amostras foram adquiridas aleatoriamente, em épocas e estabelecimentos diferentes para que fossem originados de lotes diversos. Os galões de água mineral foram submetidos às seguintes análises: Coliforme à 35°C e à 45°C, Pseudômonas aeruginosa, Clostrídios sulfito redutores. A temperatura da água de lavagem de 80°C deve ser suficiente para atingir o centro e a periferia dos garrafões. Os resultados obtidos verificaram 44 amostras de água mineral envasada não apresentaram contaminação por Clostrídium sulfito redutor e por Pseudômona aeruginosa. Porém, detectou-se contaminação de Coliformes a 35 0C e a 45 0C em 25 % e 20,4 % de amostras, respectivamente.

Palavras chaves

Mineral; Microbiológica; Qualidade

Introdução

A água mineral, segundo o art. 1° do Código de Águas Minerais “são aquelas provenientes de fontes naturais ou de fontes artificiais captadas, que possuam composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns, características que lhe confiram uma ação medicamentosa” (BRASIL, 2005). Já as águas potáveis de mesa, segundo o art. 3° do supracitado Código, são as de “composição normal provenientes de fontes naturais ou de fonte artificiais captadas que preencham tão somente as condições de potabilidade para a região”. O mercado da água envasada vem apresentando grande expansão nos últimos anos, não somente no Brasil, mas em todo o mundo. Segundo estatísticas do Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM e da Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral – ABINAM, tem-se observado um aumento de 20 % ao ano (DNPM, 2009). A água é um grande transmissor de parasitas. Em pleno século XXI, registra- se ainda em todo mundo elevado número de óbitos infantis associados à qualidade desses líquidos. Anualmente, cerca de 1,8 milhões de crianças morrem de diarreia e outros agravos provocados pela má qualidade da água e falta de saneamento (DNPM, 2009). A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA regulamentou a aprovação que considera constante o aperfeiçoamento das ações de controle sanitário na área de alimentos e bebidas, visando a proteção da população, considerando que a água mineral natural podem causar doenças, considerando a necessidade de complementar o Regulamento Técnico sobre condições higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de fabricação para estabelecimentos produtores de alimentos, bem como o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos estabelecimentos (BRASIL, 2005). Diante do contexto vivenciado mundialmente e, em especial pelo Estado do Pará, que desponta com destaque a nível nacional, no que tange a seu volume de consumo de água mineral, este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica da água mineral comercializada em Belém-Pará, bem como realizar um estudo sobre seus pontos críticos do processamento e avaliar indicadores microbiológicos. O estudo serviu de base para apontar a qualidade da água mineral consumida por milhares de pessoas na grande Belém- Pa.

Material e métodos

Estudo do fluxograma da produção da água mineral Foi realizado um estudo do fluxograma de produção da água mineral produzida em uma indústria localizada em Belém-Pará. A partir desse fluxograma, foi feito o estudo sobre o APPCC, identificando em cada etapa da produção, os principais Pontos de Controle (PC) e os Pontos Críticos de Controle (PCC). Análises microbiológicas da água mineral Para a realização desse trabalho, as determinações microbiológicas foram realizadas no Laboratório de Microbiologia, do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia – CCNT, da Universidade do Estado do Pará – UEPA. As águas minerais foram submetidas às seguintes análises: Coliforme à 35°C e à 45°C, Pseudômonas aeruginosa, Clostrídios sulfito redutores. Todas as análises foram realizadas em duplicata, e de acordo com os parâmetros microbiológicos, exigidos pela legislação vigente, Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, Resolução nº. 275, de 22 de setembro de 2005 (BRASIL, 2005).

Resultado e discussão

: Fluxograma de produção da água mineral. O fluxograma com o processo de produção da água mineral, bem como as identificações dos Pontos de Controle (PC) e dos Pontos Críticos de Controle (PCC) nas etapas do processo está apresentado na Figura 01. Detalhamento do Ponto Crítico de Controle - PCC do fluxograma de produção da água mineral: - PCC1 (Biológico) – Lavagem dos garrafões: A lavagem dos garrafões é realizada com a utilização de água quente, sob temperatura média de 80 0C. O Ponto Critico de Controle – PCC pode ser caracterizado pela possível contaminação pode ocorrer devido à lavagem a ser realizada em temperaturas inadequadas a temperatura da água de lavagem deve ser suficiente para atingir o centro e a periferia dos garrafões. Recomenda- se temperaturas de 75 0C, por um período mínimo de 15 minutos (APPCC-MESA, 2002). A prevenção se dá pela manutenção da temperatura adequada de higienização. Os Pontos de Controle – PC presentes no fluxograma de produção da água mineral são os pontos que afetam a segurança da água, mas que podem ser controlados prioritariamente pelo programa de qualidade Boas Práticas de fabricação – BPF, ou seja, medidas higiênico-sanitárias ajudam e previnem a contaminação por perigos de natureza física, química e biológica. Resultado das análises microbiológicas da água mineral Os resultados das médias das análises microbiológicas das seis amostras de água mineral encontram-se na Tabela 01. Os resultados das análises das amostras de água mineral demonstraram que as mesmas encontram-se adequadas ao consumo humano, sem contaminação por nenhum microrganismo avaliado. A legislação específica para águas minerais (Resolução n° 275, de 22 de setembro de 2005) prevê a ausência em 100 ml (amostra indicativa) (amostra representativa) de Escherichia coli ou coliformes a 45 0C, coliformes totais, Enterococcus spp., Pseudômonas aeruginosa e Clostridium perfringens. Farache Filho & Dias, 2008 analisaram água mineral em galões de 20 litros em Araraquara e verificaram que 13 amostras (15,5%) de 8 marcas (38,1%) apresentaram positividade para coliformes a 35 0C. Dessas 13 amostras 2 (2,4 %) de 2 marcas (9,5%) também foram positivas para coliformes a 45 0C. Em trabalho realizado por Santana et al. (2008), 44 amostras de água mineral envasada não apresentaram contaminação por Clostriidum sulfito redutor e por Pseudômona aeruginosa. Porém, detectou-se contaminação de Coliformes a 35 0C e a 45 0C em 25 % e 20,4 % de amostras, respectivamente. Alves et al. (2002) analisaram dezoito amostras de diferentes marcas de água mineral, em embalagens de diferentes tamanhos, comercializadas em Marília- SP. Encontraram uma amostra (5,6 %) contaminada por coliformes a 35 0C e nenhuma contaminada por coliformes a 45 0C. Segundo esses autores, o fato de ser encontrada uma amostra de água mineral contaminada permite afirmar que sua contaminação pode ter sido durante a fase de captação e/ou processamento do produto. A preocupação com a presença de Pseudômonas aeruginosa nas águas minerais, reside no fato de muitas espécies serem resistentes a antibióticos, sua alta capacidade de multiplicação em águas com reduzido conteúdo de nutrientes e pelo fato de ser um patógeno oportunista com capacidade de causar infecções em indivíduos imunocomprometidos, além de poderem alterar cor, turbidez e sabor de águas (SANTANA et al., 2008). Guilherme et al. (2000) pesquisaram a presença de Pseudômonas aeruginosa em quarenta e quatro amostras de água mineral enviadas ao Laboratório de Saúde Pública “Noel Nutels” no Rio de Janeiro das quais 10 (22,7 %) estavam contaminadas por Pseudômonas aeruginosa. De acordo com Guilherme et al. (2000) a alteração da qualidade microbiológica das águas de consumo não é resultante somente de fatores naturais. A pouca informação, a falta de estrutura sanitária, a má conservação dos poços domésticos de abastecimento, a falta de manutenção dos reservatórios, a baixa qualidade das redes de distribuição e, principalmente, o manejo inadequado de dejeções animais, incorporadas ao solo sem tratamento, são, os fatores humanos mais importantes para a qualidade da água.

Fluxograma do processamento da água mineral.

Figura 01 – Fluxograma do processamento da água mineral.

Análises Microbiológicas das amostras de água mineral

Tabela 01 - Análises Microbiológicas das amostras de água mineral

Conclusões

O estudo do fluxograma de produção da água identificou Ponto Critico de Controle – PCC em apenas uma etapa da produção, a de lavagem dos garrafões, identificando a possibilidade de perigo de natureza biológica, devido ao fato dessa lavagem ser realizada com a utilização de água quente, sob temperatura média de 80 0C. Nas demais etapas do fluxograma, foi identificado somente Ponto de Controle – PC, pontos estes que podem ser controlados prioritariamente pelo programa de qualidade Boas Práticas de fabricação – BPF, ou seja, medidas higiênico- sanitárias. Após a análise dos resultados das avaliações microbiológicas, conclui-se que todas as amostras de água mineral natural obtidas no município de Benevides, encontram-se dentro dos padrões exigidos pela legislação brasileira, não apresentando contaminação por nenhum microrganismo avaliado. A partir desse fato, pode-se dizer que a empresa produtora da água possui cuidados tecnológicos e higiênico-sanitários com a água.

Agradecimentos

Referências

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