Investigação da capacidade antioxidante de extratos etanólicos das raízes de caninana (Chiococca alba L. HITCHC., Rubiaceae), comercializada no Município de Tauá-CE.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Bioquímica e Biotecnologia

Autores

Alves, J.D.S. (UECE) ; Santiago, L.F. (UECE) ; Guedes, M.I.F. (UECE) ; Magalhães, F.E.A. (UECE) ; da Silva, A.R.A. (UECE) ; Batista, F.L.A. (UECE) ; Moura, L.F.W.G. (UECE) ; de Serpa, O.F. (UECE) ; Vieira, A.M. (UECE) ; de Paiva, C.F. (UFC)

Resumo

A utilização de plantas com finalidades medicinais tem aumentado devido a seus potenciais químicos e farmacológicos. Nesse contexto a espécie Chiococca alba (L.) Hitch (Rubiaceae) conhecida como Caninana, se destaca pelo seu uso popular no tratamento de enfermidades por suas propriedades farmacológicas. Este trabalho teve como objetivo realizar os testes de prospecção química e avaliar a capacidade antioxidante de extratos etanólicos das raízes de Chiococca alba (L) HITCH, Rubiaceae comercializada em Tauá-CE, Região dos Inhamuns.

Palavras chaves

Atividade antioxidante; Chiococca alba; Prospecção química

Introdução

O uso de plantas com finalidades medicinais apresenta-se como uma das principais práticas propagadas pela cultura popular, na qual os usuários acreditam nas potencialidades terapêuticas que são mencionadas ao longo das gerações (Cardoso, 2015; Silva et al., 2015). Há muito tempo se sabe do potencial químico e farmacológico dos vegetais superiores devido à identificação da presença dos metabólitos secundários que possuem atividades biológicas (PINA, 2011; SIMÕES; ALMEIDA, 2015; MENDONÇA et al., 2015). O potencial antioxidante de várias espécies vegetais tem sido alvo frequente de pesquisas científicas, objetivando-se minimizar os danos causados pelos radicais livres no organismo, já que doenças degenerativas como câncer, doenças cardiovasculares, catarata, declínio do sistema imune e disfunções cerebrais estão associadas à sua produção e acúmulo (MONTEIRO et al., 2015; NASCIMENTO et al., 2015). A Chiococca alba (L.) Hitchc. (Rubiaceae), é uma planta medicinal comercializada no Brasil, vulgarmente conhecida como caninana. Suas raízes são muito utilizadas como um diurético e purificador e contra as picadas de serpente, sendo eficaz como laxante, contra a gonorreia, para curar infecções da pele, e para o tratamento de asma e reumatismo (DZIB-REYES; SOSA; POLANCO, 2012). O presente trabalho objetivou realizar os testes de prospecção química e executar a avaliação da capacidade antioxidante de extratos etanólicos das raízes de Chiococca alba (L) HITCH, Rubiaceae comercializada em Tauá-CE, Região dos Inhamuns.

Material e métodos

A compra da raiz de Caninana (imagem 01) deu-se no mercado público de Tauá- CE. O extrato foi obtido, empregando metodologias descritas por Bessa et al. (2015), com adaptações. Os quais foram submetidos à prospecção química preliminar baseando-se na metodologia proposta por Mendonça et al. (2015), a caracterização das principais classes de metabólitos secundários foi realizada através de reações químicas que resultaram no desenvolvimento de coloração e/ou precipitado, característicos para as classes: fenóis, taninos, flavonas, flavonóis e xantonas, antocianinas e antocianidinas, leucoantocianidinas e catequinas, flavanonas, flavonóis, flavanonóis, xantonas, esteroide, triterpenóides, cumarinas e alcaloides. A detecção dos constituintes foi classificada em presente (+) e ausente (-). A atividade antioxidante dos extratos etanólicos das raízes de Caninana, realizou-se através do ensaio in vitro, pelo método de varredura de radical livre DPPH (2,2-difenil-1-picrilidrazil) em solução metanólica, baseando-se em metodologia proposta por Paiva (2016). Os testes foram realizados em triplicata para as concentrações de 10.000, 5.000, 1.000, 500, 100, 50 e 10 μg/mL. Empregando a quercetina como padrão nas mesmas concentrações dos extratos. Após 60 minutos, mediu-se a absorbância em espectrofotômetro UV-Vis a 515 nm e em seguida calculou-se o Índice de Varredura da amostra em percentual (IV%), usando a equação representada na imagem 2, onde ADPPH corresponde a absorbância da solução do radical livre isento da amostra e AAMOSTRA corresponde a absorbância das amostras ao final dos 60 minutos. Os valores de IV% e suas respectivas concentrações foram aplicados no programa GraphPadPrism (versão 5.0) para o cálculo da concentração eficiente que inibe 50% dos radicais livres no sistem

Resultado e discussão

Prospecção química preliminar A análise fitoquímica preliminar, revelou a presença de diversas classes de metabólitos especiais, tais como: fenóis, taninos, cumarinas, flavonóis, flavanonas, catequinas, flavononóis, xantonas e alcaloides. Não foram detectadas as presenças de antocianinas, antocianidinas, esteróides e triterpenóides conforme tabela 01. Estes resultados são considerados importantes, visto que corroboram com as pesquisas desenvolvidas por Borges (2006), Dzib-Reyes; Sosa; Polanco (2012), Gazda (2004), que reportaram a presenças de cumarinas, flavanóides e taninos nas raízes da planta, justificando a atividade analgésica, anti-inflamatória e broncodilatadora da mesma. Avaliação de atividade antioxidante Os resultados da atividade antioxidante foram expressos em CE50 (µg/mL), os quais variaram significantemente (p< 0,05) dos controles positivos e encontram-se descritas na tabela 02. O resultado apresentado demonstra que o extrato apresenta uma moderada capacidade antioxidante frente ao radical DPPH, pois a CE50 foi de 513,743 µg/mL, significantemente (p<0.05) 6,55 vezes maior que a CE50 da Quercetina (controle positivo), a qual foi igual a 78,383 µg/mL. Segundo Soares et al. (2014), extratos que apresentam CE50 até 7 vezes o valor da CE50 do controle positivo é considerado com moderada atividade antioxidante. Vale salientar que quanto menor a CE50 de um extrato, maior será sua atividade antioxidante (Borges et al., 2011). Este resultado vai de encontro com os testes de prospecção química preliminar onde foram detectados fenóis, dentre eles, cumarinas e taninos que são agentes ligados a atividade antioxidante de muitas espécies vegetais.


Imagem 01 – Raízes de Caninana, Chiococca alba (L) HITCH, Rubiaceae. Imagem 02 – Equação do índice de varredura da amostra em percentual.




Conclusões

Os dados obtidos no presente trabalho revelaram que o extrato etanólico das raízes da caninana (Chiococca alba L. HITCHC., Rubiaceae), apresentou moderada atividade antioxidante pelo método DPPH, este potencial se deve a presença de compostos fenólicos, mais precisamente aos flavonoides. E direcionam estudos futuros com outros métodos antioxidantes, bem como para o isolamento e identificação dos compostos antioxidantes e avaliação de ações farmacológicas mais expressivas.

Agradecimentos

Aos colaboradores do Laboratório de Bioprospecção de Produtos Naturais e Biotecnologia, do Centro de Educação, Ciências e Tecnologia da Região dos Inhamuns-CECITEC/UE

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