APLICAÇÃO DE TESTES ECOTOXICOLÓGICOS COM O MICROCRUSTÁCEO ARTEMIA SP. PARA AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO HERBICIDA ÁCIDO 2,4-DICLOROFENOXIACÉTICO E SEU PRINCIPAL PRODUTO DE DEGRADAÇÃO, 2,4-DICLOROFENOL, À BIOTA AQUÁTICA.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Iniciação Científica

Autores

Chaves, M.J.S. (UFMA) ; Rodrigues dos Santos Franco, T.C. (UFMA) ; Diniz, M.S. (UFMA)

Resumo

Ensaios de toxicidade aguda com artemia sp estão sendo amplamente empregados para monitoramento de poluição aquática. Neste trabalho realizaram-se testes ecotoxicológicos com o microcrustáceo artêmia sp. utilizando o composto referência dodecil sulfato de sódio (SDS) para a elaboração de carta controle e determinação da CL50 para exposição do organismo-teste e posterior comparação da toxicidade do herbicida 2,4-D e 2,4-DCP à biota aquática.Os valores de CL50- 24H foi 18,17 mg L-1, enquanto que o CL50-48H foi 13,46 mg L-1. Os valores encontrados para a toxicidade do 2,4-D ao organismo teste foram acima da CL50, indicando que o organismo teste não apresenta sensibilidade ao herbicida, entretanto seu principal produto de degradação, 2,4-diclorofenol, apresentou toxicidade abaixo da CL50.

Palavras chaves

Teste ecotoxicológico; 2,4-D; Artêmia SP.

Introdução

Ensaios ecotoxicológicos vêm sendo empregadas no monitoramento de efluentes industriais[1],[2] , com objetivo de minimizar o impacto ambiental, avaliar a eficiência de estações de tratamento de água e esgoto e também como requisito para a obtenção e manutenção de licenças junto aos órgãos ambientais para o monitoramento de poluição e contaminação aquática e como forma de melhor orientar as tomadas de decisões quanto às questões ambientais. Esta vertente da toxicologia investiga os efeitos de substâncias químicas manufaturadas e de outros materiais, antropogênicos ou naturais, como por exemplo, pesticidas, derivados do petróleo, detergentes e metais sobre os organismos aquáticos. O ácido 2,4-diclorofenoxiacético é um dos herbicidas mais comuns e antigos do mundo. É classificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária como um herbicida hormonal de toxicidade I, extremamente tóxico. Em águas naturais, a meia-vida do 2,4-D é de 2 a 4 semanas. Usado há bastante tempo, o 2,4-D e outros produtos fenoxiacéticos continuam sendo mundialmente usados como ferramentas básicas na agricultura moderna, devido às suas vantagens como herbicida seletivo de folha larga, entretanto há relatos na literatura que seu principal produto de degradação, o 2,4-diclorofenol, é ainda mais tóxico que o 2,4-D. Ensaio de toxidade aguda com artemia sp. é um teste rápido, de baixo custo, eficiente e que requer uma pequena quantidade de amostra. Neste trabalho realizaram-se testes ecotoxicológicos com este microcrustáceo utilizando o composto referência dodecil sulfato de sódio (SDS) para a elaboração de uma carta controle e determinação da CL50 para exposição do organismo-teste a 24 e 48 H e posterior comparação da toxicidade do herbicida 2,4-D e seu principal produto de degradação,à biota aquática.

Material e métodos

Ovos de artemia salina foram adquiridos comercialmente e colocados para eclodirem em solução sintética de sal marinho a 35 g L-1, pH entre 8,5 e 9,0 e fotoperíodo de 12h claro/ 12h escuro por 48 horas a 27 ºC , período ideal para atingirem a fase para execução dos ensaios. Os experimentos foram realizados em placas estéreis de 12 cavidades sendo adicionados 10 náuplios em cada cavidade. A placa foi preparada com três réplicas por concentração sendo o volume final de 5 mL cada. As placas foram incubadas a 27 °C. Após os períodos de 24 e 48 horas foi realizada a contagem (em microscópio) dos organismos mortos e vivos em cada réplica. Também foram feitos testes controle somente com solução sintética de sal marinho, sem a presença do agente tóxico para garantir que os organismos-teste estavam morrendo pala presença do contaminante e não por falta de alimento. Foram Utilizadas soluções de SDS a 5,0; 10,0; 15,0; 25,0 e 35,0 mg L-1 em solução sintética de sal marinho em pH entre 8,5 e 9. Os testes com o herbicida 2,4-D e 2,4-DCP foram realizados com soluções a 1,0; 5,0; 10,0; 20,0; e 40 mg L-1. Os bioensaios foram executados de acordo com o método descrito por Veiga & Vital (2002) com algumas alterações. Todos os testes foram realizados em triplicata, sendo que cada ensaio foi preparado com três replicatas, totalizando um total de nove ensaios para cada concentração. Os cálculos de concentração letal média (CL50) foram realizados a 50% da população de organismos-teste.

Resultado e discussão

Os testes foram considerados válidos visto que apresentaram menos que 10% de anormalidades entre os organismos-teste. Os resultados dos testes de toxicidade executados foram expressos de acordo com os critérios para avaliação do efeito tóxico por meio de métodos estatísticos. Para o composto referência estudado, SDS, foi elaborada uma carta controle de sensibilidade para se poder fazer projeções de variações aceitáveis de CL50 para a espécie em estudo. CL50-24, 48 h é a concentração efetiva mediana que causa efeito agudo em 50% dos organismos teste, em 24 e 48 h de exposição, respectivamente. De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho foi possível identificar toxicidade aguda aos náuplios de Artemia sp. em 24 e 48 horas. O SDS apresentou CL50 média de 18,17 mg L-1 para 24 H de exposição e CL50 média de 13,46 mg L-1 para 48 H, portanto, pode-se observar que aumentaram a toxicidade no decorrer do tempo. Os valores encontrados para a toxicidade do herbicida 2,4-D ao organismo teste foram muito acima da CL50, indicando que o 2,4-D não apresenta efeito tóxico agudo sobre a artêmia sp. Já a concentração do 2,4-diclorofenol encontrada que causa mortalidade de 50% da população de organismos-teste foi de 14,88 e 13,73 mg L-1 para 24 e 48 H de exposição, respectivamente, mostrando que é ainda mais tóxico que a substância de referência. Esses valores de CL50 para SDS estão condizentes com dados encontrados na literatura para este mesmo organismo- teste.

Figura 01:

A) CL50-24H, 18,17 mg L-1; B) CL50-48H, 13,46 mg L- 1 - Carta controle

Figura 02:

A) CL50-24H para 2,4-DCP, 14,88 mg L-1; B) CL50- 48H, 13,73 mg L-1.

Conclusões

O 2,4-D não apresentou toxicidade significativa ao organismo teste, entretanto, o 2,4-DCP mostrou-se ser extremamente tóxico. Os resultados da sensibilidade da artêmia salina ao SDS são satisfatórios, pois são semelhantes aos encontrados na literatura. As cartas controle mostraram que os organismos utilizados nos ensaios apresentaram boa sensibilidade e, portanto são eficientes na identificação de toxicidade de qualquer substância que cause efeito adverso à biota aquática, podendo-se ressaltar que a utilização das artemias é indicada para avaliação da toxicidade de efluentes industriais.

Agradecimentos

Ao Laboratório de Química Analítica e Ecotoxicologia - LAEC. Ao PIBIC-UFMA pela concessão de bolsa.

Referências

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PIMENTEL , M.F.; SILVA JÚNIOR F. C. G; SANTAELLA, S. T.; LOTUFO, l. v. C. O Uso de Artemia sp. como Organismo-Teste para Avaliação da Toxicidade das Águas Residuárias do Beneficiamento da Castanha de Caju Antes e Após Tratamento em Reator Biológico Experimental. J. Braz. Soc. Ecotoxicol., v. 6, n. 1, 2011, 15-22. doi: 10.5132/jbse.2011.01.003.
PITOMBEIRA, L. F. NILIN, J.; COSTA - LOTUFO, L. V. Análise da toxicidade de solventes orgânicos (dimetilsulfóxido, metanol, etanol e acetona) em náuplios de artemia sp. Anais do IX Congresso de Ecologia do Brasil, 13 a 17 de Setembro de 2009, São Lourenço-MG.

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