DESCONSTRUINDO IDEIAS SOBRE SUBSTÂNCIAS ÁCIDAS POR MEIO DA INICIAÇÃO CIENTÍFICA INFANTO-JUVENIL

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Iniciação Científica

Autores

Rosa, R. (UFPA) ; Portilho, E. (UFPA) ; Cajueiro, D.D.S.C. (UFPA)

Resumo

Trata-se de um relato acerca de uma aula realizada no Clube de Ciências da UFPA que visava desconstruir ideias ingênuas sobre o tema ácido. O objetivo era fazer os alunos perceberam que significamos ideias propagadas pelas mídias e até mesmo na escola formal que não condizem com a realidade. Para isto desenvolvemos uma atividade de iniciação científica infanto-juvenil para alunos do 8º e 9º ano em meados de 2015. Para analisar tal atividade lançou-se mão da pesquisa qualitativa com aporte a análise do discurso. Os resultados mostram que os estudantes, após as intervenções feitas por nós, começaram a redefinir seus conceitos com relação à temática ácidos. Este trabalho os possibilitou a verem os ácidos por outra perspectiva, os fazendo questionar ideias já estabelecidas sobre esta vertente.

Palavras chaves

Iniciação científica; Clube de Ciências; Ideias deformadas

Introdução

É importante mostrar/promover ideias que substâncias ácidas não são como é normalmente apresentam em desenhos, filmes, entre outros. Para isso promovemos novas ideias sobre ácidos, auxiliando os alunos por meio da iniciação científica, a reconstruir algumas ideias generalizadas em relação a essas substâncias, como por exemplo: que é verde, corrói, borbulha, está presente apenas em laboratórios e é perigoso. Mesmo que essas substâncias sejam muito presentes no nosso cotidiano, os alunos não conseguem fazer as devidas articulações com os conceitos e sua realidade. Por isso a problematização e desnaturalização deste conceito contribuiria para trabalhar a criticidade dos alunos, estimulando a ampliação de conceitos (FREIRE, 1997). Todavia, será que essa problematização é mediada pelos professores, quando se fala sobre ácidos pela primeira vez para uma turma de ensino fundamental ou médio? Esses alunos recebem suporte suficiente para realizar as devidas associações? Ou veem o conceito de ácido de forma limitada sem fazer qualquer conexão com o seu cotidiano? Essas são algumas perguntas que nos incentivaram o desenvolvimento de tal atividade e que corroborou para a problemática desta pesquisa: Por que é importante a desconstrução de algumas concepções distorcidas que os alunos têm sobre ácidos? Nesta direção entendemos a sala de aula tradicional, associada a outras questões como os tempos escolares, o excessivo número de alunos e conteúdo para serem ensinados, limitam o desenvolvimento de alguns objetivos que julgamos importantes para a promoção de uma aprendizagem ligada ao social do aluno, por isso temos o objetivo de promover novas concepções sobre ácidos, auxiliando estes a reconstruírem algumas ideias generalizadas.

Material e métodos

Trata-se de um relato de experiência acerca de uma aula que foi realizada por quatro professores estagiários no Clube de Ciências da UFPA (CCIUFPA) para doze alunos do oitavo e nono ano, aos sábados. Pensando como eles relacionariam o ácido de acordo como é mostrado através da mídia, formulamos suposições: “uma substância ácida é aquela que possui uma aparência verde”; “é algo que borbulha” ou “é uma substância perigosa que corrói ou derrete”. Sendo assim, para obter estes dados de como os alunos viam o tema ácido, fizemos um questionário com perguntas do tipo: ”Para você o que é um ácido?”; “Qual a aparência de um ácido?”; “Cite alguns exemplos de ácidos”; “Como identificamos um ácido?”. Verificamos que os alunos tinham ideias parecidas com as suposições feitas por nós. A primeira atividade consistiu em Beckeres com diferentes líquidos distribuídos sobre uma mesa, no qual os estudantes teriam que identificar os líquidos; os sócios mirins ao notarem que em alguns Beckeres havia sucos cítricos (ácidos), logo os questionamos “por que podíamos tomar o suco se os ácidos eram perigosos?” Eles levantaram hipóteses. Ainda assim havia uma resistência por parte deles em abandonar as ideias ingênuas sobre os ácidos. Por isso fizemos uma segunda atividade que consistiu no questionamento: “como identificamos uma substância ácida sem ter que nos expormos a esta diretamente?” (Algo feito pelos alunos ao sentirem o cheiro de cada liquido), com isto ensinamos sobre os indicadores ácido-base. Fizemos um experimento que mostrava o quão perto os ácidos estão de nós, consistia em soprar um líquido com um canudinho que inicialmente mostrava a coloração rosa (base), mas após o sopro dos alunos assumia a coloração incolor (ácido), evidenciando que ar soprado por eles é de caráter ácido.

Resultado e discussão

Para a análise dos dados optamos pela análise do discurso selecionando fragmentos do questionário utilizado nas aulas. Eles tinham de fato uma ideia distorcida sobre ácidos, e que muitas delas foi proveniente da imagem e ideias passadas por filmes, desenhos etc(AZEVEDO, 2004, P.154 ). Ao ligarem o fato de alguns alimentos serem ácidos com a ideia dita por eles no questionário, sugeriram as seguintes ideias: alguns ácidos não são tão fortes, pelo contrário são bem fracos e por isso podemos tomar, comer que não faz mal, mas quando é forte pode matar. Quando foi adicionado um indicador líquidos (sendo que agora os alunos já tinham identificado que alguns eram ácidos) e os ácidos ficaram rosa, os alunos constataram que um ácido fica de coloração rosa na presença de um indicador, porem os estudantes viram que nem todos assumiram essa coloração, e levantaram a seguinte resposta: nem tudo é ácido existe substancias que não são acidas; que eles chamaram de; não-ácidos. No momento da aula onde tentamos mostrar que os ácidos podem estar muito mais próximos do que eles imaginam, no qual desenvolvemos a atividade do sobro magico, os alunos não entenderam logo de início foi necessário a intervenção de nos professores estagiários, fazendo com eles lembrassem das mudanças de cores dos liquido na presença de indicadores; somente então os sócios-mirins puderam fazer a as seguintes associações com a atividade do sobro magico, onde ao assoprar o liquido incolor, este ia tornando-se rosa. Os alunos (que nesse momento já sabiam da cor de uma ácido ou não-ácido na presença de um indicador) chegaram a seguinte conclusão: o liquido estava não-ácido, mas quando a gente sobrou foi fiando ácido ao poucos até que ficou totalmente ácido.

Conclusões

O desenvolvimento da aula ocorreu de modo satisfatório, pois os alunos conseguiram fazer as devidas associações de modo inesperado, e ainda olhar por outro viés rompendo com a ideia que é repassada por desenhos e filmes, de que ácidos são substâncias perigosas e que estão distantes de nós, eles puderam de forma análoga com auxílio da nossa mediação. E o professor na posição de mediador pode promover uma aula sem impedir que o seu aluno construa suas ideias (MAHONEY e ALMEIDA, 2005, p. 11-30). É importante que eles tenham a oportunidade de perceber onde os ácidos estão inseridos em suas vidas.

Agradecimentos

Agradecemos ao CCIUFPA pela oportunidade de experiência docente antecipada.

Referências

AZEVEDO, M. C. P. S. D.: Ensino por Investigação: problematizando as atividades em sala de aula. In: CARVALHO, A. M. P. (Org.) Ensino de Ciência: unindo a pesquisa e a prática. Pioneira Thomson: São Paulo, 2004. 154 p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 13. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
MAHONEY A., A.; ALMEIDA R., L. Afetividade e processo ensino-aprendizagem :contribuições de Henri Wallon; Psic. da Ed., São Paulo, 20, 1º sem. de 2005, págs. 11-30.

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