UTILIZAÇÃO DO AGUAPÉ COMO BIOSSORVENTE PARA REMOÇÃO DE ÍONS COBALTO EM MEIO AQUOSO.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Química Analítica

Autores

Carmo, R.N.S. (UNIFESSPA) ; Silva, H.B. (UNIFESSPA) ; Siqueira, J.L.P. (UNIFESSPA)

Resumo

O presente trabalho teve como proposito estudar o efeito do aguapé como biossorvente para remoção de íons Co2+ em meio aquoso, os biossorventes apresentam-se como uma nova alternativa para a remoção de metais pesados. Usou- se para o preparo das soluções o sal de cloreto de cobalto nas concentrações de 0,01 m/L; a 0,05 m/L em triplicatas. Mediu-se a absorbância na ausência e na presença da biomassa em um espectrofotômetro no comprimento de onda de 510 nm, adicionou-se em proporção para a concentração de 0,01m/L– 0,2g; 0,02m/L – 0,4g; 0,03m/L– 0,6g; 0,04m/L– 0,8g e 0,05m/L– 1,0g da biomassa em cada solução, deixando as mesmas em repouso por 24h e 48h. O aguapé mostrou-se eficiente para remoção de íons Co2+ presente em soluções aquosas, podendo-se constituir em uma alternativa de baixo custo.

Palavras chaves

aguapé; biossorvente; remoção de íons

Introdução

A ação humana provoca grandes alterações no meio ambiente, seja de forma positiva ou negativa (GASPAR, 2003). De acordo com a Organização dos Estados Americanos (OEA), as indústrias que mais contaminam o meio ambiente são as dos setores de mineração e metalurgia, que lançam diariamente grandes volumes de gases, resíduos aquosos ou sólidos, contendo elementos de toxicidade variada. (SINGHAL, MEHROTRA, 1991). Dentre esses resíduos gerados, destacam-se os metais tóxicos ou metais pesados. Tais espécies químicas são não degradáveis, podendo acumular- se nos componentes do ambiente onde manifestam sua toxicidade e são altamente móveis, tornando-se muito difícil acompanhar o destino destas espécies metálicas depois de introduzidas no ecossistema (BAIRD, 2002; TARLEY; ARRUDA, 2003a; AGUIAR PALERMO; NOVAES, 2002; PINO, 2005; SUD et al., 2008; VOLESKY, 2001). A deposição de metais pesados em ambientes aquáticos é um fenômeno crescente relacionado aos processos industriais e despejos de uso doméstico, existem diversos métodos de tratamento de efluentes, dentre eles aqueles que utilizam troca iônica, adsorventes, como por exemplo, o carvão ativado que é popularmente o mais usado para a remoção de metais em meio aquoso. Tarley e Arruda (2003) afirmam que os processos que envolvem troca iônica e adsorção em carvão ativado, comumente utilizados por indústrias, são relativamente caros, pois envolvem alto custo de equipamento e operação. A aplicação dos biossorventes apresenta-se para a sociedade como uma nova e atraente alternativa para a resolução dos problemas ambientais enfrentados atualmente, além de criar um destino apropriado e sustentável para os resíduos produzidos pela agroindústria. O processo de biossorção oferece como vantagens: o baixo custo de operação, alta eficiência de remoção de íons metálicos em soluções diluídas, possibilidade de recuperação dos metais e regeneração do biossorvente, minimização do volume de lamas químicas, comparado com os métodos convencionais de remoção de metais tóxicos de efluentes industriais (KRATOCHVIL & VOLESKY, 1998). O presente trabalho versa sobre o estudo do efeito do aguapé como biossorvente na remoção de cobalto.

Material e métodos

O material selecionado para o teste de biossorvente foi o aguapé, o material foi sujeito às seguintes operações: Lavagem; Secagem; Moagem. Obtendo assim a biomassa in Natura pronta para o estudo, com tamanho de partícula numa faixa entre 0,100 a 0,355 mm. Foi utilizado, como reagente o sal Cloreto de Cobalto (II) hexa hidratado – CoCl2. 6H2O – Nuclear. Para a análise instrumental utilizou-se a técnica de espectrofotometria UV-VIS, em um espectrofotômetro Spectrum – SP – 1105, sendo as medidas feitas no comprimento de onda de 510nm. Para os testes de adsorção, foram preparadas cinco soluções de 100 ml do metal em concentrações variadas: 0,01 mol/L; 0,02 mol/L; 0,03 mol/L; 0,04 mol/L; 0,05 mol/L; todas as soluções foram feitas em triplicata. Mediu-se a absorbância na ausência e na presença da biomassa, no qual adicionou-se em proporção para a concentração de 0,01 mol/L– 0,2g; 0,02 mol/L – 0,4g; 0,03 mol/L– 0,6g; 0,04 mol/L– 0,8g e 0,05 mol/L– 1,0g da biomassa em cada solução, deixando as mesmas em repouso por 24h e 48h. Por diferença de concentração da solução inicial e do sobrenadante, determinou-se a quantidade do íon adsorvido pela biomassa.

Resultado e discussão

Para verificar o potencial de adsorção do biossorvente foi medida a absorbância das soluções do metal após o contato com aguapé in natura por 24 e 48h como pode ser verificado no GRAFICO 1.Os resultados mostram que ocorreu adsorção do Co2+ pela biomassa, pois verificou-se que os valores de absorbância para as soluções de cobalto na presença da biomassa foram menores que os valores obtidos na ausência. Observa-se ainda que para 48h de contato para soluções de maiores concentração observou-se que a absorbância foi maior quando comparado ao tempo de 24h de contato, pode-se inferir desses resultados que devido ao maior tempo de contato começou a ocorrer a dessorção do metal.Através dos dados obtidos no trabalho também foi possível calcular o percentual de remoção (%REM) dos íons cobalto em soluções mostrado no GRÁFICO 2.Pode verificar no gráfico 2 que a concentração do metal retido é menor para as concentrações maiores no período de contato de 48h corroborando com os resultados anteriores e permitem concluir que a biomassa remove de forma significativa o metal da solução, como pode ser observado no gráfico 2.

grafico 1

Resultados da absorbância na ausência e presença da biomassa em proporção – no comprimento de 510 nm.

grafico 2

Percentual de remoção de íons Co2+ de solução.

Conclusões

O aguapé mostrou-se eficiente para remoção de íons cobalto presente em soluções aquosas, podendo se constituir em uma alternativa de baixo custo, tendo em vista a obtenção de resultados significativos pelo método proposto neste trabalho. Portanto, os resultados mostram que a utilização do aguapé como material biossorvente é possível, e o método permite a remoção do cobalto em solução aquosa.

Agradecimentos

Referências

Aguiar Palermo, M. R. M.; Novaes, A. C. Remoção de metais pesados de efluentes industriais por aluminossilicatos. Química Nova, v. 25, p. 1145-1554, 2002.
Baird, C. Química Ambiental. Editora Bookman, Porto Alegre, 2002.
Gaspar, A. T. F S. Bioadsorção de cromo em algas marinhas utilizando coluna extratora. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Brasil, 2003.
KRATOCHVIL, D., VOLESKY, B. ―Advances in the Biosorption of Heavy Metals‖, Tibtech, v. 16, pp. 291-300. 1998.
Pino, G. A. H. Biossorção de metais pesados utilizando pó da casca de coco verde (Cocos nucifera). Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil, 2005.
SINGHAL, R.K.; MEHROTRA, A.K. Process for the treatment of effluents on the mining. In: 2ND International Conference on Environmental Issues and Management of Waste in Energy And Mineral Production, may 30 - june 2,1992, Calgary Canada. Proceerf/ngs...Canada,1991. p 1-12. solutions using sea nodule residue. Colloids and surfaces A, v. 237, p. 133-140, 2004.
Tarley, C. R. T.; Arruda, M. A. Z. Adsorventes naturais: potencialidade e aplicações da esponja natural (Luffa cylindrica) na remoção de chumbo em efluente de laboratório. Analytica, v. 2, p. 25 – 31, 2003.
Volesky, B. Detoxification of metal-bearing effluents: biosorption for the next century. Hydrometallurgy, v. 59, p. 203-216, 2001.

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