Proposta de implantação de um Sistema de Gestão Ambiental em uma indústria do setor metal mecânico do estado do Rio Grande do Sul, um estudo de caso.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ambiental

Autores

Bernardi, L. (UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL) ; Andréia, C.P.E. (UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL)

Resumo

A necessidade da preservação do meio ambiente e o aumento da produtividade, levaram as empresas a rever seu processo produtivo e a incorporar a variável ambiental no desenvolvimento de suas atividades como um requisito para a permanência no mercado. Neste Contexto, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) oferece meios para a promoção da preservação ambiental, redução de custos e desperdícios e a promoção da melhoria contínua dos processos e produtos. Este trabalho teve como objetivo elaborar uma proposta de gestão ambiental para uma indústria do setor metal mecânico da região norte do estado do Rio Grande do Sul, aumentando seu desempenho ambiental, reduzindo o desperdício de matérias primas e a geração de resíduos, além de possibilitar a obtenção de certificação ambiental.

Palavras chaves

SGA; ISO 14001; Gerenciamento Ambiental

Introdução

Após a Revolução Industrial, ocorreu uma mudança nos padrões de consumo da população, a qual foi voltada para a exploração dos recursos naturais. Além disso, neste período, as indústrias preocupavam-se apenas com o aumento da produtividade, sem levar em conta as questões ambientais (CALDAS, 2015). Com o tempo percebeu-se que esta situação iria se tornar insustentável e começaram a surgir movimentos em defesa do meio ambiente. Os órgãos governamentais passaram a monitorar a atividade das indústrias e a elaborar Leis para o lançamento de poluentes. Contudo, segundo Simião (2011), até a década de 80 as indústrias centravam sua atenção somente no cumprimento da legislação ambiental, tendendo a direcionar ações corretivas após a geração dos poluentes. Por volta da década de 80, principalmente na Alemanha, o conceito de administração sofreu um processo de ampliação, englobando também a dimensão ecológica (HAYASHI, 2015; SILVA, 2015). Já a década de 90 foi considerada um marco para a gestão ambiental, pois foram criadas as normas da série ISO 14000, normas estas vinculadas à meta de “Desenvolvimento Sustentável” (CAJAZEIRA, 1998). A partir daí as empresas poderiam obter certificação, atestando seu comprometimento com as questões ambientais. Desta forma, as empresas começaram a usar a gestão ambiental como forma de obter vantagens competitivas, pois os consumidores também estavam preocupados com as questões ambientais. De acordo com a NBR ISO 14001, com a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, há a busca permanente de melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho. Além disso, há um envolvimento da empresa como um todo, desde a alta direção até os demais funcionários.

Material e métodos

A coleta de dados se a partir da revisão de literatura, visitas na empresa, análise do processo produtivo e em conversas com os responsáveis pelos setores de produção, direção e funcionários. Com base na NBR ISO 14001 (2004), NBR ISO 14004 (2007) e em Mantovani (2009), a metodologia foi dividida em 5 etapas principais, necessárias para a implantação de um SGA em uma indústria. Na primeira etapa, definiu-se a Política Ambiental da empresa, já que esta ainda não possuía uma Política Ambiental implantada. Após, na etapa de de Planejamento, realizou-se a análise do processo produtivo identificando os principais passivos ambientais, o levantamento e classificação dos aspectos e impactos ambientais, a análise dos requisitos legais e outros requisitos que a empresa deve cumprir perante a Legislação municipal, estadual e federal e a proposição de objetivos e metas. Por último, elaborou-se de um plano de ação para se atingir estes objetivos e metas. A terceira etapa foi responsável pela Implementação e Operação. Foi definida a equipe responsável pelo SGA, a periodicidade dos treinamentos e a metodologia para os controles operacionais e controle de documentos. Na quarta etapa, Verificações e Ações Corretivas, foi estabelecido os procedimentos para o monitoramento e medição das atividades causadoras impactos ao meio ambiente e prevenção e eliminação da recorrência de não conformidades. A última etapa foi responsável pela análise crítica, onde foi definido a periodicidade da realização de auditorias, bem como a equipe auditora e os itens auditados.

Resultado e discussão

A Política Ambiental foi definida com base nos princípios da empresa e serviu de base para a elaboração dos objetivos e metas voltados a promoção da preservação ambiental. Na etapa de análise do processo produtivo, foi elaborado um fluxograma para a melhor visualização. Os resultados obtidos encontram-se na Figura 01, onde é possível observar que em cada parte do processo são gerados diferentes tipos de poluentes. Também foi realizado o levantados e classificados dos principais aspectos e impactos ambientais. A metodologia adotada foi segundo Bennemann (2012), onde estes foram classificados conforme sua situação (normal ou eventual), magnitude, severidade, frequência e probabilidade. Atribuiu-se notas de 1 a 3, as quais foram somadas e os aspectos e impactos com maior nota foram priorizados na tomada de decisões. Foi elaborado ainda um Plano de Ação para o cumprimentos dos objetivos e metas pré estabelecidos. O Plano de Ação contemplou a definição das ações a serem adotadas, o local, a equipe responsável e o prazo de execução. Também ficou definida uma equipe interdisciplinar para a implantação e manutenção do SGA, a qual contou com integrantes da alta direção da empresa, funcionários dos setores financeiro, laboratório, segurança do trabalho, manutenção, engenharia, suprimentos e os supervisores do processo produtivo. Quanto ao controle de documentos, foi criado um sistema de distribuição, permitindo que todos os funcionários da empresa pudessem ter acesso a esses documentos e suas atualizações. Na Análise Crítica, foi possível criar mecanismos para avaliar os reais ganhos ambientais e financeiros da implantação do SGA. Dentre os principais ganhos, pode-se citar a redução do consumo de matérias primas e energia e a redução da geração de resíduos.

Figura 01

Fluxograma do processo produtivo com os principais passivos gerados em cada etapa.

Conclusões

A mensuração e classificação dos principais aspectos e impactos ambientais possibilitou aos gestores maior clareza das melhorias que podem ser implementadas no processo produtivo. O SGA mostrou-se relevante para melhorar a relação entre a indústria e o meio ambiente e para tornar o processo produtivo mais eficaz, com redução de desperdícios. Além disso, com a implementação do SGA, a empresa terá a possibilidade de certificar-se na norma ISO 14001, reconhecida internacionalmente, propiciando maior competitividade no mercado.

Agradecimentos

Referências

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14001. Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e diretrizes para uso. Rio de Janeiro. 2004.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14004. Sistema de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro. 2007.
BENNEMANN, Rafael Batista. Proposta de Gestão Ambiental para Metal Mecânica. Trabalho de Conclusão de Curso, 66f. 2015 (graduação em Engenharia Ambiental) – Universidade de Passo Fundo, 2005.

CALDAS, Ricardo Melito. Gerenciamento de aspectos e impactos ambientais. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.
CAJAZEIRA, Jorge E. Reis. ISO 14001 Manual de Implantação. Rio de Janeiro: Qualitimark. 1998.

HAYASHY, Carmino; SILVA, Leonardo H. A gestão ambiental e sustentabilidade no Brasil. Fórum eletrônico da alta paulista. Vol 11, nº 07, 2015, p. 37-51.

MANTOVANI, Cesar Antônio. Um modelo de Gestão do Desenvolvimento para o setor industrial metal-mecânico da região Fronteira Noroeste do Rio Grande do Sul, através da Gestão Ambiental, 2009 – Instituição Sinodal de Assistência a Educação e Cultura – ISAEC, Horizontina, 2009.

SIMIÃO, Juliana. Gerenciamento de resíduos sólidos industriais em uma empresa de usinagem sobre o enfoque de uma produção mais limpa. Dissertação, 2011, 170f. (Mestrado em Hidráulica e Saneamento) – Universidade de São Carlos, 2011.

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