MORINGA OLEIFERA LAMARK: uma alternativa para o tratamento doméstico de água

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ambiental

Autores

Leandro, F.A. (IF SERTÃO CAMPUS OURICURI) ; Aquino, R.S. (IF SERTÃO CAMPUS OURICURI) ; Nunes, E.D. (IF SERTÃO CAMPUS OURICURI) ; Sotério, F.K.P. (IF SERTÃO CAMPUS OURICURI) ; Ferreira, A.A. (IF SERTÃO CAMPUS OURICURI)

Resumo

A Moringa é um vegetal de múltiplo uso, com valores nutricionais e medicinais, que tem se destacado por tornar viável o tratamento de água em regiões onde não há acesso a água tratada. O objetivo desse trabalho foi avaliar o poder de clarificação e purificação da água através das medidas de alcalinidade, dureza e cor, para isso as análises de água foram realizadas em intervalos de quatro semanas, utilizando sementes de Moringa trituradas em duas concentrações 5 mg L-1 e 10 mg L-1. Ao final das análises constatou- se que o tratamento de água com sementes de Moringa durante o tempo mínimo de uma semana aumenta significativamente os valores de alcalinidade, turbidez e cor, sendo necessário rever a metodologia empregada, bem como realizar mais estudos sobre as potencialidades da Moringa.

Palavras chaves

moringa oleifera; sustentabilidade; tratamento de água

Introdução

A Moringa oleifera Lam pertence à família Moringaceae, que é composta apenas de um gênero (Moringa) e 14 espécies. É uma árvore de pequeno porte, nativa do Norte da Índia, de crescimento rápido, que se adapta a uma ampla faixa de solo e é tolerante à seca (CARDOSO et. al., 2008). Quase todas as partes da moringa são ditas como sendo de valor alimentar (folhas, frutos verdes, flores e sementes) e medicinal (todas as partes da planta) (PALADA, 1996; MAKKAR & BECKER, 1997). No que se refere ao tratamento químico da água, o estudo das aplicações da Moringa tem-se mostrado especialmente importante para regiões onde não há acesso a água tratada, como regiões da Índia, Ásia e África, e em regiões do norte e nordeste brasileiro. Por esse motivo torna-se importante a busca por métodos para o tratamento de água que sejam acessíveis e de baixo custo, permitindo que o tratamento da água seja facilmente realizado em casa. Para tanto, objetivou-se avaliar a eficácia da Moringa oleifera no tratamento da água através das análises de alcalinidade, dureza e cor, ambas relacionadas à presença de carbonatos e bicarbonatos em água, em função de um tempo mínimo de uma semana, o que permitiria a estocagem de grandes volumes de água enquanto essa seria tratada, ao invés de realizar o tratamento algumas horas antes do uso em pequenos volumes.

Material e métodos

As sementes foram coletadas a partir de vagens maduras, colhidas no município de Ouricuri. Após a coleta as sementes foram levadas ao laboratório do Núcelo de Estudos em Agroecologia (NEA) do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), onde foram descascadas e trituradas a seco em liquidificador doméstico, sendo em seguida realizada a granulometria em peneira sintética de 2,0 mm de diâmetro, e então pesadas em balança analítica. A água utilizada nas análises foi coletada no açude do Tamboril e distribuída em frascos de 100 mL, com a adição do pó das sementes obteve-se as concentrações de 5 mg L-1 e 10 mg L-1, mais uma amostra sem sementes de 0 mg L-1. As análises de dureza e alcalinidade foram realizadas segundo o Manual Prático de Análise de Água (FUNASA, 2006) pelo método titulométrico, enquanto a de cor foi realizada utilizando colorímetro modelo AQUA COLOR, da Poli Control. As análises foram em feitas em intervalos de uma semana, totalizando quatro semanas no total, com três repetições cada. Os dados obtidos foram processados através do procedimento GLM, seguido do teste de média Tukey, utilizando o pacote estatístico Statistical Analyses System - SAS (2012).

Resultado e discussão

Através das análises realizadas foi possível constatar, como se vê através da Figura 1 que os valores de alcalinidade, dureza e cor aumentaram significativamente com a adição de sementes de Moringa, o que torna ineficaz o uso da Moringa aplicada diretamente à água por longos períodos de tempo, o que não ocorreu em trabalhos em que o período de tempo se reduz a minutos ou uma ou duas horas, como nos trabalhos de Paterniani et. al. (2009), Henriques, (2012) e Silva (2012). Além disso, a alcalinidade é a concentração de hidróxidos, carbonatos e bicarbonatos, a dureza também é causada pela presença de bicarbonatos de cálcio e magnésio, enquanto a cor da água é proveniente da matéria orgânica como, por exemplo, substâncias húmicas, taninos e também por metais como o ferro e o manganês (FUNASA, 2006), sendo assim tal elevação de valores após o tratamento com as sementes pode ser associada ao fato da própria Moringa ser matéria orgânica, como também aos valores nutricionais agregados a semente de Moringa, como relatado por Makkar & Becker (1997) em que há significativas taxas de ferro e cálcio, por exemplo.

Figura 1

A alcalinidade total e dureza total são expressas em mg L-1 de Carbonato de Cálcio, e a cor em Unidades de Cor.

Conclusões

O tratamento de água com sementes de Moringa é uma alternativa promissora para o tratamento de água em todo o mundo, visto sua disponibilidade e baixo custo, embora não seja possível tratar grandes quantidades de água durante um longo período de tempo, sendo assim, necessário rever metodologias que potencializem seu uso como purificador e minimizem qualquer efeito que possa ter sobre fatores como a cor da água. É necessário também que se pesquise sobre um tempo ideal, no qual a Moringa poderia agir, e qual seria a melhor concentração para otimizar seus efeitos.

Agradecimentos

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano Campus Ouricuri pela concessão da bolsa PIBIC.

Referências

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análise de água. 2. ed. rev. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2006.
CARDOSO, K. C.; BERGAMASCO, R.; COSSICH, E.S.; MORAES, L. C. K. Otimização dos tempos de mistura e decantação no processo de coagulação/floculação da água bruta por meio da Moringa oleifera Lam. Acta. Scientiarum, v. 30, p. 193-198, 2008.
HENRIQUES, A. J. Potencial de uso da Moringa oleífera Lamark na clarificação de água para abastecimento em comunidades difusas da messorregião agreste paraibana. Campina Grande: UEPB, 2012.
MAKKAR, H. P. S.; BECKER, K. Nutrients and antiquality factors in different morphological parts of the Moringa oleifera tree. Journal of Agricultural Science, Cambridge, v. 128, p.331-322, 1997.
PALADA, M.C. Moringa (Moringa oleifera Lam.): a versatile tree crop with horticultural potential in the subtropical United States. Hort Science, v. 31, p. 794-797, 1996.
PATERNIANI, J.E.S.; MANTOVANI, M.C.; SANT’ANNA, M.R. Uso de sementes de Moringa oleifera para tratamento de águas superficiais. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola Ambiental, v. 13, n. 16, p. 765-771, 2009.
SILVA, C. B. da. Usos potenciais de Moringa oleífera Lam. Uma matriz para a produção de biodiesel e tratamento de água no semiárido nordestino. Natal: UFRGN, 2012.

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