IMPACTO DAS ATIVIDADES HUMANAS EM RELAÇÃO À PRESENÇA DE METAIS PESADOS EM AMBIENTES AQUÁTICOS - PROPOSTA DE ESTUDO COM O RIO PACIÊNCIA EM SÃO LUÍS - MA

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ambiental

Autores

Silva Nunes, G. (UFMA) ; Ramos Pestana, Y.M. (UFMA) ; Marques Mandaji, C. (UFMA) ; Araujo da Silva Solto, L. (UFMA) ; Becker, M.M. (BIONORTE-UFMA)

Resumo

A contaminação por metais pesados desperta muita atenção pois essas substâncias têm alta persistência, toxicidade e bioacumulação no ambiente e organismos. A presente revisão objetivou realizar um levantamento dos estudos já publicados no Brasil, evidenciando a presença de metais pesados em ambientes aquáticos. Além disso, foi proposto um estudo no Rio Paciência, importante ecossistema aquático maranhense que vem sendo degradado com o crescente desenvolvimento da região urbana de São Luís. A análise da literatura científica foi feita em revistas, dissertações e periodicos cientificos. Os resultado reforçaram as premissas iniciais, em relação à toxicidade e mobilidade desses poluentes nos compartimentos ambientais, bem como a necessidade de se realizar o referido estudo no rio Paciência.

Palavras chaves

metais pesados; ambientes aquáticos; rio paciência

Introdução

Um dos principais problemas que o Brasil enfrenta, no tocante a preservação e ao manejo dos recursos hídricos continentais e costeiros, diz respeito a contaminação por efluentes domésticos. (ROCHA; ROSA; CARDOSO, 2009). O grande aumento na quantidade de substâncias que estão sendo constantemente liberadas no ambiente, levou ao esgotamento da capacidade dos sistemas de transformar ou eliminar o excesso, ocasionando em alteração do equilíbrio ambiental (SISINNO; OLIVEIRA-FILHO, 2013). Uma das classes de substâncias que mais impactam o meio ambiente é a dos metais. Estes tem recebido atenção especial nas últimas décadas por serem conservativos e não biodegradáveis (MASUTTI, 2004). Os metais pesados compreendem os elementos que possuem densidade superior a 5 g/cm³ e muitos deles são essenciais para o organismo humano, como manganês, cobalto, cobre, molibdênio, vanádio, estrôncio e zinco, ao passo que outros como chumbo, cádmio e mercúrio não possuem função nenhuma no organismo e podem causar doenças graves (NUNES et. al., 2009). Muitas são as formas pelas quais esses elementos podem afetar negativamente os sistemas biológicos sendo algumas delas a inibição de enzimas biologicamente críticas, danos oxidativos e mimetismo (ligação a locais fisiológicos normalmente ocupados por metais essenciais) (KLAASEN; WATKINS III, 2012). O Rio Paciência, importante curso d’água presente em São Luís no estado do Maranhão, Brasil, constitui-se em um dos principais mananciais da Ilha, tendo importante contribuição no sistema de abastecimento da capital. Atualmente, recebe cargas acentuadas de efluentes domésticos ao longo do seu curso, comprometendo a qualidade de suas águas e inviabilizando o potencial de usos múltiplos (CASTRO, 2001).

Material e métodos

Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o histórico da contaminação de ambientes aquáticos por metais pesados, bem como sobre os principais impactos dessas substâncias para saúde humana. Em seguida efetuou- se um levantamento sobre o impacto dessas substancias sobre variados corpos de águas superficiais do Brasil. As fontes de poluição e seus impactos ao ambiente foram comparados e discutidos.

Resultado e discussão

Historicamente, o desenvolvimento das civilizações ocorreu ao redor de rios por causa da facilidade de obtenção de água doce e como via de transporte. Desde então, as águas dos rios vêm sendo afetadas pelas atividades humanas como a agricultura e o despejo de efluentes industriais e domésticos (CAMPOS, 2010). Tais ações causam impactos negativos ao ecossistema e consequentemente a saúde dos que dele dependem. Em estudos realizados no Vale do Rio dos Sinos, RS (ROBAINA et.al.,2002) constataram que os processos de urbanização e industrialização estão associados com alta concentração de metais pesados. Os metais Cr, Cu e Zn apresentam risco de muito alto a extremo em algumas drenagens da área. (RANGEL et.al., 2013) dizem que o processo de urbanização na bacia do Rio Paciência iniciou-se nas décadas de 70 e 80, tornando-se mais evidente devido à criação de diversos conjuntos habitacionais. Este processo tem dado ênfase a uma forte concentração do setor terciário e de serviços, em que acabam prejudicando a bacia jogando lixo nos igarapés e desmatando. Em consequência desses usos, a bacia apresenta uma grande fragilidade ambiental com riscos de contaminação por metais pesados. Sabe-se que o rio Paciência desempenha um importante papel na economia local, através da irrigação da horticultura e floricultura, além ter sido fonte de lazer nos finais de semana em alguns trechos do seu curso, o que justifica a importância do desenvolvimento de estudos quanto ao seu grau de contaminação. Segundo o ofício 50 feito em 2012 pelo Ministério da saúde, a exposição humana a contaminantes químicos como o chumbo, mercúrio e cádmio, pode causar efeitos tóxicos, mesmo quando ingeridos em baixas concentrações, devido à sua capacidade de bioacumulação na cadeia trófica.

Conclusões

Os dados apresentados mostram o quanto o dejeto de efluentes podem ser nocivos aos ecossistemas. Dessa forma, é crucial que sejam realizados estudos a fim de avaliar o grau de contaminação de águas superficiais. Neste contexto, se enquadra o Rio Paciência, que vem sendo degradado com o crescente desenvolvimento da região metropolitana de São Luís. A presente revisão teve como objetivo propor a avalição da contaminação por metais pesados sobre este rio o qual não possui muitos estudos acerca dessa variável sendo que as atividades em torno de seu curso sugerem tal contaminação.

Agradecimentos

Referências


RANGEL, Mauricio Eduardo Salgado; RAKEL PENA PEREIRA, Claudia; DENACHE VIEIRA SOUZA, Ulisses. Dinâmica sócio ambiental da área da bacia do Rio Paciência, porção nordeste da Ilha do Maranhão/MA. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 16., 2013, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: INPE, 2013. p. 4884-4891

ROCHA, J. C; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à Química Ambiental. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.

SISINNO, C. L. S.; OLIVEIRA-FILHO, E. C. Princípios de Toxicologia Ambiental. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2013.

MASUTTI, M. B. Distribuição e efeitos de cromo e cobre em ecossistemas aquáticos: Uma análise laboratorial e ‘’in situ’’(experimento em micro e mesocosmos). 2004. 390 f. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 2004.

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KLAASSEN, C. D.; WATKINS III, J. B. Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.

Castro, A.C.L. Diversidade da assembléia de peixes em igarapés do estuário do Rio Paciência (MA- -BRASIL). Atlântica, Rio Grande, v.23, p.39-46, 2001.

CAMPOS, M. L. A. M. Introdução à biogeoquímica de ambientes aquáticos. Campinas: Átomo, 2010

ROBAINA, Luis Eduardo; FORMOSO , Milton Luis L. PIRES ,Carlos Alberto da F. .Metais pesados nos sedimentos de corrente, como indicadores de risco ambientaL – Vale do Rio dos Sinos, RS. Revista do Instituto Geológico, São Paulo, v. 23, p. 35-47. 2002.

Ministério Da Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. 2012. v. 50

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