AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DO MUNICÍPIO DE VALENÇA-RJ E EFICÁCIA DA OZONIZAÇÃO PARA CONTROLE MICROBIANO

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ambiental

Autores

Silva, L.I.M. (CEFET/RJ- VALENÇA) ; Paiva, D.R. (CEFET/RJ- VALENÇA) ; Sobral, W.S. (CEFET/RJ- VALENÇA) ; Guerra, A.F. (CEFET/RJ- VALENÇA)

Resumo

Na cidade de Valença, localizada no sul do estado do RJ, é comum o consumo de águas de mina. Isto pode oferecer risco sanitário à população, pois não se pode ter certeza da potabilidade da água consumida, visto que não existe acompanhamento de sua qualidade por órgãos competentes. O objetivo desta pesquisa foi avaliar as características físico-químicas e microbiológicas das águas de duas minas do município de Valença (bairros Chacrinha e Jardim Valença) e avaliar a eficácia da ozonização, por um período de 30 minutos, para o controle microbiano. A ozonização foi eficaz para reduzir a contaminação por coliformes totais e bactérias heterotróficas, logo a ozonização pode ser mais uma alternativa para o controle microbiológico no tratamento da água.

Palavras chaves

mina; contaminação; ozonização

Introdução

A qualidade da água que bebemos afeta diretamente o bem-estar das pessoas. A Organização Mundial da Saúde atribuiu 4,0% de todas as mortes e 5,7% da carga global de doenças à doenças relacionadas com a água, que resultaram da má qualidade da água, higiene e saneamento. Estas doenças afetam em grande proporção os países - emergentes e crianças da primeira e segunda infância. O Brasil é um país carente em saneamento, especialmente em relação à coleta, tratamento de esgotos e métodos eficazes para reduzir a contaminação microbiana. São conhecidos mais de 200 microrganismos patogênicos possíveis de serem transmitidos pela água, a legislação brasileira (Portaria 2914/2011, Ministério da Saúde) requer análise de grupos microbianos indicadores de qualidade: coliformes a 35 e 45 ° C. Estes grupos são indicadores de higiene e sanidade, respectivamente. De acordo com a legislação brasileira, a água potável não pode conter (<2NMP / 100 mL) esses grupos microbianos. A desinfecção da água por ozonização foi descoberta em 1886. Em 1882, Ohlmuller evidenciou que o ozônio podia inativar bactérias da cólera e do tifo. Em 1891 iniciaram os ensaios laboratoriais para atestar a eficácia do tratamento. A primeira instalação industrial de ozonização para tratamento de água ocorreu em 1893, em Oudshoorm, na Holanda. O objetivo deste estudo foi analisar características físico-químicas e microbiológicas das águas de duas minas do município de Valença-RJ e verificar a capacidade da ozonização eliminar bactérias do grupo coliforme. Como parâmetro de potabilidade foi utilizado a Portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano.

Material e métodos

As amostras de água foram coletadas em frascos autoclavados em dois bairros do município de Valença, sendo eles Chacrinha e Jardim Valença (Figura 1). As amostras foram devidamente transportadas e analisadas em um período de no máximo 24h (sob refrigeração) após as coletas. Foram analisados os parâmetros físico-químicos: teor de cloreto (método argentométrico de Mohr), cálcio, magnésio e dureza total (método complexométrico com EDTA), pH (TECNOPON®, mPA-210) e os parâmetros microbiológicos: NMP/100 mL de coliformes totais e fecais e contagem de bactérias heterotróficas. Todas as análises foram realizadas em triplicada. A etapa da ozonização foi realizada com um ozonizador portátil (Sterhen®) por 30 minutos. Utilizou-se uma adaptação para reduzir o diâmetro da saída em 0,2 mm.

Resultado e discussão

Na Figura 1 são mostradas as duas minas. Na Tabela 1 são apresentados os resultados das análises físico-químicas realizadas nas amostras. Todos os resultados estão de acordo com os padrões estipulados pela Portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde. Em relação à dureza total, a água da mina do bairro Chacrinha foi classificada como branda e a água do bairro Jardim Valença como pouco dura. O aumento do pH após a etapa da ozonização se deve provavelmente ao deslocamento do equilíbrio CO32-/HCO3- na formação do íon bicarbonato. Não ocorreram alterações significativas nos teores de Cl-, Mg2+ e Ca2+ após a etapa da ozonização. Os resultados das análises microbiológicas realizadas nas amostras são descritos na Tabela 2. Podemos observar que a ozonização foi eficaz para reduzir a contaminação por coliformes totais e bactérias heterotróficas, porém não foi possível atestar sua eficácia no tratamento de coliformes fecais, pois as amostras das águas de mina coletadas não apresentaram este tipo de contaminação (de acordo com a portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde resultados <2NMP/100mL devem ser considerados como ausência/100mL).

Figura 1

Minas de água: Chacrinha (Figura da esquerda) e Jardim Valença (Figura da direita).

Tabelas 1 e 2

Resultados das análises físico-químicas e microbiológicas.

Conclusões

As amostras estão de acordo com os padrões físico-químicos da portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde. O processo de tratamento por ozonização mostrou-se uma boa alternativa para o tratamento de bactérias heterotróficas e coliformes totais. Não foi possível neste trabalho atestar sua eficácia no tratamento de coliformes fecais, pois as amostras das águas de mina coletadas não apresentaram este tipo de contaminação.

Agradecimentos

Ao Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca campus Valença.

Referências

Pruss A, Kay D, Fewtrell L, Bartram J. Estimating the burden of disease from water, sanitation, and hygiene at a global level. Environ. Health Perspect; 110, 5, 537. 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria 2914 de 12 de dezembro de 2011.

Vogel, A. I. Análise Qualitativa Inorgânica. 5a ed., Mestre Jou, São Paulo, 1979.

Guerra, A. F.; Paiva, P.O.; Paiva, D.; Sobral, W. S. Study for Applying ozone to eliminate Escherichia coli in drinking water. In: XV ERSBQ Rio de Janeiro, 2015, p- 98.

Eckenfelder, W. W.; Bowers, A. R.; Roth, J. A. Chemical Oxidation: Technologies for the nineties. Technomic publishing, UK, 1995.



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