Consumo do caranguejo Ucides cordatus Linnaeus (1763) e Ingestão Diária de Elementos Traços pela População Paraense

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ambiental

Autores

Silva, B.M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE) ; Morales, G.P. (UEPA) ; Gutjhar, A.L.N. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARA) ; Faial, K.C.F. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Silva Filho, E.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE) ; Fernades, B.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARA) ; Silva, M.D.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARA)

Resumo

O estudo avaliou a contribuição na ingestão diária de elementos traços a partir do consumo da carne do caranguejo U. cordatus. A determinação dos elementos foi realizada por meio da técnica de ICP OES. Ao se comparar as concentrações médias de elementos traços nos machos e fêmeas do caranguejo U. cordatus, com as recomendadas pelas agências de saúde, constatou-se que as concentrações de Zn alcançaram valores acima do limite previsto. Os resultados obtidos indicam que em nível de consumo, os caranguejos do manguezal de Curuçá, podem ser considerados livres de contaminação, apesar da concentração de Zn estar acima do limite recomendado pelas agências de saúde.

Palavras chaves

Recursos pesqueiros; Alimentos; Saúde

Introdução

O caranguejo Uçá é um dos principais recursos pesqueiros explorado no estado do Pará e é amplamente consumido como fonte de proteínas. Devido às características bioecologógicas, este crustáceo pode atuar como uma fonte de ingestão de elementos traços. Por isso, a importância de determinar a contribuição do consumo da carne deste decapoda na ingestão diária de elementos traços. A regulamentação dos níveis toleráveis de elementos traços e contaminantes inorgânicos nos alimentos são realizadas pelas agências internacionais FAO, EPA, WHO e no Brasil pela ANVISA. Assim, o objetivo do presente estudo foi verificar se a concentração dos elementos traços cádmio (Cd), cromo (Cr), cobre (Cu), zinco (Zn) e chumbo (Pb) estão de acordo com o recomendado pelas agências de saúde.

Material e métodos

Foram coletados trinta e dois indivíduos do caranguejo U. cordatus (autorização SISBIO nº 49353-1/código de autenticação 81473453), sendo dezesseis machos e dezesseis fêmeas em áreas de mangue do município de Curuçá, região nordeste do estado do Pará. Em seguida a coleta, os caranguejos foram lavados e posteriormente dissecados. Amostras do quelípodo (n=32) foram aferidas em balança analítica digital (TE2145) Sartorius AG (±0,0001g), e submetidas a um liofilizador (modelo L101) durante 42h. A digestão foi realizada em meio ácido, com 4 mL e HNO3 (65% v.v-1) e 4 mL de H2O2 (30% v.v-1), assistida em um forno de microondas (Mars Xpress) CEM. A quantificação dos elementos traços foi realizada por meio de um espectrômetro de Emissão Ótica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP OES, Vista-MPX CCD simultâneo, Varian, Mulgrave, Austrália).

Resultado e discussão

Ao se comparar as concentrações médias de elementos traços nos machos e fêmeas do caranguejo U. cordatus, com as recomendadas pelas agências de saúde, constatou-se que as concentrações de Zn alcançaram valores acima do limite previsto. As concentrações para os demais elementos analisados mostraram-se inferiores ao estabelecido à maior parte das Agências de Saúde (Tabela 1). Apesar de ter sido obtido um teor médio para o Cr acima do indicado pela legislação brasileira, este resultado está muito abaixo do indicado pela FAO/WHO. Os valores provisórios de ingestão diária tolerável (PTDI-)1, para os elementos analisados são apresentados na Tabela 2 e foram determinados considerando uma massa média para o corpo humano de 60 kg. Com os resultados encontrados no músculo dos caranguejos machos listados na Tabela 1, determinou-se a ingestão média de elementos traços pela população por 100g de carne de caranguejo. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), para a obtenção de 1 kg de carne deste crustáceo, são necessários entre 25 e 30 animais2 e se considerarmos que o consumo médio da população é em torno de 3 caranguejos, a massa correspondente será de aproximadamente 100g de carne. Como pode ser observada, a contribuição ao PTDI em virtude do consumo da carne de caranguejo é mais significativa para o Cu (23% - Tabela 2) e não parece indicar riscos, uma vez que a dieta normal de adultos varia de 2000 a 5000 μg/dia de Cu. 3

Tabela 1.



Tabela 2.



Conclusões

Os resultados obtidos indicam que apesar da concentração de Zn ser superior ao recomendado pelas agências de saúde, em nível de consumo, os caranguejos do manguezal de Curuçá, podem ser considerados livres de contaminação, uma vez que o PTDI para este elemento representa apenas 10% da ingestão diária. Assim, a ingestão deste crustáceo pela população paraense não representa riscos à saúde humana.

Agradecimentos

Ao Instituto Evandro Chagas (IEC) pela parceria na realização das análises. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo auxílio financei

Referências

1. Health criteria and other supporting information, v. 2, p. 2 –hemical and physical aspects. Geneva, Switzerland.1996. Disponível em: http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/2edvol2p2a.pdf. Acesso em: maio 2014.

2. IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Estatística da Pesca 2005 Brasil: grandes regiões e unidades da Federação. Edição IBAMA. 113 p. Brasília, 2007.

3. http://www.ilsi.org/Brasil/Documents/19%20-%20Cobre.pdf, acessada em agosto de 2014.

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