INCIDÊNCIA DE BIOINDICADORES DE CONTAMINAÇÃO NA ÁGUA DA LAGUNA DA JANSEN EM SÃO LUÍS-MA.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ambiental

Autores

Costa, N.B. (UFMA) ; Everton, G.O. (UFMA) ; Teles, A.M. (UFMA) ; Mouchrek, A.N. (UFMA)

Resumo

Durante o processo de urbanização ocorreu aumento da carga microbiana acarretada pelo lançamento de dejetos oriundos do lançamento de esgotos na água da Laguna da Jansen. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo informar o índice de contaminação da água da laguna, por determinação da presença de coliformes à 45ºC, e identificação de espécies da família Enterobacteriaceae com ênfase em Escherichia Coli. Todas as amostras apresentaram contaminação por Coliformes a 45°C, sendo (16) 80% fora dos padrões estabelecidos pela legislação vigente e 45% das cepas identificadas corresponderam a Escherichia coli. Portanto, caracteriza-se o a qualidade da agua como imprópria pela presença desses microrganismos, que refletem contaminação fecal, e são desencadeadores doenças à saúde pública.

Palavras chaves

Água; Laguna; Contaminação

Introdução

A Laguna da Jansen foi criada em 23 de junho de 1988 pelo decreto-lei n° 4878, recebeu esse nome em homenagem à Ana Joaquina Jansen Pereira, protagonista da lenda local mais conhecida. Em 2001, inaugurou-se o Parque Estadual da Laguna da Jansen ao redor, e logo o lugar se transformou num amplo centro de convivência, com alta frequência de turistas. (UFMA 2002) A área da Laguna possui extensão aproximada de 140 hectares e 3,5 metros de profundidade, sendo elevada à categoria de Unidade de Conservação Estadual denominada Parque Ecológico da Laguna da Jansen. Durante o processo de urbanização, os espaços permeáveis, inclusive áreas de manguezais, foram convertidos para locais de superfície impermeáveis. Consequentemente ocorreu aumento de volume de escoamento superficial e da carga de poluentes, resultando em alterações nas características físicas, químicas e biológicas que ocasionam subsequentes cargas de erosão e sedimentos às águas superficiais, além da carga microbiana acarretada pelo lançamento de dejetos oriundos do lançamento de esgotos na água (ARAÚJO, 2007). Devido à importância da qualidade microbiológica, o estudo em foco desenvolveu-se com a finalidade de informar à população o índice de contaminação da água da laguna, pela determinação da presença de Coliformes a 45ºC, e identificação de espécies da família Enterobacteriaceae, com ênfase em Escherichia Coli.

Material e métodos

Foram coletadas 20 amostras de água da Laguna da Jansen em São de Luís/MA, levando-se em consideração as áreas de maior contaminação, durante os meses de setembro a dezembro de 2016. Foram levadas imediatamente ao Laboratório de Microbiologia do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos e Água da Universidade Federal do Maranhão. Foram realizadas analises para determinação do Numero Mais Provável de Coliformes termotolerantes, identificação das espécies da família Enterobacteriaceae. Com base na metodologia descrita no Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods – APHA. A determinação de Coliformes a 45ºC (NMP/g) foi feita através da técnica de tubos múltiplos. Onde se diluiu 9 mL da amostra em 90 mL de solução de NaCl 0,85% previamente esterilizada e a partir desta solução (10-1), alíquotas de 10, 1 e 0,1 mL foram inoculadas em Caldo Lactose em concentrações duplas e simples com tubos de Durham invertidos e incubados a 35ºC por 24 horas. Onde foi evidenciado o consumo do meio por turvação e aprisionamento de gás no tubo de Durham. Procedeu-se com teste confirmativo para Coliformes a 45º C, utilizando o caldo E.C., em banho-maria a 45ºC por 24 horas. Os valores para NMP/mL foram determinados com o auxilio da tabela de Hoskis e comparados com a Resolução CONAMA n° 357, de 2005. Para a identificação das espécies da família Enterobacteriaceae, utilizou-se os tubos positivos provenientes do caldo E.C, seu inóculo foi semeado em placas com Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB), com incubação a 35°C por 24 horas. Submeteram-se as colônias com características de bactérias fermentadoras de lactose às provas bioquímicas de acordo com a metodologia descrita pelo APHA (2001).

Resultado e discussão

Das 20 amostras analisadas todas apresentaram contaminação por Coliformes a 45ºC, sendo 80% (16) com valores superiores a 1000 NMP/mL, estando fora dos padrões estabelecidos pela legislação, considerando-se a contabilização da diluição efetuada da amostra. Os resultados obtidos apontam que a água recebe o lançamento de esgotos direta ou indiretamente, pois a maioria das bactérias desse grupo habitam o trato gastrintestinal de seres humanos e outros animais homeotérmicos, e sua presença na água reflete contaminação fecal (BRASIL, 2006; FUNASA, 2009). A crescente urbanização em torno da laguna aumenta o volume de dejetos lançados no curso d’água, e muitas vezes sem tratamento adequado, resultando na elevação do teor de cargas orgânicas e multiplicação de microrganismos (BASTOS, 2006). Observou-se também através dos testes bioquímicos a presença de Citrobacter Amalonaticus (15%), Klebsiella Oxytoca (5%), Escherichia Fergusoni (23%), Serratia Liquefaciens (5%), Escherichia Vulneris (7%), Serratia Odorífera (5%) e a mais importante do grupo novamente em maior porcentagem sendo a Escherichia Coli (45%). Os resultados obtidos refletem risco pelo percentual de Escherichia Coli determinado, visto que essa bactéria pode provocar várias doenças que incluem gastrenterite (diarreias), infecção urinária, cistite (inflamação no trato urinário) e peritonite (inflação na membrana que reveste a cavidade abdominal). Diante disso, caracteriza-se a qualidade da água laguna como inadequada para consumo humano, questionando-se ainda a implantação de uma medida efetiva de descontaminação da laguna, em virtude do índice de contaminação e o percentual de Escherichia Coli determinado pelos testes bioquímicos.

Conclusões

Portanto, a partir dos resultados obtidos, caracteriza-se a qualidade da água laguna como inadequada para consumo humano pelo fato da mesma ser portadora desses microrganismos, que refletem contaminação fecal, e são desencadeadores de doenças para à saúde publica.

Agradecimentos

Ao PCQA e à UFMA

Referências

APHA. American Public Health Association. Compendium of methods for the microbiological of foods. 4th ed. Washington, 2001. 2 ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 12 de 02 de janeiro de 2001. Aprova o regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 10 de janeiro de 2001. n.7, seção 1, p. 45-53.

ARAÚJO, Gustavo Henrique de Sousa; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de GUERRA, José Teixeira. Gestão Ambiental de Áreas Degradadas. 2° ed. Rio de Janeiro. Editora Bertrand Brasil, 2007.

BASTOS, I.C.O. Utilização de bioindicadores em diferentes hidrossistemas de uma indústria de papeis reciclados em Governador Valadares-MG. Eng. Sanit. Amb., v.11, p.203- 211, 2006.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Brasília: DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2005.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano. Brasília: DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO, 2006.

FUNASA. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análise de água. 3.Ed. Brasília: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2009.145p.

UFMA. Diagnóstico Ambiental da Lagoa da Jansen. Relatório Final. São Luís-MA. UFMA, 2002.

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