ISBN 978-85-85905-19-4
Área
Ensino de Química
Autores
Silva, R.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Ribeiro, V.L.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Oliveira, T.R.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Carvalho, J.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Neto, D.R.N. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)
Resumo
O Ensino de Química no Ensino Médio, para muitos, é visto de modo bastante desafiador. Isso ocorre, principalmente, devido as metodologias de ensino ultrapassadas, falta de recursos didáticos, criatividade e originalidade por parte do professor, que em algumas das vezes não conseguem passar de maneira clara a matéria. Diante disso, elaboramos uma proposta didática para o estudo de Radiatividade a partir da valorização da História da Ciência em sala de aula, destacando o papel da cientista Marie Curie e suas contribuições para o mundo científico e para a sociedade em geral, por meio da exibição do documentário “Marie Curie” o qual traz a biografia da cientista e seus feitos sob o olhar de alguns especialistas da personalidade em questão.
Palavras chaves
Radioatividade; História da Ciência; Recursos Audiovisuais
Introdução
O presente trabalho, desenvolvido a partir de uma indagação feita em uma sala de universidade, se todos os alunos ali presentes haviam tido em algum momento do seu ensino médio aulas introdutórias sobre História da Ciência ou sobre vida e obra de algum cientista para o início de algum assunto em Química, Física ou Biologia e todos foram unânimes em dizer que não tiveram nada parecido. Diante desses relatos pesquisou-se diretamente nas escolas públicas e privadas o porquê de não terem em suas aulas introdutórias este tipo de ensino, buscando com isso, registrar mais uma deficiência no ensino escolar e buscar uma solução que venha a introduzir um conhecimento tão rico e essencial para o desenvolvimento científico dos alunos. Pela falta do conhecimento sobre a história da ciência muitos alunos desconhecem os dramas vivenciados pelos cientistas até chegarem à consolidação de todas as teorias e fórmulas que são vistas no ensino médio, as quais causam o terror na mente dos alunos. Segundo Kosminsky e Giordan (2002), é no bojo de atividades realizadas em sala de aula que os estudantes podem se transformar em agentes sociais e históricos de seu tempo e podem, portanto, apropriando-se de elementos da linguagem científica e de seus procedimentos, o que lhes dará a oportunidade ímpar de atribuir valor às formas de pensar e agir do cientista. Mas a grande questão é: como desenvolver um trabalho a fim de que os alunos se interessassem pelos conhecimentos que sustentam um determinado estudo se durante sua formação os conceitos e conteúdos, muitas vezes, são apresentados de forma pronta e acabada sem nenhuma fundamentação histórica para se compreender quem esteve por trás de toda construção científica? Ao pensar nessa problemática, foram desenvolvidos dois projetos de metodologias.
Material e métodos
Neste estudo, trabalhou-se com um total de 48 alunos (escola pública e particular) da cidade de Belém – Pará. As aulas foram ministradas no período matutino e vespertino, com a autorização da direção e do corpo pedagógico. A proposta foi ministrar aos alunos uma aula com exposição de slides sobre História da Ciência, abordando a vida e obra de Marie Curie, suas contribuições para o meio científico e como estas são úteis em nosso dia a dia, valorizando as articulações que podem facilitar aos alunos um melhor entendimento desses conhecimentos. Em seguida foi exibido um documentário realizado através do Projeto Conteúdo Digital Multimídia (CONDIGITAL), lançado pelo Ministério da Educação com duração de 12 minutos, com o objetivo de contribuir para o melhor aprendizado e entendimento do assunto. Após a aula e a exibição do documentário foi solicitado aos alunos que respondessem a uma lista de perguntas referentes ao que eles entenderam sobre Radioatividade, sua utilização em nosso dia a dia, quem foi Marie Curie, suas contribuições e a importância da introdução de História da Ciência nas aulas. Após os alunos terminarem de responder o questionário, apresentou-se um experimento fácil, rápido e com muito conteúdo teórico, mostrando a esses estudantes que é possível trabalhar em sala experimentos com materiais alternativos. Por fim, demonstrou-se aos alunos uma das características dos elementos radioativos que seria a sua fosforescência. Para a experimentação foram utilizados: dois potes de vidro; lâmpada de luz negra; sabão em pó; caneta marca texto e água. Nossa proposta foi apresentar uma “nova forma” de ensino de química através da sua história, demonstrando que o fazer ciência é muito mais que equações e fórmulas químicas.
Resultado e discussão
A partir dos resultados obtidos pelos alunos da escola particular, pôde-se
perceber que a maioria colaborou em responder o questionário, no
qual o nosso foco principal foi nas duas últimas questões. Grande parte dos
alunos deram suas opiniões sobre a introdução da História da Ciência em suas
aulas, opinando que seria muito bom essa abordagem, pois determinados
assuntos, teorias, fórmulas não aconteceram do nada e com essas descobertas
seriam muito mais enriquecidas as aulas e os alunos se interessariam mais
pela disciplina, no entanto, eles levantam uma questão de que hoje a aulas e
conteúdos são muito mais focados em provas de vestibulares. Já o professor
avaliou que seria muito interessante ministrar as aulas de História da
Ciência, entretanto, o que não o permite trabalhar o assunto seria o tempo,
pois há muito conteúdo para expor às provas de vestibulares.
Em relação a escola pública, os alunos opinaram que o professor
não teria nenhuma dificuldade em ministrar História da Ciência em suas
aulas, mas pelo fato de a matéria não ser abordada em Vestibulares, falta de
tempo e o não interesse dos alunos nas aulas, o assunto acaba não sendo
ministrado. A professora também concordou que seria relevante o assunto em
suas aulas, pois faria com que os alunos verificassem que a ciência não
acontece do dia para noite, no entanto, a falta de tempo para o
planejamento, além do conteúdo extenso e o atraso no início das aulas não
permite a abordagem do assunto. Todavia, a professora surpreendeu em relatar
que em alguns momentos ela aborda a história dos cientistas em suas aulas a
partir da apresentação de seminários pelos alunos.
Conclusões
No processo de ensino e aprendizagem é indispensável que os educadores tenham conhecimento da importância do mundo científico para os alunos, saindo da visão meramente conteudista, promovendo uma ação diferenciada em suas aulas. Em 20 anos muito se falou sobre a inserção da História da Ciência no ensino básico em encontros e congressos, mas nada foi aplicado na realidade das escolas, exemplo foi as duas escolas que participaram desta pesquisa. Este trabalho, portanto, tem como pretensão instigar os alunos a entender e conhecer mais o conhecimento científico através da história dos cientistas.
Agradecimentos
Referências
FREITAS-REIS, Ivoni; DEROSSI, Ingrid Nunes. A consolidação de uma teoria e os percalços de uma vida: Marie Curie e a Radioatividade. In: FREITAS-REIS, Ivoni. (Org.). Estratégias para a inserção da História da Ciência no ensino: um compromisso com os conhecimentos básicos de Química. São Paulo: Ed. Livraria da Física, 2015. p.113-128.
Kosminsky, L.; Giordan, M. (2002). Visões de Ciências e sobre cientista entre estudantes do Ensino Médio. Química Nova na Escola, p.11-18.
REIS, A. S. dos; SILVA, M. D.B; BUZA, R. G. C. (2012). O uso da história da ciência como estratégia metodológica para a aprendizagem do ensino de química e biologia na visão dos professores do ensino médio. História da ciência e Ensino-Construindo interfaces, v. 5, p.1-12.
Marie Curie. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WbGV2376Jh0. Acesso em 1 ago.2016.
Patrocinadores
Apoio
Realização
