AULA APOIADA POR RECURSOS DIDÁTICOS x AULA TRADICIONAL: A OPINIÃO DE ALUNOS DO 9º ANO DE UMA ESCOLA DA CIDADE DE ORIXIMINÁ-PA.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Miranda, I.S. (UFOPA) ; Soares, A.M.S. (UFOPA)

Resumo

Para o conteúdo ministrado foi escolhido o estudo da tabela periódica em decorrência do mesmo estar relacionado ao conteúdo de turmas do 9º ano. A elaboração da pesquisa, para registrar a opinião dos alunos, foi feita em dois dias através de questionário com perguntas optativas, sendo todo trabalho parte integrante da II Reunião Amazônica de Integração em Biociências realizada pela Universidade Federal do Oeste do Pará. No primeiro dia foi ministrada uma aula do tipo tradicional, e ao segundo dia uma aula diferenciada com o uso de jogos lúdicos e vídeo como ferramentas didáticas. Os resultados mostraram que para o conteúdo ministrado 100% dos alunos preferem e interage melhor frente a aulas apoiadas por recursos didáticos.

Palavras chaves

Recursos didáticos; aula tradicional; tabela periódica

Introdução

De acordo com Chierighini (2014), um dos métodos mais conhecido e por sua vez muito utilizado nas escolas é o método tradicional, no qual o professor é o sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem, repassando seus conhecimentos aos alunos, normalmente por meio de aulas teóricas. Neste método o professor vê o aluno como uma tábua rasa onde ele deve da sua maneira, talhar os conhecimentos que ao seu modo entende como indispensáveis, dessa mesma, o conhecimento é visto por ele como um “pacotinho” que deve ser entregue a cada aluno sem levar em consideração suas experiências vividas fora do âmbito escolar. Deste modo, em disciplinas que utilizam somente o método tradicional, as aulas são centradas no professor, que definem quais serão os conteúdos repassados aos alunos, assim como a organização de como será efetuado o processo de ensino-aprendizagem (SANTOS, 2011). A associação de conceitos químicos com a vida e o cotidiano são o que os professores de química devem buscar como abordagem no ensino (CHASSOT, 1990). Na tentativa de alcançar um aprendizado mais amplo e desfragmentar a forma de aula tradicional, pesquisadores na área de ensino têm desenvolvido estratégias diferenciadas, como a realização de atividades experimentais, utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), jogos lúdicos, entre outras (ROSA e ROSSI, 2008; BRASIL, 2006; SILVA et al, 2014). Nessa direção, os jogos lúdicos surgem como uma alternativa, pois incentivam o trabalho em equipe e a interação aluno-professor; auxiliam no desenvolvimento de raciocínio e habilidades; e facilitam o aprendizado de conceitos (VYGOTSKY, 1989). Segundo Moreira (2011), para que a aprendizagem seja significativa, a nova informação deve interagir com um símbolo já significativo, um conceito, uma proposição, um modelo mental, uma imagem, enfim, com um conhecimento específico relevante que esteja armazenado na estrutura cognitiva de quem aprende. No entanto, duas condições devem ser satisfeitas: “o material de aprendizagem deve ser potencialmente significativo e o aprendiz deve apresentar uma predisposição para aprender” (MOREIRA, 2011, p.24). Dentre os vários assuntos que poderiam ser utilizados como ponto de apoio para estimular a aprendizagem deste conteúdo escolheu-se abordar a importância dos elementos químicos e sua presença no corpo humano, pois direta ou indiretamente, o aluno já teve contato com estas informações ao longo de sua vida. Dessa forma, a discussão sobre este tema poderia gerar interesse, curiosidade e vontade de aprender o conteúdo. Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi comparar a assimilação, interesse e participação dos alunos frente a uma aula tradicional e outra apoiada por ferramentas didáticas tais como jogo lúdico e TIC, relacionando conteúdo e o cotidiano.

Material e métodos

O estudo foi aplicado em 2 turmas do 9º Ano da Escola Estadual Iracema Givoni da cidade de Oriximiná-Pa, sendo cada turma composta de Turma 1: 15 alunos, Turma 2: 18 alunos. Todas as aulas ministradas separadamente para cada turma tiveram um tempo máximo de 50 minutos, e foram ministradas na Universidade Federal do Oeste do Pará como parte integrante da II Reunião Amazônica de Integração em Biociências, sendo ao final de cada aula repassado aos alunos um questionário com perguntas (Figura 1), o qual teve como objetivo verificar a assimilação, participação e preferência dos alunos para cada dia de aula. Para desenvolvimento das atividades, foram elaboradas duas etapas, sendo o primeiro dia (etapa 1) por apresentação de aula expositiva de maneira tradicional e o segundo dia (etapa 2) através de apresentação de aula participativa utilizando-se de ferramentas tais como notebook, retroprojetor, vídeo e jogo lúdico. Na confecção do jogo em forma de tabuleiro, foi necessária uma cartolina de dimensões 66x50 cm, onde foram desenhados 30 quadrantes, sendo que em cada quadrante havia símbolos de elementos da tabela periódica. Também foram confeccionados dois dados de seis lados, e para elaboração do jogo cada turma foi dividida em equipes compostas por no máximo 4 alunos. Foram elaboradas várias cartilhas contendo perguntas relacionando elementos da tabela periódica e o corpo humano, e conforme cada equipe jogava o dado, o peão andava o número de casas de acordo com o resultado obtido, eram então sorteadas duas perguntas que deveria ser respondido pelo grupo o qual teria jogado o dado, e caso o grupo errasse a resposta, o peão retornaria ao lugar de origem, na regra do jogo só seria possível sortear as perguntas se primeiramente fosse respondido corretamente qual o nome do elemento ao qual o peão teria se posicionado no quadrante, caso contrário o peão também teria de retornar ao seu lugar de origem. O jogo baseia-se assim, em regras de um jogo de tabuleiro, e tem como objetivo central levar o peão ao fim do percurso antes dos demais jogadores.

Resultado e discussão

Para análise dos resultados, as respostas do questionário aplicadas aos alunos de cada turma foram reunidas e avaliadas. De acordo com o resultado observado, o percentual de alunos, os quais preferiram e diziam ter adquirido mas liberdade para participar e assimilar melhor o conteúdo com o cotidiano, foi para o segundo dia de aula. Nesse sentido a utilização do método de ensino tradicional, aplicado no primeiro dia, se apresenta pouco interessante ou menos apreciada pelos alunos, pois nesta tendência o professor é o único detentor do saber e o aluno é visto apenas como ouvinte não participativo, e de acordo com Becker (2001) este modelo é denominado de pedagogia diretiva onde nada de novo acontece dentro da sala de aula, fato que pode ter influenciado as respostas dos alunos no questionário. Quando os alunos foram indagados sobre a utilização das TIC´s, observa-se que 96% dos participantes responderam que utilizam principalmente o computador para diversas finalidades, dentre as quais estão diversão, comunicação e vídeos. Sobre os tipos de vídeos que já foram utilizados no computador pelos entrevistados, principalmente como lazer, citam-se os vídeos de videogames e desenhos animados, porém pouco sobre ciências. Após a aplicação do vídeo sobre a história da tabela periódica, vários alunos afirmaram utilizar também como uma forma de pesquisa, o uso de vídeos sobre ciências. Embora o trabalho tenha sido feito com o objetivo apenas de observar e comparar a participação e interesse dos alunos frente os diferentes modelos de aula, todas as turmas afirmaram no questionário que pretendiam incentivar seus professores a elaborarem mais aulas que fugissem do tradicionalismo, e que os mesmos pretendiam também em cooperação com a escola e seus pais, cobrar novos métodos que melhorassem o modelo de ensino em suas escolas.


Figura 1. Questionário de perguntas sobre a opinião individual dos alunos a respeito das aulas.


Figura 2. Imagem do jogo de tabuleiro, confeccionado manualmente, utilizado na aula.

Conclusões

Foi possível observar que os recursos didáticos aplicados no segundo dia, para ambas as turmas, estimularam um melhor interesse e uma melhor contextualização do conteúdo aplicado ao cotidiano, além de proporcionar uma característica mais participativa dentro da sala de aula, criando assim um caráter mais estimulador, com o objetivo de fazer que os alunos continuem despertando interesse na disciplina de química na medida em que absorvem novos aprendizados. Tanto o jogo como o vídeo possibilitou práticas interdisciplinares, e estimularam a interação entre aluno-professor, facilitando o processo de ensino-aprendizado de modo contextualizado e dinâmico, e nesse contexto fica claro a necessidade de adaptação do professor frente às novas tendências não tradicionais.

Agradecimentos

Á Universidade Federal do Oeste do Pará - Campus Oriximiná por ceder o espaço para referida pesquisa.

Referências

BECKER, F. Educação e Construção do Conhecimento. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações curriculares para o Ensino Médio. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias, v. 2. Brasília, 2006.

CHASSOT, A. I. A educação no ensino da Química. Ijuí: Unijuí, 1990.

CHIERIGHINI, A.; AGUIAR, P.A.; Metodologias de ensino e aprendizagem: observação e reflexão. Seminário de Estágio das Licenciaturas, Instituto Federal de Santa Catarina, 2014.

MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa: a teoria e textos complementares. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2011. Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, 2014.

ROSA, M.I.P. e ROSSI, A.V. Educação Química no Brasil: memórias, políticas e tendências. Campinas: Átomo, 2008.

SANTOS, W. S. Organização Curricular Baseada em Competência na Educação Médica. Revista Brasileira de Educação Médica. Rio de Janeiro, v. 35, n. 1, p. 86-92, jan./mar. 2011.

SILVA, T.D.P.; SANTOS, A.C.S.; CONDE, T.T.; CASTRO, G.R.; LIMA, M.M. Estudo e execução de metodologias alternativas para o ensino da tabela periódica no 9º ano do ensino fundamental. 54º Congresso Brasileiro De Química, Natal-RN, 2014.

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Vídeo: Serie Mundo Invisíveis – vídeo 5. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=S7wKs2IBKZo, Acessado em: 08/03/2016.

Patrocinadores

CAPES CNPQ FAPESPA

Apoio

IF PARÁ UFPA UEPA CRQ 6ª Região INSTITUTO EVANDRO CHAGAS SEBRAE PARÁ MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI

Realização

ABQ ABQ Pará