APRENDIZAGEM ESTEQUIOMÉTRICA: UMA ABORDAGEM EDUCATIVA ALIADA A CONTEXTUALIZAÇÃO AMAZÔNICA

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Machado, D.M. (UEPA) ; Barbosa Júnior, A.S. (UEPA) ; Reis, J.D.E. (UEPA) ; Costa, W.C.L. (UEPA) ; Barros, D.J.P. (UEPA) ; Gonçalves, L.C. (UEPA) ; Palheta Junior, A.R. (UEPA) ; Costa, N.L.S. (UEPA)

Resumo

O presente trabalho teve por finalidade desenvolver uma metodologia adequada, associando a experimentação e a abordagem contextualizada com o local onde os discentes vivem, visando tornar as aulas mais atrativas e de fácil compreensão acerca do conteúdo estequiometria, proporcionando a aprendizagem eficiente no ensino de Química. A atividade foi desenvolvida com estudantes pertencentes a um cursinho pré-vestibular — vinculado a Pró- reitora de Extensão da Universidade do Estado do Pará (PROEX/PA) —, situado no município de Salvaterra – PA. A adoção de estratégias diferenciadas de ensino como o incentivo a realização de experimentos práticos e o uso da contextualização permitem que o aluno seja um sujeito ativo no seu processo de construção de conhecimento.

Palavras chaves

Experimentação; Estequiometria; Contextualização

Introdução

A Química é o ramo da Ciência que estuda a matéria, sua composição, transformação e as condições envolvidas nesse processo (RUSSELL, 1994). Constantemente, prioriza-se a memorização de conceitos, fórmulas e reações, desconsiderando a relevância de apresentar aos alunos a verdadeira importância desta disciplina e o que ela representa em suas vidas. Soma-se a este fator a carência de correlaciona-la com o cotidiano dos alunos, tornando a Química, que é uma ciência de natureza experimental, excessivamente abstrata. A Estequiometria é uma parte da Química que estuda a quantidade de matérias envolvidas em uma reação química. Para compreendê-la é imprescindível saber expressar as quantidades de uma substância, como: massa, número de mols, volume de líquido e de gás — nas diversas condições de temperatura, pressão e volume de solução aquosa (BOUJAOUDE; BARAKAT, 2000). O Cálculo Estequiométrico é de extrema importância no cotidiano, principalmente nas indústrias e laboratórios, pois objetiva calcular teoricamente a quantidade de reagente a ser utilizado em uma reação, prevendo a quantidade de produtos que serão obtidos em condições pré- estabelecidas, evitando desperdício de material; no dia a dia, por exemplo, o padeiro estima a quantidade de farinha para fazer certo número de pães (MALDANER, 1999). Entretanto, a maioria dos alunos diz que a Química é muito difícil e complicada para ser compreendida, gerando um grande desinteresse por parte desta disciplina (MIGLIATO FILHO, 2005; GOMES, 2007; SILVA, 2013). Diante disso, o referido trabalho tem como objetivo, desenvolver uma metodologia adequada, associando a prática experimental e a abordagem contextualizada com o local onde os discentes vivem, visando tornar as aulas mais atrativas e de fácil compreensão.

Material e métodos

A prática didática se deu com 06 (seis) estudantes pertencentes a um cursinho pré-vestibular — vinculado a Pró-reitora de Extensão da Universidade do Estado do Pará (PROEX/PA) —, situado no município de Salvaterra – PA, já que apresentavam dificuldades ao se depararem com este assunto em seu cotidiano. A intervenção foi dividida em 3 (três) momentos distintos: PRIMEIRO — De forma contextualizada e interdisciplinar, uma micro aula conceitual referente ao tema “Cálculo Estequiométrico” foi ministrada, envolvendo elementos encontrados tipicamente no cotidiano amazônico, como: a proporção dos ingredientes em um bolo de macaxeira (mandioca) e a combustão do óleo diesel nas embarcações ribeirinhas, visto que esses elementos encontram-se constantemente presentes no contexto sociocultural marajoara vivenciado pelos estudantes. Diante disso, a micro aula contextualizada abordando peculiaridades marajoaras ofereceu aos alunos uma base teórica necessária para as intervenções posteriores. SEGUNDO — Em seguida, com o intuito de aliar a prática com o ensinamento teórico, os alunos foram organizados em 2 (dois) grupos para acompanhamento e execução de 1 (uma) prática experimental, com questões para discussão. Para a prática — Observação da combustão de alguns materiais — baseada na produção didático-pedagógica “UMA PROPOSTA DIFERENCIADA DE ENSINO PARA O ESTUDO DA ESTEQUIOMETRIA” (COSTA, 2008), foram utilizados os seguintes materiais: vidro relógio; folha de papel; palha de aço; fósforo e balança analítica. TERCEIRO — Para o fechamento da atividade, um questionário final foi aplicado, com enfoque voltado para opinião do aluno, sobre o uso da metodologia contextualizada como ferramenta complementar do assunto abordado, a fim de obter dados prévios à análise de possíveis resultados.

Resultado e discussão

Os dados obtidos durante a execução da temática mostram que 67% dos participantes avaliaram o assunto trabalhado em sala de aula, a partir da contextualização amazônica como ótimo, 33% avaliaram como bom, 0% regular e 0% ruim (Figura 01). Esse percentual de aceitação exposto na (figura 01) pode ser explicado devido o interesse satisfatório demonstrado pelos estudantes, pois puderam relacionar os assuntos trabalhados em sala de aula com o seu cotidiano, visto que a contextualização tornou-se facilitadora do processo de ensino- aprendizagem. De acordo com Jiménez Lizo, Sanches Guadix e De Manuel (2002), o estudo nessa perspectiva utiliza o contexto vivenciado pelos alunos como exemplos imersos em meio aos conhecimentos científicos teóricos, numa tentativa de torna-lhes mais compreensíveis. Esse argumento mostra-se explícito na resposta da aluna Edihorana Carvalho “as experiências foram de suma importância para obter conhecimento e adquirir habilidades para o nosso cotidiano”. Amaral (1996) afirma que, o próprio fundamento da Química mostra a relevância de introduzir este tipo de atividade ao discente (experimentação), esta ciência se relaciona com a natureza, sendo assim os experimentos possibilitam ao estudante uma concepção mais científica das transformações que nela ocorrem. Diante disso, a experimentação proporciona ao aluno visualizar o conhecimento abstrato, na prática in loco. Os resultados mostraram-se satisfatórios, visto que a partir da análise dos questionários, os alunos envolvidos no projeto conseguiram associar o conhecimento teórico às práticas experimentais voltadas para o dia-a-dia.

Figura 01:

Representação percentual qualitativa dos resultados obtidos a partir dos questionários.

Figura 02:

Prática experimental sendo executada pela participante do projeto.

Conclusões

Conclui-se que a forma com que os conteúdos são trabalhados é fundamental para promover a obtenção de conhecimentos eficientes por parte do aluno. Estratégias diferenciadas de ensino como o incentivo a realização de experimentos práticos, permitem que o aluno seja um sujeito ativo no seu processo de construção de conhecimento, pesquisando, refletindo e fazendo, aliando o conhecimento teórico ao prático, além disso, o uso da contextualização apresenta aos alunos a verdadeira importância do ensino de Química e o que ela representa em suas vidas, criando uma nova perspectiva acerca deste estudo.

Agradecimentos

À Universidade do Estado do Pará (UEPA), localizada no Núcleo de Salvaterra - Campus XIX (Rod. PA 154 - km 28) por ceder seu espaço para realização deste trabalho.

Referências

AMARAL, L. Trabalhos práticos de química. 2. ed. São Paulo: Livraria Nobel, 1996.

BOUJAOUDE, S.; BARAKAT, H. Secondary School Students’ Difficulties with Stoichiometry. Science Review School, [S.l.], v. 81, n. 296, p. 91-98, 2000.

CAZZARO, F. Um experimento envolvendo estequiometria. Química Nova na Escola, n° 10, nov. 1999.

COSTA, A. A. F.; SOUZA, J. R. T. Obstáculos no processo de ensino e de aprendizagem de cálculo estequiométrico. Amazônia Revista de Educação em Ciências e Matemática, Belém, PA, v. 10, n. 19, p. 106-116, 2013.

COSTA, E. T. H. Uma proposta diferenciada de ensino para o estudo da estequiometria. Maringá, 2008.

GOMES, R. S.; MACEDO, S. da H. Cálculo estequiométrico: o terror nas aulas de Química. Vértices, v. 9, n.1, 2007.

JIMÉNEZ LISO, M. R.; SANCHES GUADIX, M. A.; DE MANUEL, E. T. Química cotidiana para la alfabetización científica: ¿ realidad o utopía? Educación Química, v.13, n.4, 2002.

MALDANER, O. A. A pesquisa como perspectiva de formação continuada do professor de química. Química Nova, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 289-292, Mar./Abr. 1999.

MIGLIATO FILHO, J. R. Utilização de modelos moleculares no ensino de estequiometria para alunos do ensino médio. 2005, 120 f. Dissertação (Mestrado em Química) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2005.

RUSSELL, J. B. Química Geral. 2. Ed. São Paulo: Editora Pearson Makron Book, 1994.

SILVA, S. G da. As principais dificuldades na aprendizagem de química na visão dos alunos do ensino médio. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO IFRN, 9. Currais Novos/ RN, 2013. Anais... Currais Novos – RN, 2013.

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