A UTILIZAÇÃO DA MÚSICA NO ENSINO DE FUNÇÕES INORGÂNICAS

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Franco, L.H.M. (UFPA) ; Monteiro, A.J.S. (UFPA) ; Junior, N.J.S.R. (UFPA) ; Mota, M.L. (UFPA) ; Silva, E. (SEDUC-PA) ; Dantas, K.G.F. (UFPA) ; Marinho, P.S.B. (UFPA)

Resumo

Uma das preocupações relacionadas ao processo ensino-aprendizagem de funções inorgânicas no ensino médio é a falta de iniciativa dos professores em buscar instrumentações mais eficazes para trabalhar este conteúdo em sala de aula, de forma mais atrativa e diferenciada. Então, nada melhor do que utilizar algo tão interativo e alternativo quanto a Música. Visto que, "a música e a letra podem estreitar o diálogo entre alunos, professores e conhecimento científico" (SILVEIRA e KIOURANIS - 2008). Nesse sentido, o trabalho teve como objetivo usara música como instrumento no ensino de funções inorgânicas com alunos do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Deodoro Mendonça na tentativa de melhorar o aprendizado destes alunos sobre ácidos, bases, sais e óxidos.

Palavras chaves

instrumentações; música; funções inorgânicas

Introdução

A Música e a Química, podem ser a combinação ideal para o professor que tem preocupação de estreitar o diálogo com o aluno em relação aos conteúdos a serem ministrados. Especialmente na química, determinados conteúdos do componente curricular do ensino básico, exigem uma abordagem diferenciada e construtiva para melhor aprendizado do aluno, diferentemente do habitual. Nesse sentido, a música pode ser um recurso diferenciado quando bem utilizado, na qual enfatizam Barreiro (1990): “a música permite fazer surgir em classe uma relação pedagógica distinta, igualitária e mais construtiva”. Ferreira (2002), afirma que “a música pode nos auxiliar no ensino de uma determinada disciplina, na medida em que, ela abre possibilidades para um segundo caminho que não é o verbal”.Dessa forma, o aluno pode sentir a fluência do conhecimento e entendê-lo através da música, sem as barreiras epistemológicas habituais, que circulam o ensino tradicional. Contudo, ao se trabalhar com a música no ensino de química, há ocorrência de algo bastante clichê,principalmente em pré-vestibulares, que é a memorização de conceitos pelos alunos através da letra, e que vai contra ao processo de aprendizagem. Por isso, as músicas produzidas devem possuir letras que levem o discente a refletir sobre a dimensão e consequências que o assunto pode envolver, e não apenas ao conceito teórico relacionado a ele. Logo, com a introdução de contextualizações e problematizações a letra deixa de ser puramente teórica e passa a ser bem mais abrangente dentro da realidade do aluno. Sendo assim,este trabalho teve como objetivo facilitar o processo ensino- aprendizado de funções inorgânicas com o auxílio da música de forma diferenciada, onde o aluno aprenda o conteúdo e suas aplicações e não apenas memorize conceitos.

Material e métodos

O trabalho foi desenvolvido junto ao PIBID e dividido em dois grandes momentos pedagógicos: no primeiro, a composição das letras para as músicas e no segundo a socialização em sala de aula. Neste primeiro momento, houve a revisão dos conceitos químicos que envolvem o assunto de funções inorgânicas e após esta revisão bibliográfica foram compostas quatro músicas, uma para cada função (ácidos, bases, sais e óxidos). Sendo que em todas as músicas, foram utilizadas contextualizações e problemáticas que envolvem o assunto, tais como chuva ácida, combate a problemas estomacais, poluição gasosa, hipertensão e entre outros. Dentre as quatro músicas que foram compostas,duas músicas foram autorais e as outras duas foram paródias das músicas "Que país é esse?"/Legião Urbana e "A conquista"/Wanderley Andrade. Segue o nome e a função inorgânica de cada música composta: 1.“Ácido é demais!” (Ácidos/Autoral); 2.“Uma tal de Hidroxila” (Bases/Autoral); 3.“Que composto é esse?” (Sais/Paródia); 4.“Estudar óxidos pra quê?” (Óxidos/Paródia). No segundo momento, houve a socialização das músicas em sala de aulacom os alunos do 3º ano do ensino médio, divididos em dois domingos consecutivos, para a revisão do assunto de funções inorgânicas. No Primeiro domingo foi trabalhado o assunto sobre ácidos e bases, e no domingo subsequente sais e óxidos. As aulas expositivas tiveram abordagens contextualizadas dos assuntos (ácidos, bases, sais e óxidos) e foram auxiliadas pelo recurso musical. As músicas foram cantadas no início de cada aula,na tentativa de familiarizar a letra com a turma e o conteúdo a ser trabalhado naquela função inorgânica. Em seguida, se iniciava de fato a aula expositiva, e no final destaeram resolvidos exercícios e cantado pela ultima vez a música da função para revisão do conte

Resultado e discussão

Avaliação deste trabalho foi realizada através da análise de questionário, baseado nas impressões que os discentes expuseram sobre as aulas cantadas. Cada questionário continha quatro perguntas (uma objetiva e três subjetivas). As duas primeiras perguntas eram respondidas antes de iniciar a aula e as outras perguntas no final. Com base no questionário, frequentaram as quatro aulas cantadas uma média de 39 alunos das turmas do 3ºano da Escola Estadual Deodoro de Mendonça, distribuídos nos dois finais de semana. As duas primeiras perguntas do questionário buscavam conhecimento prévio dos alunos sobre os assuntos a serem abordados. Foi verificado que grandes partes dos alunos já haviam estudado regularmente o conteúdo de funções inorgânicas. Contudo, muitos destes não conseguiram expor conhecimentos prévios do assunto quando foram perguntados no questionário. Houvealunosque já haviam tido contato com o conteúdo, afirmando que "não sabiam nada" ou que "não tinham entendido". Isso mostra uma deficiência no processo de ensino e aprendizagemde funções inorgânicas. Dentre todas as funções, a função óxidos foi a que mais houve abstinência por parte dos alunos. A Figura 1 mostra o percentual de alunos que não conseguiram expor conhecimentos prévios sobre óxidos. A outra parte na análise dos questionários foi sobre a eficácia da utilização da música como recurso didático. A partir das impressões dos alunos contidas nos questionários, se corroborou que a música de fato foi proveitosa no processo ensino-aprendizagem das funções inorgânicas,onde muitos alunos expressaram sua satisfação em conseguir compreender melhor o assunto com o auxílio das músicas. Baseado nestes dados, a Figura 2 mostra o percentual de alunos que acharam proveitoso a utilização da música nas aulas.

Figura 1

Percentual de alunos que não conseguiram relatar seus conhecimentos sobre óxidos.

Figura 2

Percentual de aceitação dos alunos que conseguiram compreender melhor o conteúdo com o auxílio da música.

Conclusões

O desenvolvimento das aulas tendo a música como abordagem de conhecimento químico, proporcionou aos discentes do 3º ano da Escola Estadual Deodoro de Mendonça, vinculada ao PIBID de Química/UFPA, um momento pedagógico distinto,na qual, estes alunos puderam aprender sobre os conceitos químicos, contextualizações e problematizações no cotidiano relacionado às funções inorgânicas, de forma interativa e diferenciada. Onde, a música atuou como elo de ligação do conhecimento, proporcionando um proveitoso aprendizado deste conteúdo, corroborado pelo relato dos alunos.

Agradecimentos

À CAPES (PIBID/Química/UFPA) e a Escola Estadual Deodoro de Mendonça.

Referências

1- BARREIRO, C.M. Las canciones como refuerzo de lãs cuatro destrezas, Bello, P. A. Feria, etal. Didáctica de lãs segundas lengua. Estrategias y recursos básicos; Madrid; Santillena, 1990.
2- FEREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. 2ª Edição. São Paulo, Editora Contexto, 2002.
3- FOUREZ, G. Crise no ensino de Ciências?. Investigações em Ensino de Ciências, V8(2), pp. 109-123, 2003.
4- SILVA, A. D. L. DA; WATANABE, L. A.; FERREIRA, W. P. A importância da contextualização no ensino de química. 51º Congresso Brasileiro de Química. São Luiz, 2011.
5- SILVEIRA, M.P. da; KIOURANIS, N.M.M. A música e o Ensino de Química. Química Nova na Escola. Nº 28. Maio 2008.

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