Materiais alternativos na experimentação - Facilitando a prática educativa

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Mota, F.A.C. (IFAM)

Resumo

A situação do ensino em ciências no Brasil mostra a necessidade de comprometimento dos atores participantes para atingir-se qualidade. Para Vygotsky, esse processo solicita interação e mediação fazendo uso de recursos didáticos. Artigos que sugerem atividades práticas com materiais alternativos, publicados no periódico Química Nova na Escola de 2006 a 2016 foram categorizados e analisados. A metodologia constou na leitura dos resumos de todos os artigos e na leitura integral dos artigos selecionados. O Ensino médio é o nível escolar mais solicitado e o conteúdo mais utilizado é bioquímica. A maioria dos trabalhos concentram-se no eixo Sul-Sudeste, ficando clara a necessidade de pesquisas nas outras regiões.

Palavras chaves

materiais acessíveis; aulas práticas; ensino em química

Introdução

A situação atual no ensino em ciências no Brasil sugere que há muito a ser feito para haver equiparação com países que se destacam na área científica tradicionalmente, como EUA, França, Reino Unido e Alemanha. No entanto, essa situação parece não ser atual. Hennig (1998) descreve a situação do ensino de ciências dos antigos 1° e 2° graus como “não alcançou a fase definitiva de conseguir desenvolver capacidades, com orientação objetiva para a real formação do educando”. Em relação ao Ensino em química, muitas iniciativas têm contribuído para motivar o professor a procurar alternativas para atingir o aluno. Grupos de pesquisa na área como o GEPEQ (Grupo de Pesquisa em Educação Química - IQ/USP), GIPEC (Grupo de Pesquisa sobre Educação em Ciências – UNIJUI), GPEQSC (Grupo de Pesquisa em Educação química – IQSC), entre outros, tem pesquisado, elaborado e disponibilizado seus trabalhos gratuitamente. Esses trabalhos envolvem produção de material didático, sugestão de aulas práticas, artigos, etc (GEPEQ, 2015; GIPEC, 2015; GPEQSC, 2015). Muitos profissionais sabem da necessidade do papel do aluno ativo no processo ensino e aprendizagem e que o livro didático não pode constar como único material nesse momento. Muitos materiais costumam, pelos seus preços, serem inviáveis. Nesse momento, materiais de uso comum (garrafas plásticas, materiais de limpeza, etc) podem apresentar muito potencial para otimizar ou mesmo viabilizar o processo de ensino e aprendizagem. Este trabalho de pesquisa apresenta as sugestões de uma série de experimentos que usam materiais que se tornaram didáticos pelas mãos de docentes habilidosos, sempre com materiais de fácil disponibilidade e baixo custo. Estes trabalhos foram publicados nos últimos 10 anos (2006 a 2016) no periódico Química Nova na Escola

Material e métodos

Este trabalho consiste de uma revisão de artigos que sugerem atividades de experimentação com uso de materiais alternativos. Neste sentido, a metodologia adotada tem como aporte teórico a abordagem qualitativa de pesquisa, obedecendo três etapas: a) Leitura de todos os resumos e palavras-chave dos artigos da revista Química Nova na Escola no período de 2006 até o segundo número de 2016; b) A partir das leituras dos resumos, os artigos que incluíam atividades experimentais como sugestões foram pré-selecionados e foram feitas as leituras de seus textos completos; c) Após a leitura, foi realizada a etapa de unitarização e categorização das unidades de significados, adotando-se como referencial os descritores e focos temáticos descritos por Megid Neto (1999) e Franscisco (2006).

Resultado e discussão

A participação ativa do aluno no processo de ensino e aprendizagem é consenso entre professores/pesquisadores. Essa participação solicita o uso de signos, que de acordo com Vygotsky, faz parte do aprendizado. 36 artigos tratam da temática, com média de 3,6 trabalhos por ano (em 2012 nenhum trabalho foi publicado e em 2009, 2010 e 2014 apenas 1 trabalho por ano foi publicado), então percebe-se uma frequência inconstante de publicações na área, necessitando-se de mais atenção. A maioria dos artigos (26) não cita o uso com alunos. Como Vygotsky (1996; 1998) foca mais no processo do que no fim, entende-se que é essencial que os alunos devam estar envolvidos em todo o processo das atividades experimentais. Nenhum trabalho relacionou suas sugestões de atividades práticas a alguma teoria de aprendizagem, o que traria incremento às práticas, o que empobrece as propostas. Os descritores foram categorizados e estão disponíveis na Tabela 1: Em relação aos descritores: a) A maior parte foi desenvolvido no Sudeste (23) e no Sul (7). Essa discrepância evidencia a necessidade de incremento nessa área de pesquisa nas outras regiões assim como mais comprometimento de professores/pesquisadores. O número muito superior de instituições de ensino superior nas regiões Sul-Sudeste explica em parte essa disparidade. b) O Ensino Médio foi o nível escolar mais solicitado (32). O fato de adolescentes serem mais afeitos ao lado lúdico destas práticas do que graduandos e de muitos professores serem profissionais de nível médio deve explicar essa proporção e c) Conteúdos como bioquímica é o mais utilizado nas práticas (9), em seguida, análises químicas (4) e gases (4). A fácil disponibilidade em práticas que envolvem alimentos deve explicar essa preferência por bioquímica.

Tabela 1

Trabalhos selecionados que utilizaram materiais alternativos em atividades experimentais com uso didático.

Continuação da Tabela 1

Trabalhos selecionados que utilizaram materiais alternativos em atividades experimentais com uso didático.

Conclusões

Este trabalho não teve o objetivo de esgotar a exposição de trabalhos publicados com sugestão de atividades práticas com materiais alternativos, apenas mostrar o nível de imaginação de muitos pesquisadores/professores quando se propõem a incrementar aulas, priorizando materiais que sejam acessíveis a todos que leem os artigos, independentemente dos recursos materiais disponíveis naquele ambiente, sendo uma preocupação de todos os autores. Nada impede que o leitor faça uso dessas informações para usar, adequar e experimentar novas propostas.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, IFAM.

Referências

FRANCISCO, Cristiane Andretta. A produção do conhecimento sobre o ensino de Química no Brasil: Um olhar a partir de Reuniões Anuais da Sociedade Brasileira de Química. 2006, 132 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
GEPEQ (Grupo de Pesquisa em Educação Química). Disponível em: < http://gepeq.iq.usp.br/>. Acesso em 03/2016.
GIPEC (Grupo de Pesquisa sobre Educação em Ciências). Disponível em: <http://www.projetos.unijui.edu.br/gipec/>. Acesso em 03/2016.
GPEQSC (Grupo de Pesquisa em Educação química – IQSC). Disponível em: <http://www.gpeqsc.com.br/>. Acesso em 03/2016.
HENNIG, G. J. Metodologia do Ensino de Ciências. 3. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998.
MEGID NETO, J. Tendências de pesquisa acadêmica sobre o ensino de ciências do nível fundamental. 1999, 365 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martim Fontes, 1998.

Patrocinadores

CAPES CNPQ FAPESPA

Apoio

IF PARÁ UFPA UEPA CRQ 6ª Região INSTITUTO EVANDRO CHAGAS SEBRAE PARÁ MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI

Realização

ABQ ABQ Pará