Super Choque e eletroquímica: construindo o pensamento cientifico através de um desenho animado.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Santanna, J.S. (UNIFESSPA) ; Leder, P.J.S. (UEPA) ; Gama, V.J.P. (UNIFESSPA) ; Santiago, J.C.C. (UEPA)

Resumo

Este trabalho apresenta uma analise da compreensão do conceito de Eletroquímica por estudantes do 2°ano do ensino médio, com foco no uso de analogias na abordagem do conteúdo escolar, foram utilizados como ferramentas de contextualização fatos do cotidiano dos alunos e a análise dos poderes do super-herói Super Choque. Como instrumento de pesquisa foram utilizados dois questionários com cinco questões sobre Eletroquímica e uma questão especifica sobre o uso de analogias. A análise dos dados obtidos mostrou que a metodologia utilizada é válida, pois os objetivos do trabalho foram alcançados e na avaliação dos alunos 87% avaliaram a mesma como Excelente.

Palavras chaves

Ensino de Química; Analogias; Eletroquímica

Introdução

A Eletroquímica é um conteúdo estudado no segundo ano do Ensino Médio, que abrange todos os processos químicos que envolvem transferência de elétrons, esses processos podem ser espontâneos (pilhas e baterias) ou não espontâneos (eletrólise) (FONSECA, 2013). Não é difícil relacionar esse conteúdo com o cotidiano dos alunos, visto que estamos cercados de aparelhos que precisam da aplicação dos conceitos de eletroquímica para seu funcionamento. No entanto, deve-se tomar cuidado para que os estudantes não acabem por apenas resolver problemas sem, de fato, entende-los conceitualmente (SILVA, 2010). Freitas (2011) relata que o uso de analogias no ensino de química e em outras áreas é uma prática antiga, mas que tem ganhado visibilidade em pesquisas relacionadas à educação devido à importância do processo de construção do conhecimento, sendo um instrumento que apresenta grande potencial para o desenvolvimento das capacidades cognitivas. Os livros didáticos apresentam algumas analogias com o intuito de auxiliar o aluno na compreensão dos conteúdos abordados, porém é necessário que o professor se atente à realidade na qual o aluno está inserido e se as analogias contidas nos livros serão compreendidas pelo mesmo. Rezende (2007) aponta que as dificuldades dos alunos do Ensino Médio em compreender e analisar conceitos químicos pode está relacionada às analogias presentes nos livros didáticos. Nessa perspectiva o presente trabalho teve como objetivo estimular que os alunos, tendo conhecimento dos conceitos de pilhas, baterias e eletrólise, fossem capazes de discutir se os poderes de um super-herói (Super Choque) - que possui o poder de gerar, controlar e manipular a eletricidade – estão relacionados aos conteúdos estudados.

Material e métodos

Esse trabalho foi realizado a partir de um projeto de intervenção desenvolvido no componente curricular Estágio Supervisionado em Licenciatura em Química, com o objetivo de analisar a compreensão dos conceitos de pilhas, baterias e eletrólise, por estudantes do ensino médio, com ênfase no uso de analogias. A pesquisa foi realizada no decorrer de cinco semanas (cinco aulas), enquanto a professora responsável pela turma ministrava o conteúdo. As aulas foram ministradas pela professora juntamente com a estagiária da seguinte forma: Na primeira aula a estagiária levou alguns episódios do desenho animado em questão para que a turma assistisse e a professora introduziu o conteúdo; na segunda aula a professora continuou o conteúdo; na terceira aula a professora conclui a parte de reações espontâneas e a estagiária aplicou um questionário; na quarta aula a professora iniciou o conteúdo de eletrólise e, junto à estagiária, propiciou aos alunos um momento de reflexão no qual os mesmo deveriam, com base nos conceitos estudados até então, analisar se o personagem, Super Choque, comportava-se como uma pilha ou como uma bateria; na quinta aula a discussão iniciada na aula anterior teve continuidade, agora sendo respaldada por cenas do desenho animado, ao final aplicou-se um segundo questionário, que continha seis questões, sendo cinco de cunho subjetivo, aonde os alunos deveriam relacionar os conceitos de eletroquímica com o desenho animado e uma questão de cunho subjetivo, onde os alunos deveriam avaliar o instrumento utilizado como complemento no processo de ensino-aprendizagem. Os questionários foram elaborados com base no trabalho de Goldenberg (1997), visando investigar questões que estão ligadas à subjetividade dos indivíduos, como sentimentos, crenças e motivações.

Resultado e discussão

Para a interpretação dos dados levou-se em consideração três questões aplicadas nos questionários- questão numero 4 do questionário 1 e questões 4 e 5 do questionário 2. Para preservar o anonimato dos estudantes os mesmos foram identificados por letras e números (exemplo: A1). As perguntas do primeiro questionário pretendiam que os alunos relacionassem os conceitos de eletroquímica com fatos do cotidiano dos mesmos. As perguntas do segundo questionário pretendiam que os alunos fossem capazes de relacionar os conceitos de eletroquímica com fatos cotidianos e com os poderes do super- herói em questão. Quando questionados sobre o funcionamento de pilhas comuns secas (questão 4; questionário 1): A20: “ocorre transferência de elétrons no interior da pilha, que tem um ânodo, um cátodo e eletrólitos, igual a pilha de Daniell. São processos irreversíveis, por isso elas param de funcionar”. As respostas para essa questão demonstram que os alunos compreenderam o que vem a ser uma pilha e como ela funciona, porém também é possível perceber que os mesmo não conseguiam relacionar bem o funcionamento da pilha comum seca utilizada em controles remotos com os conceitos abordados. Quando questionados sobre a relação dos poderes do Super Choque e os conceitos estudados (questão 4; questionário 2): A17: “Eu acredito que o Super Choque funciona como uma bateria, porque em um dos episódios que nós assistimos ele ficou fraco e usou a energia elétrica pra se recarregar, então eu acredito que ele não é uma pilha porque as pilhas não podem ser recarregadas”. Na questão 5 do questionário 2 os alunos deveriam avaliar a metodologia utilizada como Ruim, Boa ou Excelente; 87% dos alunos avaliaram a metodologia como Excelente e 13% avaliaram a metodologia como Boa.

Gráfico 1

Média das respostas para as perguntas do questionário 1.

Gráfico 2

Média das respostas dos alunos para o questionário 2

Gráfico 3

Avaliação dos alunos acerca da metodologia utilizada.

Conclusões

A partir das análises obtidas podemos considerar o uso de analogias como uma ferramenta útil no processo de ensino e aprendizagem, contudo é de suma importância gerar situações que propiciem aos estudantes participar da construção das analogias e possam enxergar a aplicação dos conteúdos estudados tanto em fatos do cotidiano real dos mesmos, quanto em eventos de ficção cientifica que fazem parte de sua rotina, visto que os jovens estão sempre em contato com séries, filmes, jogos e livros que possuem personagem e/ou fenômenos que possibilitam a contextualização do ensino de química.

Agradecimentos

Referências

FONSECA, M. R. M.; Química / Martha Reis Marques da Fonseca. 1. ed. – São Paulo : Ática, 2013. Obra em 3 v. Bibliografia. 1. Química (Ensino médio) I. Título

FREITAS, L. P. S. R. O Uso de Analogias no Ensino de Química: Uma Analise das concepções de Licenciados do Curso de Química UFRPE. In: Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências – PPGEC da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. Recife, 2011.

GOLDENBERG, M. A Arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências. 3º Ed. Rio de Janeiro: Record, 1997.

REZENDE, F. S. Modelos Mentais de Átomos e Moléculas em Graduandos de Nutrição: Implicações para o Ensino Superior. 30ª reunião anual da SBQ, ED – 121, 2007.

SILVA, L. P.; LIMA, A. A.; SILVA, S. A. As Analogias no Ensino de Química: Uma Investigação de sua Abordagem nos Livros Didáticos de Química do Ensino Médio. In: XV Encontro Nacional de Ensino de Química (XV ENEQ) – Brasília, DF, Brasil – 21 a 24 de julho de 2010.

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