EXTRATO DE AÇAÍ: UMA ALTERNATIVA PARA DEMONSTRAÇÃO DA ACIDEZ E BASICIDADE DE SUBSTÂNCIAS

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Braga, E.M. (INSTITUTO FEDERAL DO AMAPÁ) ; Figueira, A.C. (INSTITUTO FEDERAL DO AMAPÁ) ; Lacerda, S.R. (INSTITUTO FEDERAL DO AMAPÁ) ; Sales, A.L. (INSTITUTO FEDERAL DO AMAPÁ) ; Santos, K.L.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ)

Resumo

O açaí é um alimento bastante presente na refeição dos habitantes da região amazônica e pode ser utilizado como indicador de pH. Assim, buscou-se demonstrar a mudança de coloração do indicador natural de pH feito com extrato do açaí, com objetivo de auxiliar no aprendizado dos alunos. Esta atividade foi realizada como intervenção dos bolsistas do PIBID em duas turmas de 1º ano do ensino médio (41 alunos no total) por meio de aula teórica-experimental e aplicação de questionário misto. A análise dos dados constatou que 87% dos alunos responderam corretamente todas as perguntas propostas sobre o tema, apenas 9% ficaram com dúvidas e 100% fizeram considerações positivas sobre a prática realizada. O assunto ministrado em sala de aula somado a prática mostrou-se eficaz na compreensão do tema.

Palavras chaves

INDICADOR NATURAL; AULA PRÁTICA; PIBID

Introdução

O açaí, cuja espécie botânica é conhecida como Euterpe oleracea é um alimento bastante presente na refeição da maioria dos habitantes da região amazônica (LIMA, 2012). Conforme Cunha et al (2011), esse pequeno fruto é rico em fonte de Antocianinas, que são antioxidantes derivados da cor roxa, que podem ser utilizados como indicador de pH, devido sua mudança de coloração em meio ácido, neutro e básico. Os indicadores naturais de pH, como o extrato de açaí, podem ser considerados de extrema importância para oferecer maior facilidade de compreensão dos conceitos químicos sobre o tema, já que envolve o uso de poucos reagentes, materiais e também possuem baixo custo. Nas escolas de ensino médio, os alunos normalmente têm acesso aos conteúdos de Química de forma mais específica e direta, sendo importante a intervenção do professor com aulas práticas para torná-las mais atrativas. Então, a execução de experimentos pode funcionar como uma alternativa de facilitar a compreensão do assunto abordada. Segundo Giordan (1999), a experimentação influencia significativamente na compreensão de conceitos químicos outrora incompreensivos para muitos alunos, pois prioriza o contato dos alunos com os fenômenos químicos, possibilitando ao aluno a criação de ideias que tenham sentidos para ele, a partir de suas próprias observações. Tendo em vista que muitas escolas e professores se veem impossibilitados de realizar aulas práticas devido à falta de estrutura e materiais, este desenvolveu de forma simples e alternativa, um experimento que demonstrasse a mudança de coloração de um indicador natural de pH feito com extrato do açaí, com objetivo de auxiliar no aprendizado do conteúdo.

Material e métodos

Esta atividade foi realizada como intervenção dos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) na escola Estadual Rivanda Nazaré da Silva Guimarães, no município de Macapá-AP, em duas turmas de 1º ano do ensino médio, composta por 25 alunos cada. O extrato de açaí utilizado foi produzido pelos bolsistas no dia anterior, para isso, fez-se uma solução de 100 ml de álcool e 100 g de açaí e filtrou-se em um papel filtro para um recipiente com conta-gotas. No dia da execução, após explanação teórica sobre o conteúdo de ácidos e bases, cinco bolsistas intervieram com o procedimento experimental em uma aula de 50 min em cada turma. O experimento foi realizado no refeitório da escola com substâncias usadas no cotidiano e levadas pelos próprios alunos. Em cada turma, os alunos foram divididos em quatro grupos e para cada grupo foram entregues 9 copos descartáveis com diferentes substâncias para identificação de pH. Participaram da intervenção o total de 41 alunos. As substâncias utilizadas foram: açúcar, vinagre, detergente, sabão em pó, suco de limão, bicarbonato de sódio, água sanitária, leite e água. Cada grupo diluiu as substâncias até completar 50 mL de solução (Figura 1). Com as soluções prontas, os componentes dos grupos pingaram, com o auxílio do conta-gotas, aproximadamente 10 gotas de extrato de açaí em cada copo. Após a adição do indicador, os alunos observaram a mudança de coloração das soluções (Figura 2) e, com o auxílio de uma tabela contendo a cor específica de cada nível de acidez e basicidade, fizeram a identificação do pH das soluções propostas. Finalizado o procedimento, aplicou-se um questionário com 4 questões mistas, com intuito de verificar o nível de compreensão do tema e as opiniões sobre a abordagem experimental.

Resultado e discussão

Com os dados obtidos através da aplicação do questionário e observações dos bolsistas, verificou-se que a abordagem teórica em conjunto com a realização do experimento serviu de forma significativa para a aprendizagem, pois 87% dos alunos conseguiram responder corretamente todas as questões propostas sobre o tema e apenas 9% ficaram com dúvidas. Ao analisar os comentários, percebeu-se que 100% fizeram considerações positivas sobre a prática realizada, comentando sobre uma melhor compreensão e associação dos conhecimentos teóricos ao fenômeno ocorrido. O trabalho experimental torna-se importante por diferentes aspectos, pois traz significado às teorias que foram estudadas, tornando-as claras, não para serem comprovadas, mas para serem compreendidas e discutidas. (REGINALDO; SHEID; GÜLLICH, 2012). Apesar de simples, alguns alunos tiveram dificuldades em definir a coloração exata da solução com detergente e sabão em pó, ao compará-las com a tabela, fato justificado pela presença de corante e alta concentração das substâncias na solução. Porém, os alunos se mostraram atentos e interessados na identificação de cada pH. Ao utilizar um indicador produzido através do açaí, obteve-se a atenção por ser um alimento presente no dia a dia deles, ser de baixo custo e de fácil preparação. Vale ressaltar que, conforme sugestões contidas no questionário, 68% dos alunos têm vontade de fazer mais experimentos para compreensão dos assuntos de química, mas a escola não possui um espaço apropriado e os professores não costumam trabalhar com aulas práticas. Dessa maneira, nota-se que a atividade experimental proposta foi importante para explicitar que a teoria ministrada durante as aulas pode ser demonstrada através de práticas simples, utilizando materiais alternativos e de fácil acesso.

Copos contendo substâncias diluídas.Fonte: Bolsistas PIBID


Soluções após a mudança de coloração. Fonte: Bolsistas PIBID

Conclusões

Através dos relatos obtidos, notou-se que, de modo geral, eles tiveram facilidade em concluir quais as substâncias eram ácidas e quais eram básicas, mostrando que o experimento foi de fácil execução, podendo ser realizado outras vezes em sala de aula com outras substâncias também do cotidiano dos estudantes. Então, a associação do conteúdo ministrado em sala de aula com a atividade prática mostrou-se bastante importante e eficaz para o entendimento do tema abordado, sendo possível observar o interesse aguçado dos alunos com relação ao desenvolvimento do experimento proposto.

Agradecimentos

Agradecemos a Escola Rivanda Nazaré que nos abriu espaço para a execução do PIBID.

Referências

CUNHA, A. H. M.; SILVA, K. P.; SANTOS, K. G. R.; SANTOS, J. L. S.; SILVA, S. H.; SOUZA, D. C. R.O açaí como um indicador ácido-base. In: Simpósio de Bases Experimentais das Ciências Naturais, 5. Universidade Federal do ABC. São Bernardo dos Campos, 2011. Resumos... São Bernardo dos Campos: UFABC, 2011. Disponível em: < http://becn.ufabc.edu.br/guias/processos_transformacao/resumo/PT_C_D_01.pdf >. Acesso em: 07 jun. 2016.

GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química Nova na Escola, n. 10, p. 43-49, 1999.

LIMA, C. P.; Estudo fitoquímico, bromatológico e das propriedades biológicas de frutos de Euterpe Edulis Martius (Arecaceae). Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Federal do Paraná, UFPR, Curitiba, 2012. Disponível em: <http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/29278/R%20-%20T%20-%20CRISTINA%20PEITZ%20DE%20LIMA.pdf?sequence=1>. Acesso em: 26 jul. 2016.


REGINALDO , C. C.; SHEID, N. J.; GÜLLICH, R. I. C. O Ensino de Ciências e a Experimentação. IX Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul, 2012. . Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/view/2782/286>. Acesso em: 27 jul. 2016