CONSTRUÇÃO DA GALERIA DE IDEIAS COM MAPAS CONCEITUAIS PARA ESTUDAR A ABORDAGEM CTS NO ENSINO DE CIÊNCIAS

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Leão, M.F. (IFMT) ; Garcês, B.P. (IFMG) ; Silva, D.H. (IFMT) ; Vasconcelos, E.L.A. (IFMT)

Resumo

O objetivo desse estudo é relatar o desenvolvimento de duas estratégias de ensino utilizadas nas aulas do Curso de Especialização em Ensino de Ciências do IFMT Campus Confresa para estudar a abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). As estratégias escolhidas foram os mapas conceituais e a galeria de ideias. As aulas dessa disciplina ocorreram em fevereiro de 2016 e envolveram 49 estudantes do curso. Anteriormente foram selecionados 7 artigos científicos sobre a temática para dar suporte teórico a essa atividade. Essas estratégias colaborativas foram desenvolvidas visando promover leituras, síntese de conteúdo, discussões em grupos e interação entre os pós-graduandos. A socialização permitiu um momento rico em trocas de experiências entre pares e a elaboração conceitual mais rica.

Palavras chaves

Estratégia de ensino; Gallery Walk; Ensino de Ciências

Introdução

A educação desvinculada da realidade, pautada em formas tradicionais de ensino que priorizam a memorização, os resultados e o individualismo, desmotiva os estudantes por não apresentar atrativos e não responder a suas inquietações e necessidades (LEÃO, 2014). A educação vive momentos de incertezas, pois reproduz discursos que se traduzem em uma pobreza de práticas(NÓVOA, 2009). Por isso é necessária uma formação de professores construída dentro da profissão, ou seja, repensar a prática em si. Outro fator a ser considerado é que ensino de ciências tem se deparado com verdadeiros desafios com o desenvolvimento científico e tecnológico.Tais mudanças podem influenciar na qualidade de vida das pessoas de forma positiva ou negativa, bem como na convivência social. Estas características são reforçadas por Santos (2007), ao afirmar que os avanços científicos e tecnológicos afetam diretamente as relações entre os indivíduos. Neste sentido, torna-se necessário que a educação viabilize, por meio de suas práticas, abordagens que evidenciem a dimensão social do desenvolvimento científico e tecnológico. Frente a esta problemática, o papel do professor é preferencialmente o de ensinar a perguntar em vez de fornecer respostas (DEMO, 2001). Assim, é indicado que o professor desenvolva estratégias de ensino que favoreçam a construção colaborativa de conhecimentos, dentre elas os mapas conceituais e a galeria de ideias. Mapas conceituais são compreendidos como esquemas gráficos para representar a estrutura básica de um conhecimento ou parte dele. Já a galeria de ideias(Gallery Walk) é uma atividade que estimula a autonomia e possibilita a construção de aprendizagens entre os pares, por ser um trabalho em equipe que explora a comunicação efetiva (LEÃO;GARCÊS, 2016).

Material e métodos

O presente estudo caracteriza-se como relato de experiência, de caráter descritivo e exploratório. Seu caráter mais informal possibilita utilizar no texto uma linguagem que dá, muitas vezes, mais vida e significado para leitura do que a utilizada num texto puramente analítico (MEDEIROS, 1997). Essas atividades ocorreram em fevereiro de 2016, durante a disciplina de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) do Curso de Especialização em Ensino de Ciências do IFMT Campus Confresa e envolveram 49 estudantes do curso. Foi solicitado que constituíssem livremente grupos com 7 sete integrantes. Cada grupo recebeu as 7 cópias de um mesmo artigo sobre a temática (os artigos eram específicos para cada grupo), sendo que as cópias estavam numeradas de 1 a 7 no verso da última folha de modo que ninguém soubesse. Foi solicitada a leitura dos textos e que fossem destacando as palavras chaves e ideias principais dos mesmos. Para sistematizar o aprendizado, foi solicitada a produção coletiva por grupo de um mapa conceitual contendo as palavras chaves destacadas. Os mapas conceituais foram construídos utilizando papel pardo e pincéis coloridos (conforme ilustra a Figura). Todos eles foram expostos na forma de cartazes e fixados nas paredes do corredor do IFMT, distribuídos no formato de uma galeria de arte. Em seguida, os grupos foram reagrupados conforme a numeração contidas no verso das cópias dos artigos, de forma que cada novo grupo tivesse pelo menos um integrante dos grupos anteriores (conforme ilustra a Figura). Cada estudante explicou o seu trabalho para os outros integrantes de seu novo grupo, e ao trabalhar com a rotatividade dos grupos, todos os estudantes tiveram a oportunidade de ouvir e explicar aos demais integrantes.

Resultado e discussão

Para o desenvolvimento dessas atividades, foi imprescindível a compreensão dos textos de Attico Chassot, Anna Maria Pessoa de Carvalho, Décio Auler, Lúcia Helena Sasseron, Boaventura de Sousa Santos e Wildson Luiz Pereira dos Santos, que abordaram importantes temáticas, tais como: Educação científica, Letramento em química, Alfabetização Científica, Discursos sobre as ciências e Abordagem CTS. A elaboração colaborativa dos mapas conceituais auxiliou a extrair os conceitos mais relevantes e significativos dos textos, além de promover a discussão já entre os membros dos grupos. Isso promoveu uma elaboração conceitual mais rica. Essa sistematização com balões, setas, verbos e conceitos serviram para expressar as ideias organizadas de quem elaborou (LEÃO; GARCÊS, 2016). Percebeu-se, pelos mapas apresentados, que os estudante apresentaram suas proposições partindo dos conceitos inclusivos aos específicos e que as informações foram apresentadas de uma maneira lógica e sequencial. Constatou-se também que o tipo de mapa conceitual utilizado pela maioria dos estudantes (quase a totalidade), não diferiu do modelo denominado por Tavares (2007), como “teia de aranha”. Sobre a galeria de idéias (Gallery Walk), os estudantes se mostraram inicialmente surpresos pelo fato de que eles teriam que explicar ao novo grupo o mapa conceitual que construíram. Percebeu-se que esta atividade proporcionou aos estudantes mais tímidos a oportunidade de exercitar sua expressão oral. Todos se sentiram a vontade no momento da exposição, pois as explicações eram referente aos conceitos que estudaram e reelaboraram. Isso foi percebido pela desenvoltura dos estudantes quando questionados e quando externalizavam suas opiniões, pensando por conta própria e sem tutelas (DEMO, 2001).

Formação dos grupos para atividade colaborativa

Parte superior: Esquema da formação de grupos de estudos e elaboração dos mapas. Parte inferior: Reagrupamento para socialização.

Mapa conceitual sobre a temática abordada.

O mapa de um dos grupos evidencia como as preposições foram organizadas contendo as principais palavras-chave do texto analisado.

Conclusões

O objetivo desse estudo foi alcançado. As duas estratégias de ensino para estudar CTS no Ensino de Ciências aqui relatadas permitem considerar que atividades colaborativas promovem leituras, síntese de conteúdo, discussões em grupos e interação entre os pós-graduandos. Assim sendo, as atividades colaborativas estimularam a interação social e proporcionaram um momento rico em negociação de significados e criticidade dos estudantes, além de favorecer para elaboração conceitual mais rica. Dessa forma, considera-se que utilizar mapas e galeria auxiliam no processo de construção do conhecimento.

Agradecimentos

Ao IFMT Campus Confresa que está possibilitando essa especialização de qualidade e pelo projeto de pesquisa “Momentos formativos para os Cursos de Especialização"

Referências

AULER, D. Alfabetização científico-tecnológica: um novo “paradigma”? ENSAIO – Pesquisa em Educação em Ciências, v. 5, n.1, 2003.
CHASSOT, A. Alfabetização Científica: questões e desafios para a educação. 5. ed. rev. Ijuí: UNIJUÍ, 2011.
DEMO, P. Saber pensar. 2. ed. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2001.
LEÃO, M. F.. Ensinar Química por meio de alimentos: possibilidades de promover Alfabetização Científica na Educação de Jovens e Adultos. 2014. Dissertação (Mestrado em Ensino). Programa de Pós-Graduação em Ensino – PPGEnsino. Centro Universitário UNIVATES. Lajeado.
NÓVOA, A.. Para uma formação de professores construída dentro da profissão. In: ______. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009. p. 25-46.
MEDEIROS, J. B. Redação Científica: a prática de fichamentos, resumos e resenhas. 3. ed.. São Paulo: Atlas, 1997.
SANTOS, W. L. P. dos. Educação científica na perspectiva de letramento como prática social: funções, princípios e desafios. Revista Brasileira de Educação v. 12 n. 36 set./dez. 2007.
SASSERON, L. H.; CARVALHO, A. M. P. de. ALMEJANDO A ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL: A PROPOSIÇÃO E A PROCURA DE INDICADORES DO PROCESSO. Investigações em Ensino de Ciências – v.13(3), p.333-352, 2008.
TAVARES, R. Construindo mapas conceituais. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, v.12, p.72-85, 2007. Disponível em: <http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v12/m347187.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2016.

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