OS PILARES DA ELETROQUÍMICA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA DE INTERFACE ENTRE A HISTÓRIA E O ENSINO DE QUÍMICA

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Maia, M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Silva, M.D.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Gomes, E.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Conceição, T.N. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; Reis, A.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

Este trabalho utilizou a História da Ciência como estratégia para favorecer o ensino e aprendizagem de química, visando à contextualização sócio cultural dos conteúdos, a natureza das ciências e seus aspectos históricos. Assim, foi realizada uma oficina intitulada “Pilares da Eletroquímica Moderna”, ressaltando a importância da construção do conhecimento científico. Ao final, os estudantes participantes responderam a um questionário sobre a importância da História da Ciência na prática docente. Diante disso, o objetivo do trabalho foi fornecer a interface entre a História e o Ensino da Eletroquímica.

Palavras chaves

História da Ciência; Ensino de Química; Eletroquímica

Introdução

O Ensino de Química praticado na educação básica possui algumas limitações como, a carência de experimentação e de relações com o cotidiano, a descontextualização, a desconsideração da História da Química, entre outros (Zanon e Maldaner, 2007). Tais limitações corroboram para o desinteresse dos alunos sobre conteúdos de química em sala de aula, por isso que a História da Ciência no Ensino de Química é fundamental, pois fornece um aprendizado contextual, social e cultural do assunto abordado, mostrando como o conhecimento científico se transfere dos laboratórios para as fábricas e transformam-se em instrumentos da tecnologia. “diferentemente de outras áreas da Química, que se preocupam com interações de átomo e moléculas, com dinâmica e mecanismo de transformações químicas, nós, da área da Educação Química, nos envolvemos com interações de pessoas”. (SCHNETZLER, 1981). Diante de tal argumento, é necessário caracterizar o campo da Educação Química como interdisciplinar, relacionando-a com teorias filosóficas, psicológicas, sociológicas, antropológicas, etc. Sendo assim, a abordagem histórica é um instrumento frutífero para educação cientifica.

Material e métodos

A oficina foi ministrada para 13 graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais com Habilitação em Química da Universidade do Estado do Pará no Centro de Ciências e Planetário do Pará em Belém desenvolvida em três etapas: Na primeira foi realizada uma explanação sobre Os Pilares da Eletroquímica Moderna abordando aspectos históricos e culturais, e os cientistas envolvidos no processo de construção do conhecimento e suas descobertas científicas. Na segunda etapa os graduandos foram separados em dois grupos para realizarem os experimentos. O primeiro experimento visou a construção de uma bateria, mas antes de construir a bateria os graduandos montaram três pilhas usando uma solução concentrada de hidróxido de sódio como eletrólito, fios de cobre e pedaços retangulares de lata de refrigerante que funcionaram como eletrodos. Os eletrodos foram interligados por um pedaço de fio de cobre com garras do tipo jacaré e a geração de energia elétrica foi verificada através de um multímetro. Após a construção das três pilhas, os graduandos as interligaram em série produzindo uma bateria. O segundo experimento foi feita a eletrólise aquosa do cloreto de sódio (sal de cozinha) utilizando 120 mL de solução saturada, sendo adicionado um indicador ácido-base natural extraído de repolho roxo. Os eletrodos de grafite foram conectados em uma bateria de 9V, com auxilio de fios de cobre e imersos na solução de cloreto de sódio gerando uma reação química, que foi evidenciada devido a presença do indicador ácida-base, que alterou a sua coloração devido a formação do hidróxido de sódio. Na terceira etapa foi entregue a cada graduando um questionário com perguntas abertas, com propósito de buscar sua visão sobre a História da Ciência.

Resultado e discussão

Conforme a avaliação dos questionários notou-se que todos os graduandos consideraram o uso da História da Ciência como ferramenta importante na prática docente, pois facilita a aprendizagem do conteúdo em sala de aula, tornando a disciplina mais atrativa e interessante. Em relação à questão de como a interface entre a História da Ciência e o Ensino de Química contribui para o ensino aprendizado da Eletroquímica Moderna, o graduando A relatou: “A História da Ciência constrói e ajuda o ensino a desmitificar a ciência como um produto acabado. O interessante é a abordagem contextualizada, o desenvolvimento da ciência e de quem contribui para tal. Além de facilitar e dar sentido ao que estudamos”. "Aprender ciências requer mais do que desafiar as idéias anteriores dos alunos, através de eventos discrepantes. Aprender ciências requer que crianças e adolescentes sejam introduzidos numa forma diferente de pensar sobre o mundo natural e de explicá-lo" (Driver et al., 1999, p. 36). Em relação à questão sobre a reprodução de uma pilha com materiais alternativos para a compreensão do aluno no processo de construção do conhecimento desenvolvido pelos cientistas, o graduando B relatou: “O aluno poderá visualizar e experimentar um pouco da realidade que o cientista enfrentou, por meio dos experimentos realizados”. “À natureza do conhecimento científico, no qual se incluem discussões sobre a história e a Filosofia da Ciência para que o aluno a conceba como uma atividade humana socialmente contextualizada e em contínuo processo de construção” (Santos e Schnetzler, 2010). Nesse aspecto a História da Ciência em conjunto com a experimentação é um método que proporciona melhor assimilação do conteúdo tanto na parte teórica quanto na experimental, tornando o assunto significativo.

Conclusões

Utilizar a História da Ciência juntamente com a experimentação torna o ensino e aprendizado mais proveitoso para a educação científica, pois provoca nos alunos motivação para aprender o conteúdo abordado, desperta o interesse pela investigação e estimula a criatividade. Essa oficina serviu como base para que os futuros professores superem os obstáculos das limitações encontradas na educação básica e estabeleçam interfaces entre a História e o Ensino de Química.

Agradecimentos

Referências

DRIVER, R.; ASOKO, H.; LEACH, J.; MORTIMER, E. e SCOTT, P. Constructing scientific knowledge in the classroom. Educational Researcher, n. 7, p. 5-12, 1994. Tradução de MORTIMER, E. Construindo conhecimento científico em sala de aula. Química Nova na Escola, n. 9, p. 31-40,1999.

SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos; SCHNETZLER, Roseli Pacheco. Educação em Química. Compromisso com a cidadania. Ijuí: Unijuí, 2010.

SCHNETZLER, Roseli P. Um estudo sobre o tratamento do conhecimento químico em livros didáticos brasileiros dirigidos ao ensino secundário de química de 1875 a 1978. Química Nova, v. 4, p. 6–15, 1981.

ZANON, Lenir Basso; MALDANER, Otavio Aloisio (Ed.). Fundamentos e Propostas de Ensino de Química para a Educação Básica no Brasil. Ijuí: Unijuí, 2007.


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