OS ELEMENTOS QUÍMICOS PRESENTES NA PINTURA DOS BRINQUEDOS DE MIRITI: as tintas naturais e industrializadas

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ensino de Química

Autores

Ferreira, W.Q. (UFPA) ; Tolosa, F.E. (UFPA) ; Barbosa, J.C. (UFPA) ; Jesus, H.H.S. (UFPA) ; Pastana, V.S. (UFPA) ; Machado, J.R.C. (UFPA) ; Costa, B.P.F. (UFPA)

Resumo

O homem inserido em seu contexto cultural possui inúmeras possibilidades criativas expressas em saberes populares e conhecimento científico sistematizado. Este trabalho tem por objetivo compreender o processo de pintura dos brinquedos de miriti e suas modificações ao longo do tempo, da tintura natural para a industrializada. O brinquedo de miriti é a expressão do conhecimento, da arte e da cultura do povo de Abaetetuba-PA. Utilizou-se de metodologia do tipo qualitativa de cunho etnográfico. A técnica de pesquisa utilizada para a coleta de dados foi por meio de entrevista com um mestre artesão de brinquedo de miriti. Observa-se a importância de se utilizar os saberes populares da comunidade local como ferramenta para o processo ensino- aprendizagem e de valorização da cultura regional.

Palavras chaves

brinquedo de miriti; tintura; processo químico

Introdução

Torna-se indispensável ressaltar a importância da tradição e do artesanato na cultura e na vida de um povo, pois são eles que irão “acompanhar” o crescimento e o desenvolvimento desta determinada sociedade. Dessa forma, é primordial cultivar a permanência destes conhecimentos que permeiam a vida popular. Portanto, uma forte marca na cultura do povo abaetetubense (município do nordeste paraense, localizado a 101 km da capital do estado, Belém) são os pequenos e trabalhosos brinquedos de miriti. Ademais, o brinquedo de miriti passou de um contexto em que na “natureza” se encontrava a tintura, por exemplo, urucum ou açaí, matérias primas que compõe a diversidade da flora amazônica, para um contexto em que a facilidade e a qualidade das tintas industrializadas, se fizeram dominante. Dessa maneira, entender e esclarecer a mudança realizada no modo e nos produtos utilizados na pintura do brinquedo de miriti é objetivo deste trabalho. Nessa perspectiva, buscaremos compreender o contexto em que ocorreu tal mudança e a influência que a tinta industrializada realizou na cultura artesanal do povo abaetetubense.

Material e métodos

Esta pesquisa se produziu com a utilização de metodologias qualitativas de cunho etnográfico e metodologias bibliográficas. Como instrumentos de pesquisa foram utilizadas os seguintes apostes metodológicos: Gravações; Entrevistas; Filmagens e Questionários. E também, a presente pesquisa terá como sujeitos um artesão, o qual trabalha há mais de 20 anos confeccionando artesanato de miriti. Este foi escolhido pela competência e o vasto conhecimento sobre o assunto abordado na pesquisa. Somando a isto, uma dissertação de mestrado do ano de 2012 da Msc. Claudete do Socorro da Silva Quaresma, da Universidade do Estado do Pará (UEPA) que aborda a referida temática, contribuiu para a finalização deste projeto de pesquisa.

Resultado e discussão

No decorrer do ensino básico nas escolas, é ensinada aos alunos uma mentalidade histórica denominada de positivismo, que consistiu em um movimento intelectual na Europa e conceituou o conhecimento verdadeiro como sendo, apenas, o conhecimento científico. Dessa forma, como citado por Machado no texto “A implantação das ciências no Brasil um debate historiográfico”, em que ressalta o pensamento de Basalla, expõe a seguinte mentalidade: “(...) a difusão da ciência moderna tem sido trabalhada como uma das facetas do processo de expansão europeia, portanto marcada pelas relações de poder que se instituíram entre as diferentes regiões do globo, em especial entre metrópoles e colônias. Entretanto, é fundamental salientar que, muitas culturas, como é o caso do brinquedo de miriti, acabam não sendo modificadas pelo sistema – capitalista – mas sofrem acréscimos, muitas vezes positivos, para o continuar da tradição, como por exemplo, a mudança entre a tintura natural para uma tinta industrializada na finalização dos brinquedos, pois visa atender uma exigência comercial. Ademais, Machado, no texto em que faz uma referencia à Lopes, ressalta que: “os saberes populares são os saberes associados ás praticas cotidianas”. Dessa forma, compreende-se o significado que os artesãos repassam ao demonstrar através de seus brinquedos de casas, barcos, igrejas, batedores de açaí, enfim, todos os elementos que compõem o cotidiano da sociedade em que eles estão inseridos. É importante frisar, ainda, que o saber popular, diferentemente, do saber cientifico, se dá pelo processo de aprendizagem prática, de observação,atenção, cuidado, enfim, no qual geração transmite para geração, com a finalidade de não deixar a cultura e a tradição de uma sociedade se perder e ser esquecida.

Conclusões

Em suma, compreendemos que a cultura do brinquedo de miriti está interligada com o avanço da industrialização, principalmente, no que se refere sua finalização, ou seja, a pintura. Por sua facilidade, o custo mais baixo e a aceitação por parte da população regional esta se inseriu com maior facilidade e rapidez. Nessa perspectiva, toda a técnica aprendida para pintar os brinquedos de miriti com as tintas naturais são utilizadas, também, na pintura dos mesmos com as tintas industrializadas.

Agradecimentos

Agradecemos a todos que contribuíram para a finalização deste trabalho, em especial ao professo Jorge Machado e ao artesão que compartilhou sua experiência e seus con

Referências

ALMEIDA, Maria da Conceição Xavier de. Previsões do tempo: ecossistema e tradição. Galante, n° 14, vol. 2, Ago. 2002. Fundação Hélio Galvão, Natal, RN.

DANTES, Maria Amélia M. A implantação das ciências no Brasil - um debate historiográfico. In Alves, José Jerônimo A. Múltiplas faces da história das ciências na Amazônia. Belém, UFPA, 2005.

GHASSOT, Attico. Procurando um ensino de ciências fora da sala de aula. In Alfabetização cientifica: questões e desafios para a educação. Ijuí, UNIJUÍ, 2000.

LUDKE, M e ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, EPU, 1986

MACHADO, Jorge. Métodos e técnicas de pesquisa qualitativa. Adaptado de: LUDKE, M e ANDRÉ, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, EPU, 1986.

SILVA, C.S.Q da. Brinquedos de Miriti: Educação, Identidade e Saberes Cotidianos. Dissertação de Mestrado. Universidade do Estado do Pará. Belém, 2012.

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