EXTRAÇÃO DO ÓLEO DAS SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L): RENDIMENTO EM FUNÇAO DO TIPO SOLVENTE

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Produtos Naturais

Autores

Bezerra, P.G.F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ - UEAP) ; Oliveira, P.F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ - UEAP) ; Morais, M.R.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAPÁ - UEAP)

Resumo

O presente trabalho propôs analisar o rendimento obtido na extração do óleo das sementes do mamão (Carica papaya L) em função do tipo de solvente. Primeiramente determinou-se a umidade inicial das sementes em estufa durante 24 h a 103 ± 2°C. A secagem das amostras foi realizada em um secador de leito fluidizado tipo túnel. Para o tratamento de secagem, utilizou-se temperatura de 38 °C ± 2 °C e velocidade do ar 2,0 m/s ± 0,2 m/s por um período de seis horas. Os resultados obtidos mostram baixo rendimento na extração feita com solventes polares quando comparados aos valores da literatura, cujas extrações são realizadas em sua maioria por solventes apolares. Os valores que mais se aproximaram destes foram os de extração com acetona em amostras maceradas.

Palavras chaves

extração; rendimento; óleo

Introdução

O mamoeiro (Carica papaya L.) é uma fruta nativa da América Tropical e distribuída em todas as áreas tropicais do mundo. Segundo Gomes (1989), no Brasil, as principais cultivares comercializadas são as do grupo Solo e do grupo Formosa, geralmente híbridas de origem asiática. Suas sementes que correspondem a 14,0% do peso do fruto e podem ser utilizados para extração de óleo para fins farmacêuticos, com rendimentos industriais de 25,0% (MARTIN et al., 1989). Marfo et al., (1986) e Puangsri et al., (2005) fizeram a caracterização da composição do óleo dessas sementes, revelando que elas são ricas em proteínas (27,3-28,3%) e lipídios (28,2-30,7%). O óleo presente chegar a ser superior a de algumas oleaginosas, como a soja e o algodão, cujos teores estão em torno de 18 a 20% (MORETTO; FETT, 1998). Em seu estudo Malacrida et al., (2011) a fim de identificar os principais ácidos graxos, tocoferóis e carotenoides, mostrou que no óleo das sementes de mamão (Carica papya L.) há elevada quantidade de ácido oleico (71,30%) e palmítico (16,16%), além de linoleico (6,06%) e esteárico (4,73%). Os principais tocoferóis predominantes foram o α e δ-tocoferol, e β- criptoxantina e o β-caroteno foram os carotenóides quantificados. Para a extração de óleo vegetais um dos métodos aplicado é extração com solventes apolares com ponto de ebulição de até 70ºC, sendo essa realizada com hexano ou éter de petróleo (GOMEZ et al., 1996). Fatores como o tipo de solvente, e granulometria das sementes podem influenciar no rendimento da extração. Desta forma, este trabalho tem como objetivo comparar o rendimento obtido na extração do óleo das sementes de mamão inteiras e maceradas, a partir de dois solventes com polaridades distintas.

Material e métodos

O experimento foi realizado nos Laboratórios de Resistência e Tecnologia dos Materiais e Laboratório de Química Orgânica pertencente à Universidade do Estado do Amapá (UEAP), no município de Macapá-AP. O mamão foi obtido no mercado local, oriundo do interior do munícipio. As sementes foram extraídas manualmente dos frutos e transferidas para uma peneira de malha de nylon, na qual foram limpas por fricção de uma palha de aço com as malhas da peneira, em água corrente, até a remoção total da sarcotesta e restos placentários. O teor de água foi determinado após a seleção do material e ao final do processo de secagem, a partir do método gravimétrico adotando-se a metodologia recomendada pela ASABE (2010), mantendo o material em estufa com circulação forçada do ar a uma temperatura de 103 ± 2 °C, durante 24 h. A secagem das sementes foi realizada em secador de leito fluidizado tipo túnel, com temperatura de (38 °C ± 2 °C) e velocidade do ar (2,0 m/s ± 0, 2 m/s). Parte da amostra seca foi submetida à maceração. Para extração do óleo foram utilizados dois solventes com polaridades diferentes, álcool etílico p.a (ISOFAR ®) e acetona p.a (ISOFAR ®). As sementes permaneceram em contato com o solvente por vinte e quatro horas. Após esse período, foram filtradas e deixadas em repouso até evaporar o solvente restante. O valor de rendimento foi determinado através da metodologia proposta por Santos et al., (1998) e calculada conforme a Equação 2. T_0=M_0/(B_m-((B_m.U)/100).100) (2) Em que T0 é o teor de óleo (%), M0 é a massa de óleo obtida (g), Bm é a quantidade de biomassa (g) e U é a umidade da biomassa.

Resultado e discussão

O teor de umidade inicial obtido foi em torno de 66% e a umidade final adquirida no túnel de secagem foi em torno 6%. Na extração com acetona das amostras maceradas o rendimento foi maior quando confrontado aos valores obtidos nas sementes inteiras. Esses valores encontram-se na Figura 1. Observa-se nesta que o rendimento obtido pela acetona p.a apresenta valor superior nas amostras maceradas, isso se deve ao maior contato da biomassa de extração com o solvente. O Teor médio de óleo dessa está em torno de 8,34%. Esse valor, no entanto, é considerado baixo quando comparado à literatura, que está em torno de 25%. O teor de óleo para o etanol, tanto nas amostras maceradas quanto inteiras apresentaram valores bem distantes dos obtidos pela extração com acetona. Essa relação de rendimento está ligada ao tipo se solvente, uma vez que, Gomez et al., (1996) recomenda que a extração de óleos vegetais com solvente seja feita através de hexano ou éter de petróleo, que são solventes mais apolares.

Figura 1

Avaliação da extração do óleo da semente do mamão com diferentes solventes

Figura 2

Comparação de rendimento do óleo em sementes inteiras e maceradas

Conclusões

Conforme o exposto, o rendimento alcançado na extração do óleo das sementes de mamão foi relativamente baixo quando confrontados aos valores da literatura. No entanto, quando são comparados os valores do rendimento obtido pela extração da acetona p.a com etanol p.a., nota-se que os da primeira são bem mais significativos. Outro fator que se mostrou importante para obter maior rendimento foi a maceração das amostras, pois com isso há maior contato do solvente com o grão, uma vez que óleos migram das sementes para o solvente por terem maior afinidade com esse.

Agradecimentos

Agradecemos à Universidade do Estado do Amapá por nos conceder os laboratórios para realização deste trabalho.

Referências

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