CONSTITUINTES VOLÁTEIS DAS FOLHAS E FLORES DE Lippia alba (Mill.) N. E. Brown (VERBENACEAE)

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Produtos Naturais

Autores

Cascaes, M.M. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI) ; Batista, R.J.R. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI) ; Costa, M.N.R.F. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI) ; Nascimento, L.D. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI) ; Andrade, E.H.A. (MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI)

Resumo

O óleo essencial e o concentrado volátil das folhas e flores de um espécime de Lippia alba, coletado no campus de pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, foram obtidos por destilação e extração simultânea (DES) e hidrodestilação (HD) e analisado por cromatografia de fase gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG/EM). Os constituintes químicos majoritários identificados no óleo essencial das folhas de L. alba foram geraniol, citral e (E)-nerolidol, e no concentrado volátil das flores, mirceno, γ-terpineno, citral, geraniol e (E)- nerolidol

Palavras chaves

Lippia alba; metabolismo secundário; óleo essencial

Introdução

A família Verbenaceae possui cerca de 175 gêneros e 2800 espécies de ocorrência nas Américas Central e do Sul (CAMÊLO et al., 2011; COSTA et al., 2004). O gênero Lippia L. compreende cerca de 200 espécies que cresce na América do Sul, América Central e África. Lippia alba (Mill.) N. E. Brown é um arbusto aromático e no Brasil apresenta as mais diversas denominações, a mais comum é “cidreira”; esta espécie é empregada medicinalmente pela população para diferentes fins devidos suas propriedades sedativa, carminativa, analgésica, antiespasmódica e emenagoga (ZETOLA et al., 2002; CAMÊLO et al., 2011; MATOS et al., 1996). Seu uso popular pode ser explicado pela presença de constituintes voláteis biologicamente ativos. Entretanto, grandes variações na composição de seu óleo têm sido observadas, dependendo da sua origem, estagio de desenvolvimento da planta e do órgão da planta usada para destilação. Diante disso, este trabalho tem como objetivo avaliar a composição química do óleo essencial das folhas e do concentrado volátil das flores de um espécime de Lippia alba cultivado no campus de pesquisa do Museu Emilio Goeldi, Belém, Pará.

Material e métodos

Partes aéreas (flores e folhas) de Lippia alba foram coletadas no campus de pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará. Após a coleta, o material foi seco em sala climatizada com ar condicionado e desumidificador de ar, por quatro dias, em seguida foi separado, cortado, pesado e submetido à hidrodestilação (folhas) e destilação/extração simultânea (flores). A composição química dos voláteis foi analisada através de Cromatografia de Fase Gasosa/Espectrometria de Massas Shimadzu (GC/MS-QP2010Plus) equipado com coluna capilar de sílica Rdx-5MS (30 m x 0,25 mm; 0,25 µm de espessura do filme) nas seguintes condições operacionais: programa de temperatura: 60°-240°C, com gradiente de 3° C/min; temperatura do injetor: 240° C; gás de arraste: hélio (velocidade linear de 1.2 ml/min); injeção sem divisão de fluxo (1 µL do concentrado pentânico); temperatura da fonte de íons e outras partes 200° C. O filtro de quadrupolo varreu na faixa de 39 a 500 daltons a cada segundo. A ionização foi obtida pela técnica de impacto eletrônico a 70 eV. A identificação dos componentes químicos foi baseada no índice retenção linear (IR) calculado em relação aos tempos de retenção de uma série homóloga de alcanos e no padrão de fragmentação observados nos espectros de massas, por comparação destes com amostras autenticas existentes nas bibliotecas do sistema de dados e da literatura (ADAMS, 2007).

Resultado e discussão

O rendimento de óleo essencial (mL/100g) obtido das folhas/ramos por hidrodestilação foi 0,74%. Na Tabela 1 encontram-se relacionados os componentes químicos, e os índices de retenção (IR) dos voláteis obtidos das folhas (óleo essencial) e flores (concentrado volátil) de Lippia alba. Geraniol (29,99% e 8,26%), Citral (24,73% e 27,58%) e (E)-nerolidol (22,11% e 13,56%) foram os constituintes majoritários identificados nas folhas e flores de L. alba, respectivamente. O espécime de Lippia alba estudado pertence ao quimiotipo geraniol/citral/(E)-nerolidol, caracterizado pelo alto teor de geraniol, neral e geranial no seu óleo essencial, além do sesquiterpeno oxigenado (E)- nerolidol. A composição química do óleo essencial de L. alba é muito variável, o que indica a existência de um grande número de quimiotipos As diferenças observadas entre os constituintes voláteis de espécimes de L. alba, coletadas em diferentes localidades, sugerem que plantas de regiões e municípios diferentes podem apresentar variações em sua composição química.Na figura 1, observa-se a variação dos constituintes voláteis (≥ 5,0%) obtidos das folhas e flores de L. alba. Os hidrocarbonetos monoterpênicos mirceno e γ-terpineno foram detectados em concentração superior a 5 % apenas nas flores, os teores de citral foram aproximados no OE (óleo essencial) e CV (concentrado volátil) das folhas e flores, respectivamente, enquanto geraniol predominou no OE das folhas em relação ao CV das flores.


A tabela 1 descreve os componentes químicos, e os índices de retenção (IR) dos voláteis obtidos das folhas e flores de Lippia alba.

Figura 1

Na figura 1, observa-se a variação dos constituintes voláteis (≥ 5,0%) obtidos das folhas e flores de L. alba

Conclusões

O óleo essencial das folhas do espécime de Lippia alba cultivado em Belém (PA) foi caracterizado pela presença marjoritaria de geraniol, citral e (E)- nerolidol, sugerindo um novo quimiotipo, ainda não descrito na literatura. Os voláteis obtidos das folhas e flores por hidrodestilação e destilação/extração simultânea, respectivamente apresentaram semelhança qualitativa.

Agradecimentos

Ao CNPq pelo auxílio financeiro e ao Museu Paraense Emílio Goeldi pela estrutura física para realização deste trabalho.

Referências

ADAMS, R.P. Identification of essential oil components by gás chromatography / mass spectrometry. Illinois: AlluredPublishing Corporation, 2007.

CAMÊLO, L.C.A.; BLANK, A.F.; EHLERT, P.A.D.; CARVALHO, C.R.D.; ARRIGONI-BLANK, M.F.; MATTOS, J. Caracterização morfológica e agronômica de acessos de erva-cidreira-brasileira [Lippia alba (Mill.) N. E. Br.]. Scientia Plena, 5, 1-8, 2011.

COSTA, M.C.C.D.; AGUIAR, J.S.; NASCIMENTO, S.C. Atividade citotóxica de estratos brutos de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown (Verbenaceae). Acta Farmaceutica Bonaerense, 23, 349-352, 2004.

MATOS, F.J.A., MACHADO, M.I.L., CRAVEIRO, A.A., ALENCAR, J.W. Essential oil composition of two chemotypes of Lippia alba grown in northeast Brazil. Journal of Essential Oil Research, 8, 695–698, 1996.

Zétola M, Lima TCM, Sonaglio D, Gonzáles-Ortega G, Limberger RP, Petrovick PR, Bassani VL. CNS activities of liquid and spray-dried extracts from Lippia alba- Verbenaceae (Brasilian false melissa). Journal of Ethnopharmacology, 82, 207-215, 2002.

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