ANALISE FÍSICO-QUÍMICA DA MUCILAGEM EXTRAÍDA DE FOLHAS DE BABOSA (ALOE VERA)

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Produtos Naturais

Autores

Brígida Rocha Bezerra, A. (UFPA) ; Patrícia Corrêa Machado, A. (UFPA) ; Evelyn Pessoa dos Santos, C. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

A espécie medicinal Aloe vera, conhecida como babosa, possui grande aplicação na indústria farmacêutica na produção de diversos produtos, principalmente com ação hidratante, cicatrizante e anti-inflamatória. Assim, com o objetivo de analisar em termos físico-químicos a mucilagem extraída das folhas de babosa, 7 amostras foram compradas em Belém do Pará e, então, as seguintes análises foram feitas: pH, acidez, densidade, umidade, viscosidade, cinzas, condutibilidade elétrica e sólidos solúveis totais, seguindo metodologias oficiais. Os resultados obtidos concordam com aqueles encontrados na literatura.

Palavras chaves

plantas medicinais; análises físico-química; Amazônia

Introdução

O uso de plantas medicinais é relatado ao longo da história como fonte de cura pela medicina popular. O uso da babosa (Aloe vera) é descrito no Egito antigo como a “planta da imortalidade”. Teria sido usada por Cleópatra nos cuidados da pele e do cabelo (BOZZI et al., 2007). O gel obtido das folhas de babosa tem aparência viscosa e incolor, sendo constituído principalmente por água e polissacarídeos, além de 70 outros componentes, tais como, vitamina A, B, C e E, Ca, K, Mg e Zn, diversos aminoácidos, enzimas e carboidratos. (TESKE e TRENTINI, 1997). Esse gel tem grande utilidade na indústria cosmética e farmacêutica em formulações como xampus, cremes e emulsões por ter ação umectante o que propicia uma melhor hidratação da pele. Assim, neste trabalho, buscou-se a caracterização físico-química de gel de babosa obtido de plantas comercializadas em Belém do Pará, tendo sido analisados os seguintes parâmetros: umidade, cinzas, condutividade elétrica, viscosidade, densidade, acidez, sólidos solúveis totais e o pH, seguindo metodologias oficiais (FARMACOPEIA, 1988).

Material e métodos

Sete amostras de babosa foram coletadas em Belém do Pará e a mucilagem de suas folhas foi extraída manualmente, sendo armazenadas em potes plásticos e sob refrigeração até o momento das análises que forma realizadas no laboratório de Química da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Pará. Todas as análises foram realizadas em triplicata e seguiram a Farmacopeia (1988). As análises realizadas foram: pH (com a leitura direta em pHmetro previamente calibrado), condutividade elétrica (com a leitura direta em condutivímetro previamente calibrado), acidez (através da titulação da solução aquosa do gel e uso de solução de NaOH 0,1 mol/L e fenolftaleína como indicador), umidade (secagem direta em estufa a 105º C, por 24 h), cinzas (queima do material em cadinho previamente tarado e levado a mufla a 550º C até total calcinação da amostra), viscosidade (uso de viscosímetro tipo Copo Ford número 4), densidade (por picnometria) e sólidos solúveis totais (leitura direta em refratômetro portátil). Os resultados forma tratados estatisticamente se usando o programa Excel 2010, e expressos em termos de médias seguidas de desvios padrão.

Resultado e discussão

Os resultados encontrados estão presentes na Tabela 1 e 2. Não foram encontrados valores na literatura de parâmetros físico-químico para o gel de babosa (ou outro gel extraído diretamente de um vegetal), logo só foi possível um estudo comparativo com outros produtos, como chás, por mais que sejam formulações distintas de um gel. A acidez média encontrada para as amostras de gel de babosa foi de 0,94%, que foi abaixo do valor encontrado por Pinho et al. (2014) para o chá da casca da aroeira que foi de 5,11% a 15,34%. O pH médio encontrado neste trabalho foi 6,36, que é maior do que o valor encontrado por Pinho et al. (2014) para o chá da casca da aroeira, que foi de 4,95 a 5,15. A condutividade elétrica média encontrada neste trabalho foi de 0,51 mS/cm que foi abaixo do valor encontrado por Melo da Silva et al. (2015) trabalhando com chá de hortelã em sache, que obteve os valores médios de 0,83 mS/cm a 1,37 mS/cm. A densidade média encontrada para as amostras de gel foi de 26,61 mg/mL que foi acima do valor encontrado por Melo da Silva et al. (2015) que foi de 0,99 g/mL para chás de hortelã. A viscosidade média encontrada para as amostras de gel foi de 28,11 cSt. O teor de sólidos solúveis totais médio encontrados foi de 1,02 Brix. A umidade média obtidas neste trabalho foi de 99,24% que ficou acima do valor encontrado por Viana Damasceno et al.(2015) que foi de 25,20% a 80,70% para chás de cipó puçá. A cinza média obtida nesse trabalho foi de 0,66 %.

Tabela 1- Resultados de densidade, acidez, viscosidade e umidade.

Nota: Média seguida de desvio padrão de 3 replicatas

Tabela 2- Resultados de pH, condutividade elétrica, sólidos solúveis t

Nota: CE = condutividade elétrica, SST = sólidos solúveis totais. Média seguida de desvio padrão de 3 replicatas

Conclusões

Diversos estudos têm sido realizados há vários anos comprovando os benefícios da babosa (Aloe vera), tanto para uso interno quanto externo, porém nenhum estudo ainda tinha sido feito sobre os parâmetros físico-químicos de seu gel, o que este trabalho teve a pretensão de suprir. Os resultados obtidos se mostraram similares aos encontrados para outros produtos vegetais, como chás de folhas e de cascas, pois em termos de gel vegetal não há relatos na literatura.

Agradecimentos

Ao Laboratório LACQUAMA-UFPA e a UFRA (CTA).

Referências

BOZZI, A.; Perrin, C.; Austin, S. & Arce Vera, F. (2007) ―Quality and authenticity of commercial aloe vera gel powders‖ Food Chemistry 103: 22–30.
FARMACOPÉIA Brasileira. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1988. Parte 1.
MELO DA SILVA, P.M. ; DA SILVA PINHEIRO, D. ; DA COSTA BARBOSA, I.C. ; CARVALHO DE SOUZA, E. ; DOS SANTOS SILVA, A. Caracterização físico-química e quimiométrica do chá de hortelã (mentha) comercializado em Belém do Pará. In: 55 Congresso Brasileira de Química. 2015
PINHO, A.C. ; PANTOJA CAXIAS DA SILVA, B.P. ; SOUZA SANTA ROSA, R.M. ; DA COSTA BARBOSA, I.C. ; CARVALHO DE SOUZA, E.; DOS SANTOS SILVA, A. Análise físico-química de amostras de chá da casca da aroeira (schinus terebinfolia R.) obtidas em feiras populares de Belém do Pará. In: 54 Congresso Brasileira de Química. 2014
TESKE, M.; TRENTINI, A.M.M. Herbarium – Compêndio de Fitoterapia. 3.ed. Curitiba: Herbarium Laboratório Botânico, 1997. 317p.
VIANA, DAMASCENO,T; DOS SANTOS SANTOS, A.J. ROCHA DIAS GÓES, L. ; SOUZA FERREIRA, M.A.; DA COSTA BARBOSA, I.C. ; CARVALHO DE SOUZA, E.; DOS SANTOS SILVA, A. Caracterização físico-química e quimiométrica do chá do cipó-pucá (cissus sicyoides L.), da família Vitacea. Planta encontrada em feiras e hortas particulares na cidade de Belém, no estado do Pará. In: 55 Congresso Brasileira de Química. 2015

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